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POV-SN

Sabe quando você tem certeza que está na realidade certa? Que fez as escolhas certas? Que aproveitou as oportunidades certas? E que amou a pessoa certa? Pois bem, nesse exato momento, sentada em uma cadeira bege clara, com detalhes de metal polido, confortável e chique, com um vestido preto de um ombro só, um salto alto dourado, uma jaqueta de couro, ouvindo levemente as badaladas de um relógio marcando meia noite, apreciando o vento gelado que encobre o meu rosto e me faz sentir como em uma caminhada de bike por Paris, o lugar mais encantador que eu já visitei, observando a doce e incrível vista, em uma noite iluminada pela maravilhosa lua, em um tom tão harmonioso e delicado, que se assemelha a uma obra de arte, os carros, que a menos de uma hora a trás eram muitos, nesse momento é perceptível apenas dois, os prédios, altos e iluminados, continuam da mesma forma, mas daquela altura, com aquela brisa e aquele momento, noto coisas que nunca notei, como o fato de que a torre dos vingadores é alta o suficiente para ser vista de quase todos os pontos da cidade, ou a cafeteria em tons pastéis, na esquina do hotel para animais onde sempre deixo minha gata.

Enquanto me distraia com a vista e com os detalhes que nunca observei suficientemente bem para notar, consegui acompanhar o olhar de uma loira que era direcionado especificamente para mim, a moça um tanto quanto diferente, inevitavelmente bela, uma postura digna de admiração, um cabelo impressionantemente alinhado para a altura e o vento a qual ela presenciava, uma forma de se expressar harmoniosa, que a dava uma imagem de durona, o que não era de se discordar, já que por trás, era a criança assassina da sala vermelha, usava um terno branco, seus olhos de um tom de verde expressante e vivaz, foram levemente dilatados quando a encarei também, ambas se olhando com o se aquele fosse o último momento juntas e esse cenário representado tão atentamente e longo, parece até minutos, mas duraram pouquíssimos segundos e foi finalizado com o fim do toque do relógio, ao mesmo tempo que um garçom levou a conta embora e nos deu a garrafa de vinho que havíamos comprado

- Pronta para mais uma surpresa, Castro?

- Com certeza, Belova

Foi assim, com apenas três palavras, que fui parar com meus saltos na mão, correndo descalça por Nova York vazia, com o amor da minha vida, enquanto tudo ao meu redor era apenas o silêncio do luar e as risadas de Yelena eram a única coisa que meus ouvidos se permitiam escutar, o vento, que já não era pouco, batia com intensidade em meu rosto, meus cabelos voavam e o pouco frio que tinha, me consumia, de repente, estava sentada na ponte olhando para o lago da cidade, com um vinho na mão, já pela metade, sorrisos que não pretendiam sair, já haviam estampado nossos rostos, tudo como dá primeira vez, todas as sensações, as esperanças, as imagens de um futuro juntas, o calor do momento, que subia cada vez mais, o cheiro de grama molhada, o aperto das mãos juntas uma na outra, até mesmo a conexão.

Só tinha uma coisa que não era mais como antes, no presente, naquele segundo encontro na ponte, novamente onde tudo começou, nossas mentes voavam para o medo, a imagem de um futuro que poderia não acontecer, a possibilidade de um adeus, não posso negar que tudo aquilo era incrível, mas o fato daquilo poder ser a última vez, o último momento, o último vinho que iríamos tomar juntas, a última vez que vou elogiar seus ternos e bom gosto para moda, a última olhada apaixonada, o último encontro, o último sorriso, o último salto que colocarei no pé, a última lágrima, era demais para ambas, o peso da incerteza era grande demais e insuportável demais, nada era justo, mas nos separar, era definitivamente, o mais injusto que poderia acontecer.

