XXXIV

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Após o dia no trabalho, Louis não pode descrever o quão acolhedor é abrir a porta de casa e ser recebido pelo ressonar das melodias de um musical infantil.

Sempre adentra o apartamento com cuidado pois o carrinho de bebê, quando posicionado entre o canto do sofá e a porta, ocupa um grande espaço. O ambiente é iluminado pela oscilação emanada do televisor

Louis vê a mão de Harry enfiada dentro do carrinho afagando o pé gordinho e rosado, de dedos curtos e finíssimas unhas.

O comum é que, em sua chegada, o pai pegue a filha no colo e não desgrude dela nas próximas horas.

Ficar tanto tempo longe é pesaroso, enche ele de uma saudade requintada de melancolia. Sim, é verdade que Harry e ela apareçam no shopping quase todos os dias, mas o tempo que passam juntos é tão curto que, quando os dois se vão, a ânsia de querê-los de volta pulsa tempestuasamente forte.

Louis gosta de acusar o outro de ser dramático, mas não ignora essa parte exagerada de si mesmo.

Enfim.

São poucas às vezes em que ele não a pega no colo. Tipo quando ela está dormindo. Ou quando algo lhe distrai… e é isso que acontece neste momento.

A cena vislumbrada por ele conduz sua ânsia numa outra direção da de costume. As orbes azuis destinam-se a cursar o caminho que se inicia do braço marcado por tatuagens, se perde nos emaranhados dos cachos e segue pela mão postada no sofá que serve de travesseiro para o rosto bélico.

O trânsito de sua vista se detém nesta cena adorável, digna de ser pintada e emoldurada e colocada no espaço de mais alto destaque de uma galeria de arte. O olhar azulado contempla-o com cuidado. A fitada provoca o nascer de um sorriso nos lábios voluptuosos dele. Louis retribui seu sorriso quase no mesmo instante.

Após isso, a visão prossegue o apreciar do restante do corpo. 

O olhar acompanha os declives das curvas laterais que se encerra no alto do quadril. É até neste ponto que a camiseta branca cobre. A partir daí, não há nenhuma calça, short ou saia; em vez disso, os olhos descobrem a suntuosa renda de uma calcinha. 

Quando o tecido é iluminado por algum jorro de claridade neutra da TV, vê-se que é da cor rubi. A calcinha cobre boa parte da bunda, mas como os joelhos estão flexionados, alguns centímetros indecentes ficam tão expostos quanto a toda a pele alva das coxas e pernas. 

Tomlinson pisca algumas vezes. Tenta manter os pensamentos em ordem. Mas a tarefa é difícil. 

Pela primeira vez naquele dia o rapaz parece tomar consciência da própria língua, que de repente se inquieta e se umedece dentro da boca. A súbita produção de saliva lhe faz pigarrear para não se engasgar - ou mesmo babar.

Ele fica imóvel por alguns segundos. Afetado. Não respira, esquece a importância deste ato. Seus olhos fogem de Harry como se de repente este ardesse igual ao sol do meio-dia. 

Aproximando-se do carrinho de bebê, ele acena para a filha. Ela, ao vê-lo, sorri contente, agitando braços e pernas de maneira confusa e animada. O pai não resiste em se aproximar para afundar um beijo em sua barriguinha fofa.

- Depois eu falo com você do jeito que você merece, tá bem? Agora preciso que você continue sendo uma boa menina enquanto o papai conversa rapidinho com a mamãe. 

Assim que a frase se encerra, o pulso de Harry é tocado e puxado gentilmente. Sem relutâncias, o cacheado levanta e deixa-se ser conduzido para a cozinha. 

Em um ímpeto, sente mãos agarrem-lhe pela cintura e no segundo seguinte um beijo fervoroso encontra seus lábios e um movimento ágil prensa sua bunda contra o balcão. 

Ain't Move On • L.S. (mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora