O Vencedor

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Quando seu despertador tocou, Jeongguk já estava acordado.

Sua estimativa era que havia dormido duas horas antes da besta quadrúpede peluda - quer dizer, o gato - o acordar com miados curtos e barulhentos. Ele queria leite. O alfa se arrastou até a cozinha com o bicho embaixo do braço e deu de mamar. Depois disso, ele dormiu mais três horas antes de despertar com barulhos agonizantes e desesperadores de garras arranhando a lateral de seu colchão.

Jeongguk caiu da cama pelo susto e foi mais 5 minutos correndo pelo quarto atrás da peste, que tinha energia de sobra para fazer aquele alfa rabugento cansar um bocado. Ele precisou acariciar a barriguinha magra dele para fazê-lo dormir.

Perto das seis da manhã, horário em que normalmente acordava, ele ouviu um sonzinho agradável e sentiu alguma coisa macia roçando em seu rosto. Quando abriu os olhos, percebeu Garrinhas sentado em cima do seu peito enquanto ronronava.

Ergueu a mão para tirá-lo dali, mas o gato foi mais rápido e se esfregou nos seus dedos, fechando os olhinhos azuis de prazer, o ronrom ficando mais alto.

– Bom dia, gato. – falou Jeongguk, sua voz rouca e cansada. – Boa a noite, não é? Seu filho de uma mãezinha. A partir de hoje você vai dormir lá embaixo. E se reclamar eu te coloco pra fora!

Garrinhas nem lhe deu atenção, concentrado em esfregar o pequeno nariz rosado na mão do alfa. Jeongguk bufou uma risada e tirou o bichano de cima de si, levantando.

Ele foi até as portas de vidro da varanda de seu quarto, afastando as cortinas e iluminando-se com a luz amarelada e quente da manhã. Abriu-as e uma brisa amena com cheiro de neblina e orvalho tocou a pele de seu rosto como se lhe dissesse "Bom dia".

Jeongguk aconchegou os braços no parapeito. Era como olhar o mundo de cima. No andar de baixo estava seu quintal-terraço com a piscina, as cadeiras de descanso cobertas com gotículas da manhã, as plantas que brilhavam sob a luz fraca do sol. Era a parte que mais gostava de sua casa. Ele quase podia ver os fantasmas de um passado quando seus amigos se reuniam ali quase todo final de semana para comer churrasco, beber e jogar uns aos outros na água.

Yoongi estaria no quiosque da churrasqueira preparando a carne, Jimin ao lado dele segurando Hyeon no colo, que gostava de ver o pai trabalhar. Jin, esparramado numa das cadeiras de descanso comendo um aperitivo, com Namjoon lhe servindo uma bebida de limão e álcool que era a especialidade dele. Hoseok estaria com sua câmera registrando tudo.

Ele, Jeongguk, nadando na piscina, sua atividade favorita. Se esquecia de tudo quando estava debaixo d'água. Era apenas ele e os sons eufônicos da corrente aquática batendo em seus ouvidos. Nada de memórias barulhentas corrompendo seus pensamentos.

Antes que percebesse, ele estava imaginando onde Taehyung estaria. O quê ele faria? Com o quê ocuparia aquela mente turbulenta e imprevisível? Estaria colorindo sua pele com sol? Roubando petiscos de Yoongi? Ou apenas correndo por aí com os cabelos azuis chicoteando ao vento?

A lembrança da noite onde ele quase se afogou ainda atormentava Jeongguk. Um instante de atraso e teria sido tarde demais. Só de pensar no que poderia ter acontecido e um arrepio de medo subia-lhe pela espinha. Um medo enjoativo, nocivo e incontrolável que escurecia sua visão.

Algo peludo se esfregou na sua canela. Garrinhas miava baixinho, entrelaçando o corpinho e rabo entre suas pernas.

– Você é um grude. – constatou Jeongguk, pegando o gato no colo e alisando a cabeça dele. – Gosta de carinho? Hm?

Ele respondeu com um longo ronrom. Jeongguk riu, levando o gato para dentro.

Quando pegou o celular, já havia três mensagens de Taehyung.

Jardim de Papel (taekook ABO)Where stories live. Discover now