oito.

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LOUIS.

ACORDEI pensando nele. E também havia dormido pensando nele. Mas era natural, certo? Eu estava usando as roupas do cara, dormindo sob seu teto, completamente pasmo com sua generosidade.

Era gratidão, só isso. Eu estava apenas muito, muito grato. Não tinha nada a ver com o fato de ele ser absurdamente gostoso e, de toda forma, não importava, porque ele era hétero. Só que eu não conseguia deixar de pensar em como ele havia me olhado ontem à noite, quando saí do banho. Eu tinha voltado para o quarto usando a calça, mas o jeito como ele olhou fixamente para meu corpo fez com que eu achasse que tinha esquecido de vesti-la. Tive que
olhar para baixo para garantir que a calça estava onde deveria. Naquele instante, a atração entre nós me pareceu inegável.

Mas ele deixou o quarto tão rápido depois disso que eu não tinha certeza de mais nada. Que merda, Louis. Deixe de bobagem. Ainda que Harry fosse gay, o que ele não é, por que se interessaria por você?

Não se interessaria. Porque poderia ter quem quisesse. Alguém tão inteligente e sexy e bem-sucedido quanto ele. Alguém com uma carreira. Alguém maduro. Alguém que tivesse educação superior, uma casa linda e uma Ferrari na garagem - talvez duas. Era esse tipo de cara que ele iria querer, e o tipo de cara que ele merecia. Não um imigrante inglês desalinhado que nem sabia ao certo onde ia arranjar sua próxima
refeição.

Além disso, eu tinha coisas demais a fazer naquele dia para me distrair com Harry. Peguei o celular para ver se Jake havia ligado ou mandado uma mensagem de texto e notei que recebera uma mensagem de voz dele.

Com o telefone no ouvido, dei play na mensagem.

- Ei, cara, é o Jake. Estou tentando falar com você, mas seu celular me manda para a caixa postal. Provavelmente você já deve ter chegado. Enfim... meu carro quebrou nas montanhas e ficarei preso aqui por mais um ou dois dias, até o carro ser consertado. Desculpe não poder buscá-lo no aeroporto, mas você pode pegar um táxi e ir direto para o
apartamento. Fica em Hollywood, vou te passar o endereço por mensagem de texto. Meu amigo Justin mora lá e está esperando por você. Ele também é a pessoa com quem deve falar sobre trabalho que pague em dinheiro vivo. Vou mandar o contato dele para você. Desculpe mais uma vez por eu não poder buscá-lo. Espero que chegue bem. Tchau.

Chequei minhas mensagens e vi que Jake havia me enviado um endereço e informações de contato de alguém chamado Justin Bieber. Logo mandei uma mensagem de texto para Justin dizendo que eu era o amigo de Jake que havia alugado o apartamento e queria me mudar para lá naquele dia. Também perguntei se ele sabia de algum trabalho imediato que pagasse em dinheiro vivo. Eu falara com minha mãe na noite anterior e, depois de se desesperar com o que havia acontecido comigo (e de exigir saber se Harry era um astro do cinema), ela prometera transferir minhas economias assim que o banco abrisse na segunda.

Eu esperava que Justin me arranjasse algum trabalho que desse para pagar os gastos dos próximos dias. Deixei o telefone de lado e abri a gaveta da mesinha de cabeceira, esperando encontrar uma caneta. É claro que havia uma caneta. E um bloco de anotações, e uma luz de leitura, e uma caixa de fósforos. Harry deveria ser gerente de hotel ou algo assim, pensei. Ele é tão bom nisso. Provavelmente deve ser bom também em seu trabalho real. Provavelmente deve ser bom em tudo.

Sentando com as costas apoiadas na cabeceira da cama, abri o caderno em uma página em branco e escrevi tudo que me lembrava dele da noite passada e de como eu me sentira vendo-o sentado à minha frente. Depois de encher uma página inteira, fechei o caderno e o devolvi à mesa de cabeceira.

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