XXXI

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Harry não permanece no apartamento vizinho o dia inteiro, até porque precisa sair para aula pela manhã. Além disso, quando chega, sua mãe está com eles e isso é intimidante o suficiente para repeli-lo dali. Assim, apenas ao final da tarde, quando a mulher normalmente está no banho, ele faz seu retorno para lá e só os deixa na manhã seguinte.

O universitário não entende muito bem porque age como se ir à casa deles fosse algo que não deveria estar fazendo, mas não consegue evitar.

Felizmente, no dia seguinte à primeira consulta de Pearl, que foi muito agradável - Harry pensou no quanto, àquela altura, estar com Louis numa sala de consultório era reconfortante e familiar -, Anne lhe comunica que voltará para casa. 

Claro que o filho se sente imensamente grato por ela ter passado todas aquelas semanas ali, mas isso não significa que deixa de se sentir um pouco mais leve quando a mãe se vai.

Pela milésima vez ele se pergunta qual é o seu problema com ela? Com toda sua família?

Pela milésima vez, Harry conclui que o problema é ele próprio.



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A friagem se esgueira pela lã do cardigã e permeia a pele de Harry, que abraça o próprio corpo em busca de calor. O dia está excepcionalmente gélido, como um inverno fora de estação. Ele chegou até a comentar com Louis sobre o quanto detestaria que esse clima se estendesse pelos dias seguintes. 

Por Deus, que o inverno desse ano não tenha se adiantado e caído um mês antes do tempo. 

Com a costa apoiada à parede adornada de borboletinhas, ele assiste o ex-soldado trocar a fralda da garotinha com o nariz e boca retorcidos de forma teatral, o que faz com que os lábios de Harry vibrem num sorrisinho.

- Você bem que poderia estar fazendo isso - Louis comenta em tom de brincadeira.

- Não, tô legal assim.

A verdade é que o universitário se sente nervoso em fazer qualquer coisa com Pearl, até mesmo carregá-la, quando o pai está por perto. Pensar que pode ser julgado silenciosamente por estar cometendo algum erro o deixa tão ansioso que o faz pensar que terá um ataque de pânico. 

E Harry quer evitar tragédias desse tipo por um bom tempo.

Por isso, quando estão juntos, ele prefere ser o expectador. Sente-se muito melhor nesse papel, pra ser sincero. 

É gostoso ver Louis sendo extremamente gentil e cuidadoso e, acima de tudo, respeitoso com a filha. Sempre que lhe dá banho ou troca sua fralda e roupa, diz coisas como “agora o papai vai te ensaboar, tá bom?”, “vou passar sua pomada, ok?”.

Pearl é uma garotinha de muita sorte. Harry não tem um pingo de dúvidas sobre isso.

Tomlinson excedeu todas as suas expectativas. Tem uma desenvoltura inata com ela, que é quase como se fosse apossado com um dom. E isso é algo que Harry pôde reparar desde os primórdios da existência da pequena, desde os seus tempos na barriga ela costumava ficar muito calma quando ele estava por perto, e por isso o pai pouco pode presenciar suas danças e chutes, afinal, eles eram mais frequentes na sua ausência.

Então, sim, Harry realmente gosta de assisti-los juntos.

Uma risadinha brinca em seu rosto ao perceber que Pearl pestaneja vagarosamente. 

- Por Deus, você ainda nem terminou e ela já tá morrendo de sono.

Louis espelha sua risada enquanto diz que, pelo menos dessa vez, ela passou mais de uma hora acordada.

Ain't Move On • L.S. (mpreg)Where stories live. Discover now