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Boa tentativa 

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Jaebum e eu ficamos juntos até o término da festa, quando voltamos para casa após todas as pessoas irem embora, deixando somente a agência de eventos arrumando a bagunça ocasionada por nós, convidados. E por mais que eu tivesse me oferecido para ajudá-los, já que me sentia culpada por deixá-los ali, os mesmos negaram e falaram que tudo bem, esse era o trabalho deles, afinal.

Mas não havia ninguém quando adentramos a enorme mansão de Cleo. Isso porque o belo casal de recém casados haviam partido para o aeroporto, com a explicação que sua viagem a Paris - lugar onde passariam a lua de mel - tinha sido mudada e, se não corressem logo para o aeroporto, de preferência antes das três, não seriam mais capazes de embarcar.

Grande conclusão: ambos saíram da festa primeiro que nós e correram para sua casa, num objetivo de arrumarem algumas coisas, pegarem o básico do básico e conseguirem chegar a tempo para o check in. 

Sentei-me no sofá ao adentrarmos na casa e meu segurança acender as luzes. Me sentia cansada. Um pouco sonolenta, mas não queria deixar isso me vence por completo. Não queria dormir. Não podia.

- Está tudo bem? - Jaebum perguntou ao trancar a porta e caminhar em minha direção. Mas ao invés de sentar-se ao meu lado, ele apenas permaneceu em pé, encarando-me sem uma expressão exata.

Imaginei que depois do beijo suas atitudes ao meu lado fossem mudar um pouco mais, porém não foi isso que aconteceu. De certa forma, até que eu entendia. 

Acima de tudo ele ainda era meu segurança, o que significava que um acontecimento como aquele não iria mudar seu objetivo real ao meu lado: me proteger. E talvez fosse isso que me fizesse gostar tanto dele. Sua responsabilidade, mesmo que isso irritasse as vezes. 

- Estou - respondi.

- Parece cansada, deveria dormir um pouco.

- Não estou com sono.

- Tem certeza?

- Sim - acenei.

Por mais que eu tentasse ignorar o pensamento de estar sendo seguida, não conseguia. Alguém estava nos observando. Analisando cada passo que dávamos e sequer éramos capazes de saber o motivo. O verdadeiro motivo. 

- Se está com medo de algo acontecer, não fique - Jaebum disse.

- Não estou com medo. Só não entendo porque estavam nos observando. Isso não parece estranho pra você?

- Na verdade, não - ele disse, notando meu desconforto. - Você é filha do prefeito, Nalu. E primogênita de uma agência de cosméticos deixada por sua falecida mãe. Qualquer pessoa esperta o suficiente poderia planejar algo contra você apenas por isso. É natural. É poder. E você tem muito, apesar de não achar isso.

- Eu sou apenas uma garota normal, só isso  - disse, passando a mão por meu cabelo. 

Ou ao menos era isso que eu desejava ser.

- Para as pessoas que não a conhece, talvez. Mas você não conseguiria ser uma garota normal. Nem se quisesse, Nalu. Porque  você é única. E consegue se destacar em qualquer lugar.

- E talvez seja esse o problema - falei. - As pessoas sempre olham para mim como a filhinha do papai. A garota com dinheiro e que perdeu a mãe muito nova. A herdeira. Mas elas nunca enxergam. Nunca notam meu verdadeiro eu. 

Parecia idiota falar disso agora, mas era verdade. Externamente, eram assim que me enxergavam: como uma riquinha mimada. 

Antigamente, eu poderia dizer que isso não me afetava. Que seus comentários eram equivalente a nada na minha vida. Entretanto, agora, ser "idealizada" como uma pessoa que não era eu incomodava.

Porque eu sabia que era muito mais que isso. Porque eu sabia que minha beleza e meu dinheiro nem se comparavam com meu eu de verdade. E porque eu odiava a possibilidade de não ser real para as outras pessoas. 

Meu segurança ficou calado por alguns segundos, até que sentou-se ao meu lado e me analisou. Era estranho, mas naquele momento, eu sentia que não precisava dizer nada. Sentia que o simples fato dele estar assim, tão próximo a mim, fosse capaz de me deixar mais calma. De evitar que eu surtasse com tudo que acontecia ao meu redor.

- Conte-me então - ele falou. - Quem é a verdadeira Nalu?

- O quê?

- Quero saber quem é de verdade. Quero observá-la além da armadura. Mas preciso que me deixe ir além disso. 

- Por que?

- Porque eu quero você do jeito que é, Nalu. Quero seu verdadeiro eu - ele sorriu sem mostrar os dentes e, embora fosse apenas um pequeno sorriso, eu senti a sinceridade emanada por ele. Eu senti a transparência. - Embora, em momento algum isso signifique que o tempo que passamos juntos não foi real. 

Ser alguém real... lentamente, ele também estava me deixando ultrapassar a barreira que havia feito no primeiro dia que chegou. Lentamente, ele estava se tornando uma pessoa mais real e verdadeira para mim. Alguém cujo eu confiava mais que tudo nesse mundo. Alguém cujo meu coração havia se atraído. 

- Isso já aconteceu antes, amigão. Não comigo, mas com mamãe. No passado, antes de morrer, ouvi ela conversando com meu pai sobre isso - disse, observando-o.  

Falar sobre como eu era de verdade não significava realidade. Eu apenas estaria dizendo-lhe coisas que eu achava ser. Mas ser sincera... contar-lhe coisas do passado... meus sentimentos... isso era ser real. Isso era deixá-lo ver mais sobre mim. 

- Do que está falando?

- A pessoa que nos seguiu - expliquei. - Mas papai não deu atenção na época, achou que fosse algum fã, então por assim ficou. O problema era que, enquanto o tempo passava, minha mãe foi ficando ainda mais paranoica. E doente.

- Está falando que talvez seja a mesma pessoa? - ele perguntou.

- Caso alguém estivesse seguindo-a também naquela época, existem chances de ser, não existem?

- Sim - ele afirmou. E por mais que tentasse não transparecer nenhuma emoção negativa, notei o desconforto no olhar do meu segurança. O mesmo desconforto que ele lançou-me quando tentou não contar sobre a pessoa cujo nos vigiava momentos antes.

- O que acha que devemos fazer sobre isso?

- Por agora? Apenas esperar. Seu pai comprou nossa passagem para daqui há dois dias e vamos aguardar até lá.

- E se algo acontecer? - indaguei.

- Não irá - ele falou, com tanta confiança que me surpreendeu. - Vou tomar banho, tudo bem pra você?

- Sim, tudo bem.

- Qualquer coisa estranha, pode gritar por mim.

- Posso gritar pra entrar no banheiro com você também? - perguntei.

Ele apenas riu e levantou-se. A resposta era não.

- Boa tentativa - falou, sorrindo.

Jaebum me observou por breves segundos e subiu as escadas, rumo ao quarto onde estava dormindo. Aproveitei então aquele tempo sozinha para mexer no celular e fui em direção ao meu quarto. Ele estava certo, se tinha uma coisa que eu não estava fazendo esses dias, era dormir bem. Mas não era agora que isso iria acontecer. 

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Desculpem qualquer errinho e espero que tenham gostado! <3 

New security ❄ Im JaebumOnde as histórias ganham vida. Descobre agora