Garrinhas Afiadas... Ou Nem Tanto

2.2K 362 362
                                    


Taehyung despertou devagar e silenciosamente. Estava deitado numa superfície macia com um cobertor quentinho sobre ele. Seu corpo pesava e sua cabeça latejava tanto que a dor acompanhava seus movimentos. Ele fez uma careta e esfregou a têmpora, mas a dor pareceu apenas aumentar. As lembranças do último dia surgindo rapidamente como se a cortina de fumaça que as cobria evaporasse.

Ele estava no sofá de Jeongguk, percebeu. E eles haviam bebido juntos, lembrou-se, flashes de memória ascendendo em sua mente como fogos de artifício que explodem no céu e depois desaparecem.

Tae olhou pelas extensas janelas da sala, vendo que já era noite e a lua e as estrelas despontavam resplandescentes na escuridão infinita.

Minha nossa, nossa... nossa. Argh, a dor realmente estava derrubando-o. Que horas eram...?

Taehyung ouviu um som de metal colidindo com metal e segui-o com o olhar. Vinha da cozinha. Ele se levantou como se um urso estivesse abraçando-o pelas costas e se arrastou para olhar pela abertura na parede que mostrava a cozinha.

Porém, o quê viu lhe fez arregalar os olhos e abaixar rapidamente para se esconder, cobrindo a boca com as mãos.

Ele espiou pelo murinho, suas bochechas ardendo de tão vermelhas.

Jeongguk estava lá, preparando algo numa frigideira. De calça de moletom. Nu da cintura para cima.

Taehyung engoliu em seco e mordeu os lábios, seus olhos não conseguiam desviar da pele nívea do corpo dele, os músculos das costas se contraindo conforme ele se mexia. Altivo e detalhadamente perfeito, como uma escultura modelada por mãos firmes. Os bíceps ferrenhos eram duas vezes maiores que os de Tae, com veias saltando até chegar nas mãos.

Ele estava de lado. Entretanto, quando se virou para colocar uma mistura no micro-ondas, Taehyung pôde ver, com uma clareza que deixou-o corado até o pescoço, o abdômen de Jeongguk. O peito largo e protuberante, marcado por pintinhas marrons e avermelhadas, descendo até os músculos da barriga tão bem cinzelados que ele podia ver onde as linhas começavam e onde terminavam.

Mas algo chamou a sua atenção escandalosamente. Na lateral do corpo, sobre as costelas, um pouco acima da cintura, linhas pretas desenhadas que formavam palavras que ele não conseguia ler nessa distância.

Ó céus! Jeongguk tinha uma tatuagem?!

Taehyung se abaixou novamente, as costas contra a parede, de queixo caído e tentando digerir o que vira. Ele nunca havia visto um alfa que não fosse seu pai sem camisa. Porém, ele sentia que o impacto de ver Jeongguk sem camisa tinha a força de um tsunami no seu coração, que não parava de martelar com força nas suas costelas. Ele acreditava profundamente que nenhum outro alfa deixaria-o tão fora de si quanto Jeongguk.

Eu estou tão perdido...

– O quê está fazendo aí?

E lá estava ele. Carregando duas tigelas de porcelana branca. O cabelo cor de meia-noite escorria úmido pela testa. Algumas gotas deslizavam pela nuca e se perdiam atrás do ombro dele.

Taehyung sentiu seu olho direito tremer. Se era pela vergonha de ser pego ou pela visão daquele alfa, ele não sabia.

– Eu estava... hm... – Jeongguk arqueou uma sobrancelha. – Na verdade, estou me sentindo péssimo... e tonto... minha cabeça está explodindo tanto... ahhh... o quê será de miiiin...

Ele colocou a mão na testa e fechou os olhos. Não era totalmente mentira, afinal. Ouviu um som oco de algo sendo posto no balcão e logo em seguida mãos seguravam-o pelos cotovelos.

Jardim de Papel (taekook ABO)Where stories live. Discover now