III

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⚠️ Alerta de gatilho: se você apresenta sensibilidade a temas como depressão, mutilação, automutilação e violência recomendo que NÃO prossiga a leitura deste capítulo! ⚠️


Noite fria e nublada de tédio, Harry estava na casa de um colega de turma resolvendo uma lista de exercícios de Física. O prazo foi de 15 dias para o total de 60 questões. Numa matemática rápida, se eles tivessem gastado poucos minutos com um planejamento básico, na mesma semana em que receberam a atividade já teriam se livrado daquela atividade.

Mas eles eram adolescentes. 

Adolescentes não costumam traçar planos, menos ainda gostam de estudar Física. Adolescente acham que o prazo sempre está longe demais, adolescentes têm coisas mais importantes para se preocupar, muito mais urgentes que o exercício de Física.

Durante dez dias o assunto só foi mencionado apenas uma única vez: “A gente precisa fazer a atividade de Física” "Que atividade? Ah, aquela atividade! Bem… depois, depois nós fazemos” 

O depois só teve início cinco dias antes do prazo final.

E logo eles estavam fodidos de ansiedade porque ainda faltavam 17 questões e apenas dois dias para a data limite. 

Só assim para Física ter se tornado um assunto urgente.

Ou nem tanto.

Os pais de Glenn não estavam em casa e, em vez de ter um irmão - ou irmã, como Harry tinha -, Glenn tinha um cachorro São Bernardo enorme chamado Pingo que os seguia para onde iam.

Harry, Glenn e Pingo estavam jogados no tapete da sala, aproveitando uma pausa que julgaram merecida. Precisavam de um tempinho para não fritar todos os neurônios, Glenn disse, a gente já não tem muitos mesmo. Harry não só concordou com ambas afirmações como também falou que jamais estudaria matemática quando saísse da escola. Afinal para que existiam calculadoras? O que diabos ele faria com a Ondulatória? Onde ele usaria seu conhecimento de Equação Horária e Derivada? O que faria com a porra do E = mc²?

Glenn estava remexendo a vasta coleção de DVDs dos pais à procura de algo bom para assistirem. Enquanto isso, Harry tomava Soda e comia batatas-chips, e quando Glenn se distraia, o cacheado dava o petisco para o Pingo. De repente, ele viu a feição do amigo se iluminar de entusiasmo. Glenn acabara de encontrar a mina de ouro para garotos púberes enfrentando mudanças corporais, oscilações vocais, espinhas e crises com figuras de autoridade. 

Garotos que estavam sentindo na pele os hormônios da febril juventude.

Claro que Glenn e Harry já tinham assistido pornôs na internet mas encontrar despretensiosamente uma coleção secreta de filmes com classificação adulta tinha o sabor irresistível de estar cometendo um delito.

- Seus pais são uns pervertidos! - exclamou Harry com olhos grandes e covinhas profundas, abandonando o que comia para se aproximar do amigo e ver de perto o que ele tinha em mãos.

- Como se seus pais também não transassem.

Harry contraiu o rosto em uma careta - Vou fingir que não ouvi isso. 

- Pensa só: enquanto você tá aqui - insistiu o amigo - aposto que o sr Des tá comendo a sra Anne na sua cama.

Harry contraiu o rosto ainda mais, gemendo em repulsa e mandando o amigo calar a boca e deixar de ser um cretino nojento. - Família de maníacos sexuais. Nem o Pingo deve se safar.

- Ele que é o pior de todos - ironizou Glenn.

Houve ainda uma fervorosa discussão até eles entrarem no consenso de qual filme assistiriam. Seriam dois. Harry escolheu o primeiro e Glenn, o segundo.

Ain't Move On • L.S. (mpreg)Where stories live. Discover now