Capítulo 22

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Cléo

Perto do meu horário de almoço, e com minha barriga doendo de fome, continuo atendendo as clientes com o meu melhor sorriso. Deveria estar procurando comer algo, mas primeiro quero garantir uma boa comissão. Em uma semana que estou aqui, já tenho clientes, e boas indicações. Sou conhecida como a menina do cabelo de fogo. Chega a ser engraçado, mas pelo menos, não tem como confundir.

Permaneço sem saber notícias do John. Só Deus sabe o quanto estou sendo forte a ponto de não tentar pegar meu chip antigo e ligar pra ver se tem alguma mensagem ou ligação dele. Porque eu sei que tem. Conhecendo o pouco que conheço do John, ele não iria desistir fácil. E eu não sei se resistirei quando estiver frente a frente com ele. Estou morrendo de saudades, e pela primeira vez, sinto falta do sexo. Não que eu nunca tivesse gostado, mas quando envolve sentimento é diferente. O sexo antes do John era trabalho, em contava. Não era uma coisa prazerosa.

Acabo de vender para uma cliente, três peças de roupas, e que lhe custaram mais de mil reais. Se tem um ser louco, esse é a mulher. Como pode? Meu Deus... Jamais teria coragem de gastar tanto com roupa. Eu sempre economizei o máximo que pude. Nunca fui supérflua, e sei pesquisar antes de sair comprando qualquer coisa.

Despeço-me da minha cliente, e volto para arrumar as roupas que ficaram no provador. É quando alguém fala comigo.

- Olha, vejo que decidiu acrescentar mais dinheiro no bolso. Não deve estar sendo fácil fazer programa não é?!

Conheço essa voz.

Viro e vejo a mulher que aparece nos meus pesadelos toda noite... Isabela.

- Boa tarde!

Tento agir da melhor maneira possível. Não vou descer do salto. Não vou.

Ela me olha dos pés a cabeça, e sorri com deboche.

- O que aconteceu com você? John mandou largar a vida de puta? Olha, eu não contaria muito com a sorte, já que ele não ficará muito tempo com você.

Deus me ajude para não arrancar os olhos dela aqui mesmo. Pelo menos ao que parece, ela não está com ele.

- Ninguém me diz o que fazer. Sempre fui dona de mim mesma.

Sorri.

- Cléo, é isso não é?! Eu fui embora naquele dia, porque não estava a fim de me rebaixar, mas foi bom te ver aqui.

Aproxima-se mais.

- É bom que saiba que o John é meu, e vice versa. Nenhuma mulher pode entrar na vida dele sem ter que sofrer as consequências do amor que ele guarda por mim. Você acha que ele vai me esquecer pra se entregar a uma puta? O que vivemos foi mágico, único, puro, amor, paixão... Sabe todos esses sentimentos bons? Nenhum homem vai ter por você. O interesse do John é sexo. Você é profissional, e deve fazer bem seu papel, mas nunca pode esquecer o seu devido lugar.

Eu deixei essa mimada falar demais.

- Nunca ouvi tanta asneira na minha vida. - bufo - Mas tenho três coisas a dizer pra você.

Ela ergue a sobrancelha.

- A primeira, é que pra você estar aqui, perdendo seu tempo com uma puta, é porque vê concorrência, e tem medo de perder o John. A segunda, é que você pode ter dinheiro, uma carreira, mas isso não te faz melhor do que eu, que sou uma mulher que não precisa humilhar ninguém pra se sentir melhor. A terceira, e última, é que já bati numa ex do John, e pra bater em outra, não vai demorar muito.

Seus olhos estão arregalados.

- Você não ousaria. Se fizer isso, eu posso acabar com seu emprego. O que seu patrão e essas clientes diriam se soubessem que essa mulher que parece ser alguém digna de trabalhar aqui, era uma garota de programa?

Surpresa do AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora