11.2 - Fogo e gasolina

794 53 97
                                    

FLÁVIA

*Continuação do anterior

A ala da clínica havia sido inaugurada e Diana agora podia fazer seu tratamento com tudo aquilo que precisava, Joana cuidava direitinho dela.

Só havia uma coisa que martelava na minha cabeça: Desde a alta da minha irmã algumas semanas atrás Guilherme havia simplesmente desaparecido, nunca mais encontrei o médico e todas as consultas eram feitas por Joana, não que isso fosse um problema, ela sempre cuidou perfeitamente bem da minha pestinha, porém algo parecia não encaixar nessa história.

— Joana, posso te fazer uma pergunta? — Questionei ao final de mais uma consulta enquanto Diana estava entretida com sua boneca de pano.

— Claro Flávia, o que houve? — Me encarou curiosa.

— Tá tudo bem com o doutor Guilherme? Ele simplesmente sumiu, achei que cuidaria do tratamento da Diana junto com você.

— O Guilherme é complicado, Flávia. — Suspirou.

— Eu percebi isso… Bom, já vou indo prometi que levaria minha pestinha no parque, até a próxima consulta. — Me despedi pegando Diana pela mão.

— Até, qualquer coisa me liga, tchau Di. — Sorriu amorosamente para minha irmã.

— Tchau doutora Jô. — Ela sorriu de volta e nós saímos da sala.

Há dias minha irmã insistia para ir em um parque com pista de skate porque queria ver as manobras radicais, aproveitei que a tarde estava bonita para atender seu pedido e ela parecia realmente fascinada ao olhar os skatistas que estavam por lá.

— Eu quero aprender a andar também! — Pediu animada.

— Um dia quem sabe? Espera você crescer mais um pouquinho pestinha. — Apertei suas bochechas.

— Com licença, meu nome é Tigrão, eu acabei ouvindo a conversa de vocês e posso levar ela para dar uma volta de skate comigo, prometo que tomo cuidado, tem capacete e joelheiras que o pessoal sempre deixa aqui no parque para alguma eventualidade. — Um dos jovens que estava na pista se aproximou sorridente e fez o convite. Podia jurar que já tinha visto esse sorriso em algum lugar. 

— Deixa maninha, por favor! — Diana pediu fazendo biquinho.

— Ok, mas só um pouquinho, vou olhar vocês daqui.

— Oba! — Sorriu de orelha a orelha, Tigrão colocou as proteções nela e os dois foram para a pista, era nítida a empolgação da minha irmã, tirei algumas fotos para registrar o momento. 

— Eles parecem estar se divertindo muito, vou querer essas fotos. — Me virei sem acreditar na voz que falava atrás de mim, porém lá estava Guilherme Monteiro Bragança em pessoa com um sorriso de lado que me fazia ter pensamentos nem um pouco puros.

— Por que eu te mandaria as fotos, doutor?

— Porque o menino que está com a Diana é meu filho. — Pisquei algumas vezes depois desta informação. Quais eram as possibilidades?

— Seu filho? Parece um bom garoto e educado diferente do pai que some do nada. — Falei em um tom mais áspero do que pretendia.

— Eu não sumi, estou sempre lá na clínica apenas achei melhor deixar o caso com Joana que já a conhecia. — Defendeu-se.

— Ora faça-me o favor quando Diana ficou internada você falou que cuidariam do caso juntos e depois nunca mais apareceu. — Disse nervosa.

— Por que o fato de eu não cuidar de Diana te deixa tão irritada? — Perguntou se aproximando.

Parte do meu coração - Oneshots Flagui Where stories live. Discover now