01 - slowly falling

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Capítulo revisado dia 23.04.2023, às 20:58

⚠️ Atenção: Este capítulo retrata alguns sintomas de ansiedade!

🐺

O relógio marca as 18h25, é um fim de tarde chuvoso e o sol mal havia dado as caras durante o dia inteiro. Como de costume, eu estou na biblioteca de minha casa lendo mais um livro de romance e a paz reina em minha volta. A poltrona na qual estou repousado, traz aconchego para o meu corpo, fazendo com que os meus músculos relaxem.

Em minhas mãos ocupa um livro grosso de capa avermelhada, esse que eu havia passado a semana inteira lendo e que falta muito pouco para concluir sua leitura.

Como um fã de histórias de amor, eu me envolvo intensamente com o enredo e os personagens, até choro nas partes tristes e dessa vez não é diferente, esse é mais um daqueles romances que aquece o meu coração e me tira da realidade conturbada na qual eu vivo.

Meus óculos redondos de leitura insistem em deslizar lentamente, até chegar na ponta de meu nariz e rapidamente eu trato de colocá-los de volta no lugar. Esse ato se torna cada vez mais repetitivo. Atrás de mim, há gigantes e extensas prateleiras de livros, dos mais variados estilos.

A iluminação do local se dá pelo um pequeno abajur na mesinha ao meu lado, as cortinas das janelas ainda estão abertas e é possível ver a noite chegando lá fora.

Esse, com certeza, é o meu lugar favorito da casa. E ler é, sem dúvidas, o meu hobby favorito. A leitura me faz viajar sem ao menos sair do lugar, eu amo essa sensação e é incrível como a minha mente cria, com perfeição, as cenas retratadas em cada parágrafo. É como se eu me sentisse livre e é muito raro eu me sentir assim. 

A ansiedade toma conta do meu corpo e da minha mente com bastante frequência, minhas crises de pânicos estão cada vez mais constantes e a leitura funciona como uma válvula de escape, meu maior refúgio.

Quando eu finalmente consigo tirar o foco da realidade na qual eu vivo, meu corpo consegue relaxar. Park Boyoung, minha mãe, vive falando que eu passo o dia inteiro trancafiado aqui e esqueço de me cuidar, mas no fundo, ela sabe que isso me ajuda psicologicamente. Contudo, eu compreendo que a minha mãe apenas se preocupa com a minha saúde física e mental, visto que, ela sempre presencia as minhas crises.

As vezes eu me pergunto como uma ômega 'tão boa, linda e amorosa  como a minha mãe, casou-se com um alfa rancoroso e sem coração como o Jinhyun — meu pai. Eu lembro que, desde quando eu era apenas uma criança, eu já podia sentir a ausência de amor entre meus pais. A minha mãe sempre tenta esconder de mim, se mostrar bem e forte, mas eu posso sentir o quanto ela é infeliz ao lado do meu pai, seus olhos não mentem.

— Jimin? — ouço a voz da ômega junto com dois toques na porta e antes que eu responda ao seu chamado, ela a abre. — Filho, você está o dia inteiro nessa biblioteca, ler por tantas horas seguidas não fará nada bem para os seus olhos. — Boyoung me repreende, adentrado a biblioteca e caminhando até mim.

Meus olhos acompanham seus passos e é inevitável não sorrir ao vê-la. Com seus 40 anos de idade, minha mãe aparenta ser bem mais velha. Seus cabelos pretos sempre estão presos em um coque, seus olhos carregam olheiras de tantas noites mal dormidas e por mais que ela tente disfarçar com maquiagem, ainda é muito perceptível.

Mesmo com todas as faltas de cuidado em si, ela sempre me acolhe com um grande sorriso e mesmo que tentando disfarçar, eu sei que ela precisa de ajuda tanto quanto eu.

— Mamãe, eu já disse que uso os meus óculos e a senhora sabe o quanto me faz bem ficar por aqui. — falo ao vê-la mais perto, fechando o livro e retirando os meus óculos.

Wedding, jikookWhere stories live. Discover now