6.1 - Sob a luz da lua

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GUILHERME

* Esse conto é a continuação do anterior.

Eu sempre gostei de ter o controle sobre tudo ao meu redor, tudo tinha que ser do meu jeito, tirava as melhores notas da escola e passei em primeiro lugar na faculdade de medicina, mas este meu jeito controlador nem sempre me trouxe coisas boas…

Contribuiu para o fim do meu casamento com Rose junto com outros fatores e também desgastou a relação com o meu filho que hoje eu lutava para reconstruir entre erros e acertos. Ninguém sabe exatamente quando vai morrer, mas eu sabia que meu tempo podia estar no fim.

E  essa notícia também me trouxe ela: Flávia me irritava, me levava ao limite, dizia coisas que eu não queria ouvir, a garota que era bem mais nova que eu, me enfrentava de uma forma que ninguém nunca havia feito.

Todos os dias eu a odiava por isso, mas ao mesmo tempo não era capaz de afastá-la, já tinha tentado e falhado, era fácil rir na sua companhia, as coisas ficavam mais leves. Quando entrei na Pulp Fiction naquela noite de sexta-feira era Flávia quem eu procurava e quando vi que ela não estava lá achei que era uma boa ideia mascarar meus sentimentos com álcool, acabou sendo uma péssima escolha porque quando fiquei bêbado seu número foi o primeiro que meus dedos encontraram e mesmo depois de todas as minhas idiotices a mesma estava lá e fez de tudo para me ajudar com a ressaca. 

Agora eu conseguia lembrar de tudo, ela cuidando de mim, o banho gelado em que eu a puxei junto comigo. Realmente aquele ditado que diz "quando a bebida entra a verdade sai" era um fato, no dia seguinte assim que acordei e vi que Flávia estava entre meus braços, eu a observei por alguns instantes antes da minha cabeça latejar, parecia tão tranquila dormindo.

Quem você tá querendo enganar Guilherme?

Ficou ainda mais difícil quando eu a vi com Antônio, os dois pareciam ter se dado tão bem e ele nunca foi bom em se relacionar com pessoas diferentes. Acho que o beijo foi resultado do desejo que eu guardava desde a noite anterior e simplesmente não consegui conter, na realidade eu já não conseguia mais, queria estar com ela o tempo todo.

Suspirei desistindo de me concentrar, Flávia consumia todos os meus pensamentos.

— Doutor, ela quer falar com você. — Minha secretária anunciou naquele fim de dia.

— Ela quem? — Perguntei sem entender.

— Já se esqueceu de mim, doutor?  — Flávia adentrou a sala e um sorriso imediato tomou conta do meu rosto.

— Pode ir. — Dispensei minha secretária e voltei minha atenção para a pessoa que estava na minha frente.

— Por que você veio? — Questionei curioso.

— O doutor é tão inteligente, não tem nenhuma ideia? — Perguntou de volta apoiando as mãos na mesa e olhando para mim.

— Algumas. — Respondi indo me aproximar dela.

— Espero que alguma delas tenha a ver com isso. — Falou antes de me beijar com vontade, não fui capaz de pensar em mais nada, acomodei  Flávia em cima da mesa e me coloquei entre suas pernas, continuamos nos beijando com desejo enquanto as mãos dela viajavam por todo meu corpo, um gemido escapou de seus lábios quando beijei o seu pescoço e aquilo me trouxe para a realidade.

— Flávia… nós estamos na clínica. — Disse ofegante.

— Você não tinha falado para continuar testando a filosofia de que tudo que é escondido é bom?

Parte do meu coração - Oneshots Flagui Where stories live. Discover now