A Família Que Escolhemos

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– O quê você fez com ele?! – disparou o alfa, arrancando Tae dos braços trêmulos de Lian-chi.

– N-nada... Ele passou mal e desmaiou!

Jin se aproximou e abaixou ao lado de Jeongguk, que balançava Taehyung para que ele acordasse.

– Taehyung... Tae... Acorde... – murmurava, segurando o rosto do ômega com uma das mãos.

– Jeongguk... – falou Jin, em tom de alerta. – Acho que ele entrou no cio.

Jeongguk perdeu a fala, as palavras morrendo dentro de si. Ele olhou para um Taehyung inconsciente, de bochechas rubras, febril, o cabelo azul grudando na testa. Logo ele começaria a espasmar; acordaria e seus olhos estariam azuis, e o cheiro dele... Poderia ser sentido de longe. Todos ficariam sabendo em breve que havia um ômega no cio na festa da JE-ON. Céus... Ele já podia imaginar as manchetes depreciativas e expositoras.

Não podia deixar isso acontecer. Taehyung ficaria muito constrangido.

– Temos que tirá-lo daqui. – decidiu. – Jin, chame Yoongi e Jimin. Rápido!.

Jin assentiu e correu para dentro.

– Tem uma saída por ali. – apontou Lian-chi. – Vou ser se é seguro.

Ele se dirigiu até o canto direito da sacada, iluminado apenas por luz lunar perolada, onde ficava uma escada de pedra que provavelmente daria para o jardim ou o estacionamento.

– Vai ficar tudo bem... – disse Jeongguk perto da orelha de Taehyung, afastando a franja molhada para o lado.

– Jeongguk... – Taehyung murmurou, tão fraco que sua voz saiu quebrada.

– Sim... Sou eu, Tae. Pode me ouvir? Eu disse que vai ficar tudo bem.

– Jeongguk... – ele abriu os olhos, tão azuis quanto seu cabelo. Tão brilhantes quanto mil estrelas unidas numa só. Era estranho, porque Jeongguk nunca o ouvira lhe chamar pelo nome, era sempre "chefinho". Algo em ouvir a voz aveludada dele, abafada até o quase silêncio, com aqueles olhos tão imersos em índigo puro, proferir seu nome fez o coração do alfa bater tão forte que ele sentiu um calor no pescoço. Jeongguk cerrou o aperto em volta de Taehyung, como se precisasse segurá-lo para ter certeza de que ainda estava são.

– A saída é segura. – a voz de Lian-chi fez Jeongguk olhá-lo. E, quando voltou-se para Tae novamente, seus olhos estavam novamente fechados.

Jeongguk expirou de alívio.

– Certo. – ele ergueu Tae, segurando-o por baixo dos joelhos e nas costas, apoiando o rosto dele em seu ombro. – Me ajude a...

– Jeongguk! – era Jimin. Ele vinha com Yoongi e Jin, um mais angustiado que o outro. – Jin nos contou...

– Precisamos tirá-lo daqui... – interrompeu. Porém, outra vez, as palavras derreteram em sua língua quando ele sentiu um cheiro que não estava ali antes.

Jeongguk farejou perto de Taehyung, e o odor que o dominou despertou uma memória do fundo de sua mente. Um arbusto com flores azuis, quase púrpuras, que sua avó cultivava no jardim da mansão onde ele cresceu. O Jeongguk criança, entediado e sem atenção dos pais, enfiava o nariz em cada flor que via e catalogava seus aromas de cabeça. E aquele que emanava do pescoço de Taehyung, refrescante e doce como um sorvete de baunilha, era... era... qual era mesmo o nome...

– Hortênsia... – sussurrou Jeongguk, com assombro.

E ele era criança outra vez. Praticamente um bebê ainda. Estava no jardim de sua avó, descalço e de macacão jeans, cheirando um conjunto de hortênsias azuis que ocupavam cerca de cinco metros do gramado com arbustos, uma miríade de pequenas flores que viviam juntas umas às outras e eram as mais perfumadas daquele jardim, na opinião de Jeongguk.

Jardim de Papel (taekook ABO)Where stories live. Discover now