Capítulo 18

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Souza;

Peguei uma camisa de time colocando ela no meu ombro, fui até o balcão e peguei a carteira e o radinho que coloquei na cintura.

Já eram quase cinco da manhã e eu precisava tá na boca então já fui partindo, tirei a moto da garagem e fui em direção a boca.

Já entrei sabendo que eu tinha que ir para sala do Ret que com certeza já estava lá então bati na porta e entrei.

Souza: Bom dia. -falei entrando e sentando na cadeira de frente para a mesa dele

Ret: Só se for pra você. -falou bolado

Ele tava mexendo em algumas gavetas cheias de papéis até achar um específico e sentar na minha frente.

Ret: Vai começar como olheiro. -falou colocando a minha ficha na mesa

Souza: Qual foi pô! Sério mesmo, olheiro? -ele assentiu com a cabeça

Ret: Tu é herdeiro mas tem que começar por baixo pra aprender o valor que as paradas tem, Souza. -falou enquanto preenchia a minha filha

Souza: Maria e Th começaram assim também?

Ret: Lógico, Thiago começou desde os dez e a Maria com catorze. -me olhou- Thiago já é gerente geral e a Maria faz todos os planos de roubo, tudo passa por ela e nem começaram como olheiro que nem tu, começaram como fogueteiros então nem reclama.

Souza: Começaram como fogueteiros porquê eram crianças né Ret.

Ret: Ta reclamando muito, Souza. -me olhou bolado então fiquei calado- Teu horário eu deixo escolher, fala aí.

Souza: Prefiro de manhã.

Ret: Das seis até as dez que é a troca de turno. -assenti- Tu tem trinta minutos de descanso das sete e meia até as oito, não sei como é lá em SP mas aqui a gente não usa armas à vista em olheiro, no máximo uma glock na cintura mas com a camisa sempre cobrindo.

Souza: Ainda, mais alguma coisa? -ele me olhou e olhou para minha ficha novamente

Ret: Manda a real pra mim. -cruzou os braços- Voltasse pela Maria ou pelo o morro?

Souza: Voltei pra descobrir o que eu quero, porque São Paulo não foi uma escolha minha e sim uma obrigação, tá ligado? -ele assentiu- Também voltei por causa dela, cê sabe disso e nem precisava perguntar esse bagulho aí.

Ret: Queria ouvir tu dizendo. -me levantei e fui em direção a porta- Ela se amarra em tu. -olhei pra ele- Mas a questão é. -se levantou- Tu sentiu falta dela como ela sentiu a tua? -pegou uma glock de uma gaveta e me deu- Por que tu tem essa mania de falar muito o que os outros querem ouvir e não o que tu sente.

Souza: Eu não tenho intenção nenhuma de machucar ela, Ret. -falei sincero- Mas também não sei se quero pedir ela em casamento. -ele riu e eu peguei a glock- A minha intenção com ela é saber se é real ou não.

Ret: Boto fé, só não quero que nenhum dos dois saiam machucados. -se sentou novamente- Tô falando isso por experiência própria, indecisão é a pior coisa que tem.

Fiquei mais alguns minutos até ele me dispensar, fui saindo da boca e encontrei com o Perigo e o Vt entrando mas o Luan mal olhou na minha cara.

Vt: Primeiro dia? -assenti e abracei o meu pai

Souza: Olheiro, acredita. -falei mostrando a glock na cintura

Vt: É filho, vai ter que começar por de baixo. -gastou - Tua mãe vai fazer um almoço mó da hora hoje, mandou avisar pra a gente brotar lá mais tarde.

Meus pais são muito loucos, nunca ficaram juntos realmente mas tem uma história muito foda.

Souza: Já é mas agora eu preciso trabalhar, já já é a troca de turno, fé fé. -falei fazendo toque com ele e saindo da boca, indo em direção a entrada

Aproveitei que ainda faltava alguns minutos e dei uma entrada na padaria, peguei pão e café mesmo, tava numa larica brava.

Vi um soldado passando e chamei ele, mandei o padeiro colocar pão e mortadela pra viagem e mandei o mano lá entregar na minha casa para a Maria.

Peguei o celular e mandei mensagem para ela.

"Atende aí, café da manhã"

Paguei a conta e fui em direção a entrada, cheguei na hora certinha da troca de turno. Cumprimentei geral ali e fiquei na minha posição.

Horário muito agitado, morador indo trabalhar e criança indo para escola, horário mais cansativo do dia sem nenhuma dúvida.

- Qual foi mano, tu é novo aqui? -assenti e fiz toque com ele- Orelha, satisfação.

Souza: Souza. -falei vendo uma mulher entrar

Cara de paty enjoada então mandei logo parar e dar a bolsa, o Orelha foi revistar ela e eu despejei as coisas da bolsa em uma calçada.

Celular, remédio e algumas roupas.

Souza: Tu faz o que aqui, garota?

- Sou babá. -falou quando terminou de ser revistada

Orelha: Papai cortou a mesada foi? -gastou e eu soltei um sorriso de lado enquanto entregava a bolsa pra ela.

Souza: Alguém pode confirmar isso? -ela assentiu

- O Ret já me conhece, já tive esse problema antes.

Peguei o radinho e acionei o Ret.

Souza: Ret, tem uma paty aqui falando que é babá, fala o teu nome aí. -entreguei o radinho pra ela já sem paciência

- Carina. -peguei o radinho da mão dela e o Ret logo depois respondeu.

Ret: Deixa a mina entrar, ela trabalha para uma moradora daqui.

O Orelha deu passagem para ela e logo depois ela começou a subir o morro com uma cara de puta.

Orelha: A gente não pode fazer nada se a mina tem cara de paty de pista. -riu e deu de ombros

Souza: Mó cara de enjoada, sem tiração nenhuma.

Senti o meu bolso vibrar então peguei o celular e tinha resposta da Maria.

"Já sai da sua casa a muito tempo"

Bloqueei o celular e olhei para a entrada novamente.

Orelha: Pela cara, brigou com a mulher. -me olhou gastando

Souza: Tipo isso.

...

O Destino Não Quis - Vol.2 [M]Where stories live. Discover now