11.1 - Medo de recomeçar

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GUILHERME

* Continuação do anterior.

Abrir uma ala para crianças carentes na clínica nunca foi algo que eu concordei, mas Joana, minha melhor amiga insistia e acabou me convencendo depois de me levar para passar um dia no hospital público onde ela fazia questão de trabalhar. Quando vi a realidade escancarada diante de mim soube que precisava fazer alguma coisa e topei a sua ideia.

Por algum motivo a garota que veio até a clínica com a irmã mais nova e me enfrentou fez com que eu tivesse ainda mais certeza disso.

— Que orgulho de você, tá virando gente. — Joana brincou quando lhe contei o acontecido.

— O que você sabe sobre elas? — Perguntei, o jeito decidido daquela jovem realmente me impressionou.

— Flávia e Diana? — Confirmei com a cabeça. — Atendo a mais nova tem cerca de dois anos, Flávia sempre a leva direitinho nas consultas, seu amor pela irmã é admirável.

— Realmente deu pra perceber. 

— Por que Guilherme Monteiro Bragança está tão interessado? — Joana questionou sugestiva.

— Você não começa. — Adverti.

— Eu não disse nada. — Se defendeu com um sorriso.

— Mas pensou…

— Só estou me perguntando se os deuses finalmente atenderam meus pedidos e você está interessado em alguém que não é a Rose.

— Sabe que eu não quero me envolver com ninguém depois do divórcio.

— Guilherme, pelo amor de Deus, a vida não acabou junto com o seu casamento, precisa se abrir pro amor novamente. 

— Eu não quero amar novamente Joana, o amor só faz a gente sofrer, já foi difícil demais lidar com a separação, não quero passar por isso outra vez, meu foco agora é o trabalho e o Antônio, vamos logo que nós temos uma cirurgia. — Me apressei em fugir daquele assunto.

— Ok, ok, mas ainda não terminamos essa conversa. — Ela avisou.

Ao final da cirurgia estava cansado, mas passei para verificar meus pacientes internados, Diana era a única que faltava, bati na porta e fui liberado para entrar.

— Boa noite doutor. — Flávia cumprimentou, ela agora vestia uma blusa preta, shorts de couro, meias arrastão e tênis all star, bem diferente da camisola hospitalar do dia anterior.

— Boa noite, vim ver essa mocinha, como se sente Diana?

— Bem doutor Gui, quando você vai me deixar ir para casa? — Perguntou ansiosa.

— Se amanhã você continuar assim eu te libero, ok? Só mais um pouquinho.

— Tá bom. — Concordou enquanto eu checava se ela continuava estável.

— Ela está bem mesmo? — Flávia perguntou preocupada.

— Sim, provavelmente amanhã terá alta. — A irmã mais velha soltou um suspiro de alívio.

— Eu e a Flávia estávamos assistindo Moana, quer assistir com a gente? — Diana convidou.

— Maninha o doutor é ocupado, tem outras coisas pra fazer. — Explicou.

— Tudo bem, vocês foram a minha última visita do dia, posso ficar mais um pouco.

— Ebaaa! — A pequena comemorou.

Parte do meu coração - Oneshots Flagui Where stories live. Discover now