12 - Sufocado

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FLÁVIA

Encarava as minhas fotos com Guilherme enquanto um sorriso despontava dos meus lábios, eram muitas memórias. Meu melhor amigo, costumávamos nos contar absolutamente tudo, ele sabia sobre os meus maiores desejos e também os meus maiores medos.

A amizade mais improvável do mundo, um médico formado e uma cantora amadora, mas foi assim que aconteceu. Guilherme estava sozinho em um bar que eu cantava toda sexta-feira, quando a apresentação terminou alguma coisa fez com que eu me aproximasse de sua mesa.

— Posso me sentar? — Questionei recebendo sua atenção.

— Não sei se sou a melhor companhia hoje, mas se quiser arriscar… — Comentou dando um gole no drink que tinha nas mãos.

— Dizem que conversar sempre ajuda. — Falei me acomodando ao lado dele.

— Com uma estranha? — Ergueu as sobrancelhas.

— Prazer, Flávia. Pronto, não somos mais estranhos. — Ele não conteve uma risada baixa.

— Guilherme, Guilherme Monteiro Bragança. — Respondeu ainda parecendo se divertir com a situação.

— Uau, que nome chique, o que te levou a estar sozinho em um bar sexta-feira à noite?

— Não sei exatamente, acho que me senti sufocado. — Suspirou.

— Pelo que? — Perguntei curiosa. 

— Eu sou médico, costumam dizer que sou um dos melhores do país e eu gosto disso, amo a medicina, porém ao mesmo tempo existe muita pressão, minha mãe me exibe como o filho perfeito e eu não sou perfeito Flávia. — Explicou parecendo exausto.

— Ninguém é Guilherme e tá tudo bem, isso é ser humano. — Confortei o mesmo com um pequeno sorriso.

A partir daquele momento nós selamos uma amizade, mesmo sem saber disso ainda. Passamos a noite inteira conversando e bebendo, tudo fluía de maneira leve como se fôssemos velhos conhecidos, contei que sonhava em ser reconhecida como cantora e ele me incentivou a não desistir pois tinha uma linda voz. Quando já era de madrugada, Guilherme se ofereceu para me levar em casa dividindo um Uber e nós trocamos número de celular.

Desde este dia não nos desgrudamos mais.

Guilherme estava ao meu lado quando eu finalmente assinei contrato com uma gravadora e eu estava lá quando meu melhor amigo conseguiu se libertar das amarras da mãe controladora.

E agora, depois de ter me acostumado com a sua presença em minha vida, depois de todas nossas noites de filmes e vinho, era muito difícil aceitar a barreira criada entre nós.

3 semanas atrás 

— Flávia, eu preciso falar… — Guilherme iniciou nervoso, coçando a lateral da cabeça como sempre fazia.

— Ei, eu sou a sua melhor amiga, por que esse nervosismo todo? Pode falar. — Encorajei.

— É justamente por isso Flávia, eu estou sufocado, sufocado igual ao dia em que nos conhecemos, não aguento mais ignorar o que eu tô sentindo. — Disse segurando minhas mãos.

— O que você está sentindo Gui? — Perguntei engolindo em seco, começando a ficar nervosa também.

— Eu amo você, amo cada detalhe seu, amo o seu delineado colorido, amo como você deixou a minha vida feliz apesar de nos colocar em muitas roubadas e eu não posso mais fingir que quero ser apenas seu amigo quando eu sonho em te beijar e te abraçar o dia inteiro. — Desabafou parecendo aliviado enquanto eu ainda não conseguia esboçar reação.

Parte do meu coração - Oneshots Flagui Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang