11.3 - Reencontros

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FLÁVIA

* Continuação do anterior

6 meses depois…

Desde o jantar em sua casa, Guilherme e eu não fomos mais capazes de nos separar e a cada momento que passávamos juntos sentia que poderia explodir de felicidade por ser a namorada mais sortuda do mundo ao tê-lo comigo. Nós dois estávamos descobrindo o amor juntos de uma maneira nova todos os dias, em cada gesto e eu fazia questão de mostrar para ele o quanto o amava, embora algumas implicâncias ainda fizessem parte do nosso charme.

— É tão bom ver que o Guilherme te faz feliz. — Betina comentou enquanto conversávamos sobre a vida.

— O Gui é realmente incrível, só queria poder tirar essa angústia do peito para ficar em paz com ele. — Desabafei com um suspiro.

— Vai ficar tudo bem, a Diana logo estará novinha em folha. — Falou colocando a mão em meu ombro numa tentativa de conforto.

— Preciso voltar pro hospital. — Disse pegando a pequena mochila que havia arrumado.

— Me dê notícias, amo você. — Minha melhor amiga me envolveu em um abraço caloroso, Bianca que acabava de chegar da escola também participou do momento. 

— Amo demais vocês duas. — Disse com um pequeno sorriso antes de sair pela porta.


Como sempre acontecia na minha vida eu não podia ser 100% feliz nunca, pouco depois que comecei a namorar com  Guilherme a saúde de Diana piorou muito e ela teve que ser internada imediatamente enquanto esperava com urgência por um transplante de coração. A dedicação de Joana e principalmente do meu namorado em encontrar um doador era comovente, porém o medo de perdê-la me consumia cada vez mais.

— Você não pode me deixar pestinha, somos uma dupla! E temos uma lista de coisas que planejamos fazer quando você estiver boa, lembra? Eu te amo tanto! — Declarei ao lado de sua cama enquanto ela dormia, tentando controlar sem sucesso as lágrimas que insistiam em cair.

— AMOR! — Guilherme adentrou o quarto agitado, virei em sua direção levemente assustada, minhas mãos começaram a tremer assim que vi seus olhos brilhando enquanto um lindo sorriso despontava em seus lábios.

— Nós encontramos meu amor! Encontramos um coração para a Diana! — Anunciou empolgado enquanto eu processava a informação, meio segundo depois corri para os seus braços sentindo o choro aumentar, mas agora eram lágrimas de pura alegria, minha irmã finalmente ficaria curada e poderia ter a infância que merecia como qualquer criança da sua idade.

— Vamos prepará-la para a cirurgia, o coração está vindo de helicóptero e deve chegar rapidinho. — Guilherme explicou enquanto tirava a franja do meu rosto.

— Confio em você meu doutor das galáxias, cuida dela pra mim. — Ele apertou minha mão sem desviar os olhos.

— Logo ela estará aqui outra vez para alegrar nossa vida e andar de skate com o Tigrão. — Comentou rindo.

— Eu te amo. — Falei sem perceber, era a primeira vez que dizia essas palavras e a emoção era nítida no olhar do homem parado diante de mim.

— Eu também te amo, muito. — Respondeu também pela primeira vez, fazendo toda a alegria dentro do meu peito se intensificar ainda mais.

Nossas bocas se encontram em um beijo calmo, porém cheio de significado, não havia dúvidas de que ele era o amor pelo qual eu sempre esperei.

Lá estava eu na capela da clínica rezando para que tudo corresse bem e agradecendo ao doador e sua família, não importava de onde fossem, graças a eles eu teria minha irmã comigo, a cirurgia já durava horas, porém não podia fazer nada além de esperar, sendo assim, fechei os olhos e continuei emanando energias positivas. Escutei passos de salto alto na capela que atraíram minha atenção, algo fazia meu coração acelerar, porém não tive coragem de me virar.

— FIlha… — Paralisei, não podia ser real.

Mas era, constatei assim que consegui reagir e encarar quem estava atrás de mim.

Paula Terrare, ou melhor… aquela que um dia eu havia chamado de mãe, estava ali materializada na minha frente depois de tantos anos de ausência.

— Não pode ser. — Disse ainda em choque.

— Filha eu… — Começou receosa aproximando-se.

— NÃO ME CHAMA DE FILHA, FICA LONGE DE MIM! — Gritei sentindo a raiva passar por todo o meu corpo.

Ela não podia simplesmente voltar depois de abandonar duas filhas como se isso não fosse nada, jamais esqueceria das noites em que chorei desejando um colo de mãe que nunca veio.

— Me deixa explicar, por favor! — Implorou com voz embargada.

— Não quero ouvir nada que venha de você, sai daqui! Some da minha frente! — Paula titubeou por alguns segundos, mas saiu da capela, quando me vi sozinha tive forças apenas para chorar, perguntando aos céus porque ela tinha voltado justo agora.

Lembrei  de Diana naquela mesa de cirurgia e me esforcei para focar nela, embora mil sentimentos brigassem dentro de mim, o mais importante era que ela saísse bem da operação, a mulher toda vestida de verde ficaria para depois. 

Apoiava a cabeça no ombro de Betina pois assim que ela soube da operação deixou Bianca na casa do pai e veio até o hospital, estávamos as duas em silêncio aguardando notícias, não contei nada sobre Paula, mas ela parecia sentir algo no ar.

Levantei da cadeira assim que meus olhos encontraram Guilherme, a ruiva fez o mesmo permanecendo do meu lado.

— Como ela está, Gui? Deu tudo certo? — Questionei apreensiva, ele parecia exausto.

— Tudo correu conforme o esperado meu amor, ela ainda está sob efeito da anestesia e na UTI se tudo correr bem e ela não mostrar rejeição nossa pequena irá para o quarto nos próximos dias. — Disse feliz apesar do cansaço.

— Eu te amo tanto, obrigada! — Me aconcheguei em seus braços, sentindo finalmente um pouco de paz depois de tanta adrenalina.

— Não precisa agradecer meu anjo, vou trocar de roupa, me encontra na minha sala? 

— Claro! — Concordei lhe dando um selinho.

— Amiga, agora que você está em boas mãos e já tem notícias sobre a Di eu vou indo porque tenho algumas coisas para resolver, qualquer coisa me liga! Amo você Pink. — Beijou meu rosto de leve.

— Te amo Jolie. — Respondi também usando seu nome de dançarina.

Em seguida fui para a sala de Guilherme, não demorou muito para que ele aparecesse vestido de preto, amava quando ele usava essa cor.

O mesmo sentou no sofá e me puxou para seu colo.

— Com quem você aprendeu a fazer isso, doutor? — Comentei em referência ao nosso primeiro beijo.

— Com uma garota bem abusada. — Brincou sorrindo.

— O que aconteceu Flávia? Você está estranha, alguma coisa está te inquietando. — Meu namorado me analisava atentamente e eu ainda ficava impressionada com a sua capacidade de notar absolutamente tudo.

Estava na hora de contar para alguém sobre o ressurgimento de Paula Terrare. Puxei o ar com força enlaçando meus dedos nos de Guilherme que já havia reparado se tratar de algo sério...

Tivemos um reencontro bem tenso! O que será que acontece agora? Descobriremos na próxima parte!

Parte do meu coração - Oneshots Flagui Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang