vinte.

297 39 4
                                    

LOUIS.

    FICAMOS LÁ PARADOS, respirando com dificuldade e cobertos por nossos fluidos corporais, a mão dele ainda segurando os paus.

   Pisquei algumas vezes, ainda duvidando se ele não era um fantasma. Ou talvez um sonho. Bom, com certeza aqueles olhos verdes e aquelas covinhas eram um sonho. Mas ele estava mesmo ali. Ele continuava no mesmo lugar, os quadris sólidos e firmes e reais sob minhas mãos, o hálito quente em meu rosto. Eu não queria me mexer nem falar com medo de quebrar o encanto.

   Era seu coração acelerado que eu ouvia? Ou era o meu?

    E meu corpo queria correr por todas aquelas tatuagens, principalmente a borboleta do seu abdômen, tão linda.

    – Uh. Desculpe. – Tomando cuidado para não sujar o carpete, ele nos soltou.

   – Não se desculpe. – Decepcionado, tirei minhas mãos dele, embora o que eu quisesse fosse puxá-lo mais para perto. – Foi ótimo.

   – Foi. – Ele soltou o ar, fechando os olhos por um instante. – Eu já volto.

    Ele pegou sua calça e saiu do quarto, e eu usei rapidamente o banheiro do corredor. De volta ao quarto de hóspedes, acendi o abajur na mesinha de cabeceira e vesti a cueca e a calça do agasalho que ele me emprestara.

    O tempo todo, tudo que eu pensava era, mas que merda é essa? Por que ele continua pedindo desculpas? Foi lá se lavar para me tirar do corpo dele de novo? Olhei para as minhas mãos, e quase me senti sujo também. Mas não me arrependi de tocar em Harry ou deixá-lo me tocar.

   – Oi.

   Ao ouvir sua voz, olhei para cima. Ele estava parado na porta, de jeans, mas sem camisa. Ainda expondo as belíssimas tatuagens.

   Diferente de como invadira meu quarto antes, de forma tempestuosa, só desejo e músculos, agora parecia quase com medo de entrar.

   – Oi. – Sorri para ele. – Pode entrar.
Ele avançou pelo quarto alguns passos, parando bem perto de onde eu estava. Remexeu-se. Enfiou as mãos nos bolsos.

    – Ouça, sei que você não quer outro pedido de desculpa nem justificativas, mas acho que lhe devo uma explicação.

   – OK.

   – Você deve me achar um babaca – prosseguiu –, que entrou aqui daquele jeito e lhe disse aquelas coisas.

   – Não o acho nem um pouco babaca.

   – Você deve achar alguma coisa – ele continuou, passando a mão nos cabelos, deixando-os despenteados. Havia frustração em sua voz. – Você mal esboçou uma reação hoje cedo enquanto falávamos sobre o que aconteceu na noite passada. Aquilo me deixou maluco.

   – E como eu deveria reagir? – olhei para ele, incrédulo. – Você disse que não tinha significado nada. Disse que estava bêbado. Disse para esquecer que tinha acontecido. Era isso que eu estava tentando fazer. – Hesitei, imaginando quão direto eu deveria ser, e decidi falar sem rodeios. Talvez ele quisesse ouvir a verdade. Talvez fizesse diferença. – Mas é inútil, Harry. Jamais vou esquecer o que aconteceu entre nós, ontem à noite ou hoje. E acho que você também não esquecerá. Mas, se não tiver gostado e quiser fingir que nada aconteceu, de novo, tudo bem.

i choose you.Where stories live. Discover now