13 - Liberação

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Flávia 

Geralmente na nossa amizade era eu quem colocava Betina em roubadas, mas dessa vez minha melhor amiga tinha decidido se vingar. Sabia que não devia ter concordado com a sua ideia estapafúrdia de cantar no noivado de Guilherme.

Justo dele.

Desconfiava que ela estava fazendo de propósito porque conhecia muito bem  a minha paixonite de juventude pelo seu irmão.

— Beta, a sua mãe me detesta, qualquer outra pessoa pode ir se apresentar no meu lugar — Argumentei na tentativa de fazê-la desistir.

— Nenhuma canta tão bem, esse circo que a minha mãe planejou precisa ter alguma coisa boa, além do mais todas as vezes que o Gui veio para o Brasil você se recusou a vê-lo, está na hora de mudar isso! — Disse irredutível.

— E precisa ser justo quando ele tá aqui para anunciar que vai casar? — Perguntei sorrindo nervosamente.

— Isso é só um detalhe, não vai ter casamento com aquela chata de nariz empinado — Afirmou fazendo careta.

— E como pode saber disso?

— Por que não tem amor ali, o Gui só tomou essa atitude pela pressão da dona Celina — Suspirou pesadamente.

— O tempo passa, mas ela não muda — Lamentei.

Guilherme sempre foi o meu sonho de consumo, mais velho, lindo e charmoso, porém ele nunca me deu bola, eu era sempre a pirralha que andava junto com a irmã dele. Amava dormir na casa de Betina pois tinha a chance de ficar perto do moreno e provocá-lo sutilmente ainda que não tivesse nenhum resultado. 

Chorei durante dias quando soube que ele ia estudar no exterior e mesmo depois de tantos anos, a simples menção de seu nome causava borboletas no meu estômago. Foi por essa razão que nunca quis encontrá-lo durante suas visitas ao Brasil nesses 10 anos, mas agora a ruiva não estava disposta a me deixar escapar. 

— Eu vou, mas você fica me devendo uma — Disse resignada.

— Fechado, lembra do seu cachê gordo — Ela deu uma piscadinha.

— A melhor parte — Frisei ao lembrar do meu aluguel no fim do mês.

Celina Monteiro Bragança sempre fez eventos grandiosos, claramente o noivado do filho favorito não era diferente.

O grande salão estava cheio de mesas e convidados chatos, duvidava que Guilherme conhecesse essas pessoas.

— O que está fazendo aqui? — A senhora perguntou assim que colocou os olhos em mim.

— Fico impressionada com as suas recepções calorosas Celi, mas respondendo sua pergunta minha amiga me contratou para cantar hoje — Respondi sem conter o deboche.

— Betina é mesmo uma decepção, pedi uma única ajuda e ela trouxe você, não se atreva a atrapalhar o noivado do meu filho, garota! — Ameaçou em tom firme.

— Só vou fazer o meu trabalho, pode ficar tranquila — Falei andando para longe dela.

Procurei por Betina entre os convidados e não foi difícil encontrá-la, o cabelo ruivo era inconfundível.

— Amiga! Ainda bem que você chegou, pode subir no palco os "noivinhos" já estão vindo — Comunicou fazendo aspas com as mãos e revirando os olhos.

Assenti engolindo em seco e fui para o palco  previamente montado junto do meu inseparável violão, segurei o microfone ignorando meu nervosismo interno. Em seguida notei a agitação dos convidados e meus olhos foram atraídos para a entrada, Guilherme estava lá sendo interceptado por algumas pessoas, ao seu lado uma mulher muito elegante sorria de forma simpática.

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⏰ Última atualização: Jul 30, 2023 ⏰

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