XXI

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Louis não deveria ter ficado tão surpreso com a aparição deles. Não foi totalmente repentina, afinal, nos últimos dias ele vinha recebendo ligações e mensagens deles. As ligações, Louis só atendeu as duas primeiras, gravou o número e bloqueou as posteriores. As mensagens, apagadas sem serem lidas. Não deveria, mas ele estava sim surpreso. E irritado.

Não deveria estar sendo difícil ignorá-los até que esquecessem a sua existência. Foi o que ele fez todos esses anos. E estava seguro de que tinha dado certo... Mas então vieram as ligações. E agora eles estavam ali.

O que faria?

Tomlunson não queria encontrá-los. Não os queria em sua casa e muito menos queria ter uma conversa com eles. Sobre o que poderiam conversar? Eles não tinham nada a dizer um ao outro. 

O que quer que tenha acontecido para  terem vindo aqui - e Louis imaginava que fosse algo grave, poderia ser isso -, ele não ligava. 

Sinceramente, já não dava a mínima para eles. Muitos anos se passaram, e com após tanto tempo, oa sentimentos que Tomlinson um dia sentira - raiva, desprezo, saudades - foram extinguidos… Ele não sentia mais nada em relação a eles.

A não ser uma momentânea irritação por aquele infortúnio. Isso ele sentia.

Entretanto, mesmo sem nenhum desejo de vê-los novamente, o ex-soldado acabou permitindo que subissem. Permitiu que seus tios o vissem.

E admirando até a si mesmo, o ex-soldado se viu polido por uma espantosa cordialidade naqueles primeiros minutos do encontro. Abriu a porta, deu-lhes espaço para entrarem e pediu para que se sentassem no sofá e se sentissem à vontade. Soava meio falso, porque era, mas inegavelmente educado. 

Com relação às aparências físicas, o sobrinho notou os quilos a mais do tio e o cabelo dois tons mais loiros da esposa dele. Tirando isso, a feição dos rostos e o resto eram os mesmos. As mesmas roupas, os mesmos modos. Louis poderia reconhecê-los facilmente se os encontrasse andando por aí.

O casal também podia dizer a mesma coisa. Apesar de algumas mudanças que ocorreram ao sobrinho desde a última vez que o viram, a perda dos traços infantis, ganho de pelos faciais, a estatura um pouco mais robusta, o amadurecimento, ele ainda era como rapazinho de suas lembranças.

Pelo menos fisicamente ele não tonha mudado tão drasticamente. Fisicamente.

Após fechar a porta, Louis se apoiou no batente e cruzou os braços, os encarou com apatia. Cordial, sim, desinteressado, também.

Mas a sua polidez foi se extinguindo à medida que o cenho franzia-se cada vez mais rígido.

Durante um bom tempo ninguém se atreveu a quebrar o silêncio instaurado no ambiente.

Foi sua tia quem rompeu com el - Então. Quanto tempo. - ela esperou Louis responder mas ele não abriu a boca - É aqui que você está morando agora?

Ela vagou os olhos pela sala com uma expressão não muito satisfeita, mas pelo menos fez o mínimo para disfarçar seu desapreço.

- É o que parece - Louis retrucou.

Seu tio quis saber: - Faz quanto tempo que você tá aqui? 

- Sei lá. Quase um ano, por aí.

- Uau. Um ano - ela exclamou - Bastante tempo. Achávamos que você nos avisaria quando estivesse de volta.

- Eu não faço ideia do porquê terem achado isso.

Seus tios trocaram um olhar esquisito.

- Faz muito tempo que não tínhamos notícias suas - seu tio explicou o óbvio - Ficamos à espera de uma ligação desde que você foi para o Oriente Médio. Imaginávamos o quão complicadas as coisas eram por lá, por isso esperamos o seu contato.

Ain't Move On • L.S. (mpreg)Where stories live. Discover now