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Uma criança

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Levantei as mãos para o alto quando finalmente chegamos em casa e caminhei até o sofá, me jogando lá. A poltrona do hospital poderia até ser macia, mas não se comparava com os cômodos do meu próprio lar. A sensação era totalmente diferente, principalmente porque agora eu sentia que poderia facilmente relaxar.

- Finalmente! - Holden disse, enquanto era ajudado por seus seguranças.

Ele não deveria estar andando, tinha até ganhado uma cadeira de rodas temporariamente para não fazer tanto esforço, mas era em vão. Nesses momentos, eu conseguia facilmente me achar parecida com ele. A teimosia sem limites para o óbvio demais e necessário.

- Pensei que o médico tivesse dito que era indiscutível descansar - informei, quando o notei caminhar para a mesa de jantar.

Ele só caminhava até lá em duas situações: quando tinha negócios a tratar, ou para comer alguma coisa. E deduzindo que havíamos almoçado no refeitório do hospital, a primeira opção estava fora de questão.

- Eu não sou feito de açúcar - ele expôs, sentando-se. - Não vou morrer porque escolhi trabalhar ao invés de ficar sentado morrendo de tédio.

- É, mas isso atrapalha a recuperação.

- Querida, eu estou bem - ele disse. - E se quer tanto que eu faça o mínimo de esforço possível, por que não vai no meu escritório pegar meu notebook?

Sabia que deveria dizer não e obrigá-lo a descansar, mas antes eu mesma fosse pegar o notebook para ajudá-lo que vê-lo se esforçando demais em vão. Além disso, era provável que Holden fizesse isso escondido. Quero dizer, o trabalho.

Ele sempre fazia isso. Quando eu era menor e desejava brincar, ele dizia que tinha algumas horas livres e brincava comigo. De madrugada, entretanto, passava a noite trabalhando feito louco para entregar seus projetos em perfeita qualidade.

Impaciente, levantei-me do sofá e subi as escadas.

Quando entrei no escritório do papai, estava tudo arrumado como sempre.

As estantes lotadas de diversos livros políticos sem resquícios alguns de poeira e os quadros colocados simetricamente... Isso não era uma surpresa, já que ele era perfeccionista por natureza, mas me causou um pouco de desconforto. Ser organizada não era minha praia.

Caminhei até a sua mesa, lugar onde geralmente ficava seu notebook, mas ele não estava lá. Pensei então em gritar e perguntar se papai não havia deixado no quarto ou coisa do tipo, mas resolvi apenas procurar entre as gavetas da mesa.

Papai geralmente não deixava eu ficar em seu escritório por muito tempo e normalmente, quando não estava dentro, tinha tendência a trancá-lo. Na verdade, era uma surpresa a porta estar aberta nesse exato momento.

Abrindo-as com uma certa de curiosidade, senti uma pontada de decepção ao observar a primeira gaveta e notar coisas simples, como canetas, lápis, alguns grampeadores e papéis não rabiscados.

Era isso o que um prefeito tinha? Fala sério, que chato.

Já estava desanimada ao abrir a segunda gaveta, quando notei cartas espalhadas desorganizadamente do lado de dentro. Mas não estavam destinadas a papai. Na verdade, elas continham o meu nome. Nalu Holyn Wright.

New security ❄ Im JaebumWhere stories live. Discover now