5 - Pink!

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Terminei de colocar a peruca rosa pronta para mais uma apresentação como Pink, embora minha vida e meus sentimentos estivessem em plena confusão, dançar sempre me ajudava a espairecer.

— Tá tudo bem Flávia? — Betina perguntou antes que eu colocasse os pés no palco.

— Vai ficar, vai ficar! — Tranquilizei minha amiga e continuei o caminho até o palco pois já tinha sido anunciada.

Quando Love me like you do, da Ellie Goulding ecoou no ambiente eu esqueci dos problemas e fiz aquilo que fazia de melhor, entrelacei as pernas no pole dance e joguei a cabeça para trás, foi neste momento que entre tantos rostos que me observavam eu encontrei o dele. O que diabos Guilherme estava fazendo ali?

Meu coração batia acelerado no peito, mas que inferno! Precisava parar de sentir aquilo, afinal eu estava sentindo sozinha, ou será que não? Igual um diabinho daqueles de desenho animado, um sorriso malicioso se formou em meus lábios, se o doutor queria ver um show da Pink, eu faria um especialmente para ele!

Sem tirar os olhos de Guilherme eu passei as mãos pelo corpo e em seguida rodei no pole dance, pude perceber que o mesmo passou as mãos pelo cabelo inquieto, aquilo realmente estava ficando divertido.

Para terminar a apresentação eu apoiei uma das mãos no chão enquanto a outra segurava forte no pole dance e abri um espacate, sustentei a pose por alguns segundos antes de fazer um último rodopio e olhar para a plateia que me aplaudia, mandei um beijinho especial na direção do doutor que parecia hipnotizado. Ótimo! Havia alcançado meu objetivo. 

— Menina que apresentação incrível! Acho que foi a sua melhor desde a Pink voltou. — Betina elogiou quando desci do palco.

— Obrigada amiga! Vou ali falar com uma pessoa. — Ela me olhou como se sentisse algo no ar, porém não disse nada.

Fui até o bar onde Guilherme estava, ele segurava um copo de whisky com gelo entre os dedos.

— Gostou do show doutor? — Perguntei ocupando a cadeira vazia seu ao lado.

—  Você ainda vai me levar para a ruína. — Falou levando a bebida até a boca sem deixar de manter o contato visual.

— Jura? Mas você não parece muito preocupado com isso, veio até aqui me ver, ou melhor, ver a Pink. — Provoquei o puxando pela gola da camisa. — Confessa que o seu coração tá disparado agora doutor.

—  O que você quer ouvir Flávia?  — Perguntou enquanto eu roubava o copo da sua mão dando um gole generoso.

— Você sabe o que eu quero ouvir, mas ainda não está pronto para dizer, eu vou indo. — Falei lhe dando uma última olhada antes de levantar da cadeira e pegar minha mochila que estava em um canto escondida, mesmo de costas sabia que Guilherme me observava.

Quando já estava do lado de fora da boate senti uma mão segurar meu braço.

— Espera Flávia! — Virei na direção de Guilherme irritada.

— Estou cansada Guilherme, cansada de tudo, cansada de te esperar na verdade! Cansada de ter que conter um sentimento que só cresce toda vez que eu te vejo, cansada de amar alguém que não me ama! — Desabafei soltando um suspiro.

— Eu amo você. — Ao ouvir aquela frase eu achei que só podia estar alucinando.

— O que disse? — Questionei sem acreditar.

— Que eu te amo! Era isso que você queria ouvir, não era? Pois aí está a verdade que eu tanto lutei em aceitar! Eu amo o seu jeitinho petulante de me enfrentar, amo como você desperta um lado meu que ninguém mais consegue, eu amo tudo em você. — As palavras de Guilherme se repetiam na minha cabeça, esperei tanto tempo para ouví-las.

— Fala de novo. — Pedi e ele sorriu.

— Eu amo você garota. — Me joguei em seus braços com as pernas ao redor de sua cintura, suas mãos me seguraram com força antes de sua língua invadir minha boca em uma explosão de sensações.

Era noite de sábado, estávamos os quatro jogados no sofá da sala da casa de Paula, a empresária apoiava a cabeça no colo de Neném enquanto eu me aconchegava nos braços de Guilherme. Estávamos juntos a alguns meses da mesma forma que Paula e Neném que finalmente acertaram suas diferenças.

— Passa a panela de brigadeiro pra mim, Paula. — Pedi e ela me entregou o objeto enquanto o filme de comédia que escolhemos passava na televisão, mergulhei o dedo na panela e passei na bochecha do meu namorado distraído com o filme.

— Amor! — Guilherme riu pronto para me dar o troco.

— Sabe que eu gostei dessa ideia? — Neném disse divertido sujando o rosto de Paula.

Foi aí que nós iniciamos uma guerra, sujando uns aos outros com brigadeiro seguida por uma guerra de almofadas que terminou em altas gargalhadas.

Era bom finalmente estarmos juntos, um quarteto de verdade onde um podia contar com o outro, a amizade deles e o amor de Guilherme eram uma das melhores coisas que a vida havia me dado, apesar de tanta turbulência.

Parte do meu coração - Oneshots Flagui Where stories live. Discover now