1 - Até a eternidade

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FLÁVIA

Tantas coisas aconteceram nesses 365 dias, parece que tudo que eu vivi esse ano faz parte de um filme ou uma novela daquelas bem movimentadas e dentre as diversas roubadas em que me meti existe uma em especial que eu preciso agradecer: Ter cruzado o caminho de Paula, Neném e claro o doutor Guilherme.

Jamais imaginaria que Paula era minha mãe, no começo foi difícil de assimilar tanta informação, mas hoje eu agradeço por tê-la junto com a minha irmã, o meu pai e Neném que fazia questão de exercer o papel de padrasto e me tratar como filha. A ideia de perder qualquer um deles deixava o meu coração apertado, porém eu sabia que o tempo de um de nós havia acabado.

— Não precisa ser um gênio para adivinhar no que você está pensando. — Guilherme comentou enquanto acariciava meu cabelo, apoiei o cotovelo em seu peito e olhei em seus olhos.

— Eu não sei o que vai acontecer agora, mas eu quero agradecer por cada momento que nós tivemos juntos... Eu amo você. — Declarei.

— Você sabe que eu nunca fui a melhor pessoa para lidar com sentimentos, pelo contrário eu cometi muitos erros, com a Rose, com o meu filho. — Ele relembrou.

— Você mudou, melhorou sua relação com o Antônio e a Rose já te perdoou, está super feliz com os novos rumos da vida dela.

— Obrigado, você me ajudou muito neste processo. — Colocou as mãos em volta do meu cabelo e selou nossos lábios em um beijo calmo.

— É o doutor tinha muito a aprender mesmo, mas eu também tinha, obrigada por ter me tirado de muitas confusões. — Agradeci sorrindo.

— Sou seu anjo da guarda, a gente se complementa. — Guilherme me abraçou e enquanto eu ouvia seu coração tudo parecia certo, meu celular tocou interrompendo o momento, me afastei dele e vi o número da minha mãe aparecer na tela.

— Fala dona Paula. — Atendi em tom de brincadeira.

— Olá Flávia. — Ao ouvir a voz de Cora do outro lado da linha senti meu coração acelerar, ela deveria estar na cadeia.

— Pelo amor de Deus, Cora não faz nada com a minha mãe, o seu problema é comigo. — Pedi nervosa.

— Sabe aquele seu amigo, o Neném? Ele tá aqui me pedindo a mesma coisa? Só falta você para completar. — Disse com ironia.

— Onde você tá? Estou indo aí! — Ela me passou o endereço enquanto eu anotava com as mãos tremendo e Guilherme me olhava sem entender nada. — Desliguei o celular sentindo as lágrimas caírem.

— O que houve amor? — Guilherme questionou em tom preocupado.

— A Cora fugiu da cadeia e está com a minha mãe e o Neném, preciso ir encontrá-la. — Falei tentando não pirar.

— Eu vou com você. — Guilherme disse sem me dar margem para contestar e nós saímos de sua casa aflitos até o local que a mulher tinha indicado por telefone.

— Ora, ora, ora quem temos aqui. —Cora disse ao me ver enquanto segurava minha mãe e tinha uma arma na outra mão, Paula negava com a cabeça claramente querendo que eu saísse dali, Neném estava um mais a frente parecendo também muito nervoso, Guilherme permanecia ao meu lado.

— Fica calma, nós podemos resolver isso sem violência. — Implorei.

— Calma? Você arruinou a minha vida Flávia e agora eu vou acabar com a sua. — Disse soltando a minha mãe e apontando a arma para mim.

Pude ouvir minha mãe soltar um grito e em seguida tudo começou a ficar em câmera lenta, Guilherme entrou na minha frente e em seguida um disparo foi efetuado. Ele caiu diante de mim enquanto Cora corria para longe ao perceber o que tinha feito, saí do transe e me ajoelhei no chão amparando sua cabeça, Paula e Neném vieram para o meu lado enquanto o jogador chamava uma ambulância.

— Amor... olha pra mim, fica comigo, o socorro já tá vindo. - Falei sentindo as lágrimas inundaram meu rosto.

— Flá-Flávia... — Disse ele em tom fraco.

— Não se esforça, você não pode me deixar agora, quem vai ser meu anjo da guarda ein? — Minha voz saiu completamente embargada.

— Eu-eu sempre vou te proteger meu amor porque uma parte do meu coração sempre vai estar com você, eu te amo e sou grato por ter podido viver esse amor. Sua mãe e o Neném sempre estarão ao seu lado. — Falou olhando para nós três.

— Eu te amo. — Acariciei seu rosto e pude ver seus olhos se fechando enquanto eu abaixava para ouvir seu coração. Ele havia parado.

— NÃOOOOOOO! — Gritei enquanto soluçava, senti minha mãe me abraçar junto com Neném, mas a dor era tanta que eu mal conseguia respirar.

PARIS - FRANÇA

"Flávia meu amor, se essa carta chegou até você é porque chegou a minha hora de ir, claro que eu amaria ter mais tempo com você, mas penso em nossos momentos felizes e isso me basta e sei que vão bastar para você também! Obrigado por ter me ajudado a encontrar a minha melhor versão, sempre estarei olhando por você, te amo muito, nunca se esqueça disso.

Ps: Vá a Paris e conheça todos aqueles lugares que um dia planejamos, você irá amar.

Ass: Do seu doutor, Guilherme."

Reli a carta que eu já conhecia de cor diante da Torre Eiffel, finalmente podendo concretizar seu pedido junto com alguém muito especial.

— Aurora, vem aqui meu amor! — Chamei a garotinha de 5 anos que sorria abertamente quando correu ao meu encontro e eu pude abraçá-la.

Ela era o pedacinho do Guilherme que havia ficado comigo, sorri ao pensar nisso...

Parte do meu coração - Oneshots Flagui Where stories live. Discover now