- Yelena ( falei em um quase sussurro, quebrando o silêncio confortável que havíamos estabelecido enquanto olhávamos o lindo lago e adimiravamos a obra prima que era o mundo, todas as luzes, todos os sons, todas as folhas, de todas as árvores, todas as TVs ligadas até aquela hora, Todos os pássaros, todas as janelas, que abrigavam tantas famílias, com tantas histórias, tantos passados, tantos presentes e principalmente, tantos futuros, em cada vidro que conseguíamos perceber, se encontrava uma narrativa diferente, em uma, teria uma mãe jovem, que engravidou na adolescência e criou seu filho sozinha, em outra um casal de idosos que se amam mesmo depois de 50 anos juntos, em outra, irmãs que moram juntas, em outra, duas mães com filhas gêmeas de três anos, ou pelo menos era o que eu gostava de imaginar, já que não poderia realmente saber o que se passava dentro de cada casa, principalmente, como era o fim de cada história, o que me deixava mais assustada, era que cada uma daquelas moradias, abrigavam enredos que eu talvez nunca pudesse viver )

- Não, Para !

- O que ? Você nem sabe o que eu vou falar

- Sei sim, você vai falar " Meu amor, se nada disso der certo, se essa for nossa despedida, foi o melhor adeus que eu poderia receber ", então todo o clima vai acabar e eu vou ficar encarando a lua enquanto me imagino sem você, afiando a lâmina de uma faca para matar o desgraçado que tirou sua vida

- Tudo bem, já que você já sabe, só vou complementar com mais uma coisinha ( faço o gesto com os dedos da mão, indicando pouco, para evidenciar minha frase no diminutivo)

- O que ?

- Qualquer coisa, fiz uma carta para cada um de vocês, está na caixa em cima do armário, entregua a todos, na primeira reunião sem mim?

- Não

- O que ? ( pergunto perplexa )

- Eu disse não porque você NÃO vai morrer, me ouviu ? NÃO vai morrer, nem que para isso eu tenha que ir no seu lugar

- Não fala isso nem brincando vida

- Não estou nem perto de brincar

Dramaticamente, a noite acabou e eu já estava oito da manhã, na porta da empresa do meu pai para uma reunião de negócios, fiquei surpresa em ser chamada para algo como isso, já que não me benefício de nada que seja do Tony. Só sei que fiquei levemente desesperada, ao sair do carro e ser rodeada de repórteres e flashes.

- Sn, sn

- Oi, como posso ajudar? ( questiono um dos repórteres, que estendeu o microfone na minha direção e perguntou em um ao vivo )

- Senhorita Stark, como foi saber que você é filha de um milionário e que agora é rica ?

- Primeiro, eu sempre soube que meu pai era o Tony, mas nunca o procurei, nem precisei, segundo, meu nome é Sn Castro Stark, mas pode me chamar de Sn Castro, porque eu não preciso do sobrenome do meu pai para conquistar qualquer coisa que seja, muito menos do dinheiro dele, se eu quiser fama e reconhecimento, dinheiro e coisas do tipo, vou trabalhar duro para isso e não vai ser meu sangue que vai decidir por si só, sou maior de idade, formada, trabalho, namoro e tenho uma história aterrorizante por trás, se você quiser saber sobre meu pai ou o nome que ele carrega, pergunte a ele, se quiser falar comigo, pergunte sobre mim e sobre o que EU conquistei, mas principalmente, nunca esqueça, que para conquistar o SEU sucesso, você precisa fazer a pergunta certa na hora certa e você disperdissou a única oportunidade que te dei.

- Nunca mecham com a pessoa errada, principalmente se ela andar com alguém mais errado ainda ( dessa vez quem fala é a minha namorada, que sai do seu carro e vai em minha direção )
Desculpa o atraso, o trânsito estava impossível ( ela fala no meu ouvido, enquanto segura minha cintura por trás e me abraça com uma mão só )

- Meu Deus, você namora a nova viúva negra ( uma repórter fala animada, parece que ninguém dos jornais investiga muito )

- Sim, isso mesmo e podem me chamar de... tigresa

Para Sempre e Sempre  Yelena e s/nWhere stories live. Discover now