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Acordei em meu quarto, com uma baita dor de cabeça. Não conseguia abrir os olhos totalmente, pois a luz me incomodava. Com muito custo, tomei um banho bem demorado, massageando o couro cabeludo com shampoo para ver se a dor abrandava. Ao lado da cama, encima da escrivaninha repousava um pedacinho de papel cinza com um número de telefone anotado, sem nome e sem referência. Não dei muita importância, só queria acabar com a dor de cabeça. Vovó deveria ter uma aspirina por aí; ela tinha mania de remédios. Amém, consegui encontrar. Bebi uma aspirina com limonada suíça e comi uns poucos punhados de cream cracker. Olhei para o relógio da cozinha :08:00h. Hoje o dia estava bem bonito, com uma sensação térmica de 30°. Era Agosto, mês com poucas chuvas e temperaturas elevadas em Dallas. A cabeça tinha melhorado um pouco, mas ainda estava incomodando. Cuidei da horta de vovó, enquanto pensava com carinho nela; sentia sua falta. O telefone tocou nesse instante, e corri para atender.

- Alô?
- Oi querida! - Alguma coisa tinha acontecido. Vovó estava com a sua voz de baixo contentamento.
- Oi vovó. Nossa, estava pensando agora na senhora enquanto cuidava de sua horta. Como está tudo por aí?
- Por aqui vai tudo bem, graças ao senhor. Não sei se você pode dizer o mesmo.
- Como assim, vó?! Tá tudo bem por aqui sim, só sinto saudades. Só isso.
- O que anda fazendo, Jade ?
Meu coração gelou. Existia algum possibilidade da vovó ter descoberto o que eu andava fazendo?
- Por que a senhora está perguntando isso?
- Em 18 anos, é a primeira vez em que você deixa de ir à igreja, querida. O que está acontecendo? Espero que não seja aquela desviada pela sua "amiga". - Pelo o seu tom, ela queria dizer tudo menos amiga.
- Hm, o que? Do que a senhora está falando?
- Espero que Jesus te perdoe. Acho melhor você rezar bastante querida.
- Eu vou começar a me arrumar agora para ir a igreja, vó! - Disse em um tom estridente. - Sra Mary mentiu para senhora.
- Como você vai a igreja se hoje é segunda ?
- Não, vó. - Soltei um pequeno suspiro de alívio. Estava claro que ela havia feito alguma confusão. - Vou me arrumar agora, e ir direto para a igreja.
- Oh querida. - Vovó disse como se estivesse falando com uma criancinha. - Hoje já é segunda feira. Domingo foi ontem.
Fiquei parada por uns bons cinco minutos. Eu estava tentando fazer que a minha mente trabalhasse e encontrasse uma explicação do por que eu tinha "pulado" um dia. O que tinha acontecido no sábado? Qual era o motivo de não me lembrar como havia chegado em casa no sábado? Eu dormi o domingo INTEIRO?
Eu comecei a hiperventilar. A ansiedade ameaçava me dominar. Quer dizer, eu me sentia confortável quando estava no controle da minha vida.

Escutei vovó chamando bem longe o meu nome:
- Jade ?! Querida, está tudo bem?! Jaaaadee?!!!
Quando eu tinha deixado o telefone cair? Recuperei o aparelho e respondi vovó depressa.
- Oi, oi vó. Eu tô bem... só senti um pouco de dor de cabeça.
- Acho melhor eu voltar para casa querida. Está claro que você ainda não consegue se cuidar sozinha.
- Não precisa vó.
- Eu faço questão. Não quero que você passe mau sozinha, e você não deve ser influenciada pelo maligno.
Ela não podia voltar para casa. Não agora.
- Vó, Deus falou comigo! - Que blasfêmia...
Vovó fez voz de descrença. - E o que ele "falou" para você, Jade querida?
- Que...que, ele apenas não confiava a mais ninguém para fazer a missão que a senhora estava executando.
Pausa.
- a Senhora é realmente uma mulher Santa, vovó. Deus tem tanto carinho pela senhora, e ele confia que a senhora faça a vontade dele.
- Sim querida, certamente. Realmente o senhor falou com você. Bem, vou continuar a fazer o que vim para fazer. - Bingo! Vovó era bem orgulhosa.
- Mas você vai me ligar todos os dias as 21h da noite, porque quero saber onde você está.
- Tudo bem.
- Ótimo. Agora eu vou desligar. Não esqueça de rezar para pagar os seus pecados. Vá se confessar!
- Eu vou, vó.
- Adeus querida.
- Tchau vovó.
Ok, hoje era segunda feira, e eu tinha aula para assistir. Coloquei a calça e casaco de moletom com capuz que eu e Kayla compramos para usar de melhores amigas, e fui para a escola.

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