Capítulo 66

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O capítulo está bem pequeno mas é uma continuação do capítulo anterior.

Demorei muito para pensar em cada parte desse capítulo então, por favor, votem e comentem o máximo que vocês conseguirem. <3

Maria;

Eu nunca tinha visto ele chorar, pra falar a verdade acho que foi apenas uma vez, no dia em que ele abriu o coração para mim. De repente tudo que a gente passou me fez eu me sentir culpada. Eu estava torcendo para que toda a dor dele viesse para mim. Até porque, eu já suportei tantas coisas! Posso suportar isso também.

Mas o que mais me assustava era que ele não demonstrava nem um pingo de sentimento, seja de dor, angústia ou ódio. Era como se ele não se permitisse em sentir nada.

Souza: Você foi a única coisa que eu amo que ele não conseguiu tocar. -olhou no fundo dos meus olhos- Você tem noção disso? Tudo que eu amo ele tocou. -negou com a cabeça- A minha mãe, o meu pai...A minha família, a nossa família...Menos você, Alice.

A voz dele tinha um timbre diferente, era como se fosse timidez misturado com ódio, aflição...Não sei explicar. Mas a cada palavra que ele falava, um pedaço do meu coração se partia.

Maria: Eu te amo Kauã.

Foi a única coisa que eu soube dizer. As palavras não saíam, não se formavam.

Souza: Tá tudo bem. -se levantou- Só, esquece isso. Beleza?

Eu estava de joelhos e ele estava já em pé, ele saiu dali indo em direção ao seu banheiro e quando ele ia abrir a porta eu o impedi.

Maria: Por que guardou isso por tanto tempo? Por que nunca se abriu comigo? -perguntei preocupada

Souza: Porque é uma coisa que eu quero esquecer. Mesmo eu levantando dessa cama todos os dias sabendo que o meu pai biológico é o Cobra, o cara que quase matou a minha mãe e os seus pais.

Maria: Não é só por isso. -neguei enquanto passava a minha mão pelo seu braço- Você se acha parecido com ele?

Ele não me respondeu, deixando a resposta bem clara.

Maria: Você não é igual a ele. -falei tentando fazer a minha voz não falhar para dar total confiança a ele- Você não é igual a ele, Kauã.

Souza: Eu sou idêntico a ele, Alice. -bufou- Eu faço o que ele fazia, eu sou filho dele! Sabe quantas vezes eu escutei que somos parecidos? -riu- Caralho. -falou alto enquanto entrava no banheiro, me fazendo segui-lo e entrar no banheiro junto com ele

Maria: Olha pra mim. -segurei o braço dele, fazendo o mesmo ficar imóvel, mas ainda estava de costas para mim- Olha pra mim, Kauã. -ele olhou

Em questão de segundos os seus olhos estavam vermelhos e as pupilas estavam delatadas.

Maria: Eu te conheço. -assenti- Você não é igual a ele, nunca foi.

Souza: Como você sabe?

De repente toda aquele timbre de ódio, timidez e aflição se passaram para voz de choro. Sua voz estava tão baixa que eu mal conseguia ouvir.

Eu me aproximei dele e levei as minhas mãos até o seu rosto, acariciei cada parte da sua face perfeita. Logo depois levei as minhas mãos para os seus fios de cabelo fazendo o mesmo respirar fundo.

Maria: Por que eu te conheço, te conheço melhor do que ninguém. -olhei nos olhos dele- Você se importa com os outros, você daria a sua vida pelas pessoas que você ama se precisasse. -voltei a minha atenção aos seus cabelos- Você é tão perfeito Kauã. Você não tem medo de errar, você pede desculpas! Você gosta de falar o que te sentindo, você tem coragem!

Quando ele ia olhar para baixo eu não deixei, puxei o seu queixo para cima fazendo o mesmo me olhar.

Maria: Mas eu soube que você era uma pessoa boa quando éramos crianças. -sorri enquanto me lembrava do dia- Estávamos em um restaurante na pista, um menininho de rua passou por nós indo pedir comida para o garçom mas nada do cara lá ceder. Até que você parou de comer, dizendo que não estava com fome e implorando para que os seus pais deixassem você dar a comida para o garoto. -meu sorriso se abriu ainda mais- Foi ali que eu vi o quanto que o seu coração é enorme. Quando você abriu da mão do que era seu para dar para um garoto que você nem conhecia! Eu vi a sua dor ali, com receio dos seus pais não deixarem você dar a sua própria comida para o garoto de rua.

Ele me ouviu com tanta atenção que dava gosto, era lindo de ver.

Maria: É assim que você percebe se a pessoa é boa ou não. Quando a dor do próximo também gera a sua dor.

Souza: Você realmente acha isso? -eu assenti

Maria: Eu nunca tive dúvidas Kauã. Você é a pessoa mais incrível que eu conheço! Você não tem nada a ver com aquele desgraçado. Você conquistou o seu respeito, não ganhou!

Ele se desabou em cima de mim, chorando ainda mais mas sem fazer barulho e o que me fazia saber que ele estava chorando era que a respiração dele estava um pouco descontrolada, era frustrante vê ele assim. Eu não sabia se eu tinha usado as palavras certas mas eu queria que ele tivesse a certeza que tudo que eu tinha dito era verdade, porque eram.

Souza: Eu te amo pra caralho.

Maria: Eu te amo muito mais, sempre te amei.

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O Destino Não Quis - Vol.2 [M]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora