20

268 28 103
                                    

POV-YELENA

A sn está estranha, ela não olha nos meus olhos desde o dia que a salvamos, ela não me beija, não me abraça, mas também não chora, não bota tudo para fora de seu coração, não fala o que a incomoda, apenas age estranha, mas fingi que nada está acontecendo e eu preciso tirar isso da minha cabeça, porque eu estou me sentindo insuficiente, imprestável, sem utilidade e mais culpada do que já estava.

Estamos as duas no quarto, trouxe o jantar dela e estou na beirada da cama, de costas para a mais nova, esperando a mesma acabar.

- Sn

- Oi ( ela fala ainda comendo)

- O que eu fiz ?

- Desculpa, não estou entendendo ( ela afirma com uma feição completamente confusa )

- Desde que te resgatei, não sinto mais seus beijos, não te abracei, não senti seu perfume, não escutei um eu te amo, não recebi um cafuné, nem ao menos você me deixou te acariciar, ter certeza que você está bem e ao mesmo tempo, não te vejo chorar, gritar, se devastar, se importar que seja, o que EU te fiz ?

POV-SN

Quando escutei as palavras da minha namorada, entrei em choque.

- Minha linda, eu te amo, sinto cada sorriso seu com a mesma felicidade que você, queria pular nos seus braços e ter certeza que VOCÊ está bem

- Então o que te impede ?

- A dor no meu peito, os flashes de lembranças que me assombram, a sensação do meu corpo sujo, o sentimento de podridão que me corroe, quando eu era jovem, foram tantos traumas que meu cérebro tentava evitar as lembranças, então me colocaram lá de novo e cada mísero segundo da minha infância, vieram a tona, junto com memórias novas, do presente, um presente em que me tocavam e eu tentava gritar, onde eu desistia de lutar e pensava em morrer, onde eu esperava desmaiar mais rápido do que nas outras vezes para não ter que vivenciar aquilo por muito tempo, onde eu me sentia fraca e não conseguia ficar em pé, onde eu me esqueci dos meu poderes, porque a minha cela era do mesmo material das algemas que colocaram na Wanda e eu nem sei como eu consegui abrir as travas, todas as vezes que eu era usada, só pensava que queria está nos seus braços, te beijando, te amando, sentia uma pontada no peito, toda vez que lembrava de você ferida no chão da sala do Guardião da Morte e quando eu cogitava a ideia de você não ter resistido, eu dormia em meio as lágrimas, passei a não comer, não sabia a diferença do que era real e do que eu estava imaginando.

- Meu amor

- Espera, deixa eu acabar. Todo o meu corpo implorava pela morte, quando testavam formúlas de controle mental em mim, todas as vezes, repito TODAS as vezes, eu pensava em me deixar levar, em desistir, em deixar meu corpo partir, aí me passava pela mente todas as noites em que eu fofocava sobre você com a Wanda e ela sobre a Carol, comíamos minha maior especialidade, o brigadeiro Castro, como eu gosto de chamar, lembrava das risadas, de dormimos na minha cama no meio dos filmes da disney, ou de quando eu e o Peter, competíamos para ver quem era mais rápido, minhas habilidades, ou suas teias, quando ele tinha crises de ansiedade, porque ninguém além dos vingadores lembravam dele, quando ele me disse que iria passar umas duas semanas fora para por a cabeça no lugar e eu dei graças a deus por ele não está naquela batalha, se eu perdesse ele, já tinha desistido a muito tempo, também lembrava do meu pai, que me prometeu que quando eu estivesse segura, ele me levaria para conhecer sua família, em especial, a minha irmã, quando ele me botava para dormir contando histórias que minha mãe não teve a chance de contar e dizendo o quanto me amava, mas tudo que mais passava na minha cabeça era você, VOCÊ Yelena, minha namorada, minha companheira, meu amor, sentia falta do seu toque, de seus sussurros sedentos no meu ouvido, do seu carinho, do seu péssimo gosto para filmes, lembrava do seu cheiro, da cor dos seus cabelos, do seu sorriso que me deixa louca, lembrava dos nossos encontros, dos desafios e me mantinha viva, para você, para todos vocês.

- Meu bem, me desculpa por te forçar a falar ( naquele momento estávamos ambas com os rostos cobertos de lágrimas )

- Ainda tem mais, espera. Não se sinta culpada por nada, absolutamente nada, eu te amo mais que tudo, você não tem culpa, ninguém tem, a escolha de ir foi minha, não queria que ninguém se machucasse, EU escolhi isso e quando eu me afasto, quando não olho nos seus olhos, não te digo eu te amo, é simplismente porque não me sinto digna de alguém como você, do seu toque, do seu amor, eu me sinto suja por ter deixado ele me usar, me sinto mal por não ter resistido a força dele, me sinto sozinha, triste, vazia. ( notei que ela começou a soluçar, ent a abracei e choramos juntas até dormimos e nos sentimos uma só )

Para Sempre e Sempre  Yelena e s/nWhere stories live. Discover now