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Perfeita

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Como havíamos imaginado, papai realmente desejou matar tia Cleo ao descobrir, horas depois, que o casamento não iria ocorrer hoje, mas sim amanhã. Ele correu atrás dela na mesa de jantar, com objetivo de dar-lhe um cascudo, mas para o seu azar, Cleo era esportiva demais. Então, após três voltas inúteis, ele respirou fundo, desistiu e enfim juntou-se a nós na mesa. Mas não antes de prometer ficar até o casamento ser concluído, e não mexer vinte quatro horas em seu celular, a procura de trabalho ou noticiais sobre Seul.

Jantamos uma deliciosa pizza de brócolis e outra de chocolate como sobremesa. Depois, tia Cleo e eu fomos até a sala assistir alguns filmes, enquanto papai, Matteo e meu segurança encontravam-se um pouco mais distantes, jogando a tal partida de sinuca que haviam combinado horas antes.

Bem, somente meu pai e Matteo, já que meu segurança encostava-se na parede, observando tudo.

- Ele é interessante. - bebendo um gole de sua limonada, Cleo disse.

- Ele? Ele quem? - perguntei, vendo-a apontar descaradamente para o meu segurança. Agora, ele também jogava uma partida de sinuca. Mentalmente, perguntei-me o que diabos tinham falado para ele ter aceitado jogar, mas apenas dei de ombros. Duvidava que ele fosse aceitar, se fosse eu, a pessoa que tivesse o convidado. - A senhora está brincando, não está? Ele não é interessante, ele é irritante. - falei.

- Por que acha isso? - ela ergueu uma sobrancelha. - Até agora não o vi fazendo nada demais. Para ser mais exata, em algumas momentos, nem parece que ele está aqui em casa. A não ser, claro, quando ele olha para você.

Passei alguns segundos confusa, tentando compreender o motivo repentino pelo qual está estava falando aquelas coisas, e quando enfim percebi o que ela estava fazendo, ergui minhas sobrancelha.

- Ele não faz meu tipo, está bem?

- Não faz, mas deveria.

- Ah é? Por quais motivos exatamente?

- Vejamos... Ele é bonito, parece ser inteligente, é bastante sensato, e até agora, não aceitou um gole sequer da tequila que Matteo ofereceu várias e várias vezes, diferente da mocinha aqui na minha frente, que já está em seu terceiro copo. Ou seja, de fato, ele é interessante e deveria ser o seu o tipo. - explicou.

- Não tenho culpa se gosto de bebidas alcoólicas. - falei, com o copo vermelho na mão. - Aliás, desde quando a senhorita tem interesses por garotos mais novos? - brinquei.

- Desde quando eles também começam a ser interessantes para minha sobrinha, apesar dela aparentemente querer negar.

Como se soubesse exatamente tudo sobre os meus sentimentos e até mesmo pensamentos, ela me lançou um olhar incriminatório.

- Ah não, não mesmo. - comecei a negar, sabendo quais seriam suas próximas palavras.

Por que diabos todo mundo que eu conhecia, desejava que eu arranjasse alguém de uma vez?

- Vamos lá, então você vai me dizer que nunca sentiu um mísero pingo de interesse por ele? Não vale mentir para si mesma.

Instantaneamente, me recordei do modo como ele me encarava as vezes, assim como tia Cleo havia acusado. Do modo como ele se aproximava do meu rosto, apenas para me provocar. Lembrei do seu abraço, seu jeito protetor, e como tudo sempre terminava um pouco frustrante.

Então era por isso que eu me sentia tão envergonhada quando ele apenas fingia que nada tinha acontecido e seguia em frente? Então era por isso que eu me sentia frustada quando as minhas expectativas se elevavam mais não eram concluídas? Não, óbvio que não. Isso tinha que ter outra explicação viável.

- Nunca vai rolar. - falei, pois sabia que era impossível mentir para tia Cleo.

- Como pode ter tanta certeza disso?

- Não tenho. Mas é meio óbvio que nunca vai rolar. - falei, olhando para o meu segurança. Havia um pequeno sorriso em seus lábios, que me fez querer sorrir também.

Quando eu estava com ele, as coisas eram completamente espontâneas e naturais. Eram reais. Todavia, isso não significava que eu desejava que algo a mais acontecesse. Isso não significava que algo a mais, deveria acontecer. Afinal de contas, ele era apenas meu segurança.

- Na minha opinião, Nalu, você está apenas tentando convencer a si mesma que tentar algo com ele é impossível. Está fugindo. Digo, não estou julgando você por isso, mas querida, nunca pensei que fosse tão covarde a esse ponto.

- Isso não é covardia.

- Ah não? Então o que isso é? Um ato de amor sem limites?

- Isso é apenas uma certeza.

- A única certeza que estou vendo aqui é você não conseguindo admitir as coisas para si mama.

- Que seja, não tenho nada para admiti mesmo. - dei de ombros, bebendo o resto da minha terceira tequila.

- Se é isso o que você acha. - ela falou, levantando-se.

- Onde vai?

- Me deitar. Amanhã é meu grande dia, esqueceu? Preciso urgentemente do meu sono da beleza para suportar tudo. Boa noite, querida. Pense no que eu falei, está bem? Não fuja das suas vontades. Ainda se recorda da promessa que fizemos? - em pé, atrás do sofá, ela perguntou.

- Como se fosse ontem. - respondi, me despedindo.

Permaneci sentada no sofá por mais algumas horas, enquanto olhava a disputa dos rapazes e bebia mais alguns copos de tequila.

O jogo se encerrou quando Matteo disse que não aguentava mais perder para dois estrangeiros e retirou-se da sala, murmurando um "boa noite" frustrado. Logo em seguida papai o acompanhou, dizendo que realmente teria uma ótima noite, pois ainda continuava sendo um ótimo jogador, apesar dos longos anos enferrujado.

Eu estava prestes a acompanhá-los também, subindo em direção do meu quarto, quando meu segurança perguntou, despreocupado:

- Quer jogar? - parado em frente à mesa de sinuca, ele me encarava com um pequeno sorrisos nos lábios.

- Queria, mas não sei jogar isso.

- Então existe uma coisa nesse mundo que você não sabe fazer? - perguntou, erguendo uma sobrancelha.

Revirando meus olhos, respondi:

- Felizmente, sim, caso contrário, eu seria a mulher perfeita.

- Se quiser, posso te ensinar a jogar. - ele ofereceu. - Assim, você poderá se tornar essa tal mulher perfeita.

Fingindo estar comovida, falei:

- Faria esse grande favor por mim? Céus, mudaria a minha vida!

- Tudo para a futura mulher perfeita. - falou, sorrindo. - Apesar de eu achar que isso não vá funcionar.

- Por que não? Você não acredita na minha capacidade? - caminhando em direção da sinuca, parei ao chegar na frente do meu segurança. Atrás dele, uma enorme janela de vidro nos dava à vista do mar, juntamente a lua, que transparecia diante dele. - Não deveria duvidar tanto de mim amigão, eu sou uma pessoa com habilidades inesperadamente surpreendentes.

- Porque você já é perfeita. - falou, ignorando minha provocação e me pegando de surpresa. - Você tem um coração bom, apesar de tudo, e isso é o mais perto de perfeição que as pessoas podem chegar. Não se trata de aparência, mas sim de essência.

De repente, as palavras de tia Cleo passaram por minha mente: "Então você vai me dizer que nunca sentiu um mísero pingo de interesse por ele?" Bem, as vezes... somente as vezes... sim.

New security ❄ Im JaebumOù les histoires vivent. Découvrez maintenant