nove.

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HARRY.

ENQUANTO EU ESTAVA na academia me punindo com um treino
especialmente pesado naquela manhã, Gemma me ligou de novo e deixou uma mensagem de voz implorando que eu fizesse a ela outro favor - será que eu poderia ajudar Louis a localizar o amigo dele e levá-lo aonde precisasse ir?

Voltando para casa, liguei para ela e falei um monte, embora, no fundo, eu não me importasse. Eu gostava de verdade do Louis e queria me certificar de que ele estava bem. Além disso, eu estava raciocinando bem melhor naquela manhã.

O que acontecera na noite anterior era culpa das trevas que me engoliram.

Da hora avançada.
Do vinho
E da solidão.

E Louis era muito carismático. Foi uma combinação perfeita de fatores que mexeu comigo, me fez achar que eu queria algo que não queria de fato.

Hoje seria diferente. Eu jamais confessaria meu pecado em voz alta, mas, pelo menos, poderia espiá-lo com gentileza. E, se eu sentisse o menor sinal do que sentira na noite passada, não deixaria que a sensação me dominasse - eu resistiria.

Então eu o vi usando minhas roupas, e a primeira coisa que pensei
foi: Tire tudo.

Não porque eu não queira que você as use, mas porque quero vesti-las agora mesmo, senti-las em meu corpo como quero sentir você.

Não eram exatamente palavras de resistência. Mas me recuperei, mantendo a cabeça no lugar mesmo enquanto ele andava pela cozinha como se morasse ali. Era tão bom que eu precisava argumentar comigo mesmo de forma condescendente.

O problema não é ele. É que você está sozinho. Quer alguém com quem
dividir sua vida. Deseja esse tipo de proximidade com alguém. Você
gosta de cuidar das pessoas, e ele parece precisar de cuidados. Não confunda as coisas.

Durante o café da manhã, me saí bem enquanto não fizemos contato
visual. Porque cada vez que fizemos, senti que involuntariamente revelava a ele um pouquinho do meu segredo. O efeito que isso teve em mim foi inquietante. Eu nunca havia sentido nada assim.

Óculos escuros - isso ajudaria.

Peguei os óculos na prateleira do corredor dos fundos e os coloquei no rosto.

- Pronto para ir?

- Sim - ele disse, mostrando a tela de seu telefone para mim. - Aqui está o endereço.

Eu me encolhi um pouco ao pensar num apartamento naquela área, mas, para Louis, Hollywood provavelmente parecia o endereço mais glamoroso da Califórnia. Eu não queria decepcioná-lo.

- Já sei onde é.

No trajeto, perguntei a ele qual era seu plano.

- Meu plano para o quê?

Olhei para ele de relance. Parecia totalmente despreocupado, embora
não tivesse nada além de um celular, uma sacola com roupas sujas e um caderno com seu nome.

- Para morar aqui. Você deve ter feito um plano antes de vir para cá,
certo? O que pretende fazer, do que vai viver?

- Oh. - Ele não disse nada por um instante. - Na Inglaterra, dizemos "se quiser fazer Deus rir, conte a Ele seus planos".

i choose you.Where stories live. Discover now