dez.

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LOUIS.

EU DEVIA TER RESISTIDO. Quase consegui. Eu viera para cá sabendo que seria difícil. Eu não temia dificuldades. E não queria que Harry pensasse que eu não sabia me virar sozinho.

Não queria que ele achasse que meus problemas eram da conta dele. Não queria que me visse como alguém que precisava ser salvo, porque eu não precisava.

Mas é claro que fui embora daquele apartamento com ele. Justifiquei o ato dizendo a mim mesmo que só um idiota se permitiria ser orgulhoso a ponto de ficar naquele lugar imundo, mas, no fundo, sabia que não era bem isso.

A verdade era que eu gostava do Harry. Gostava de como ele assumia o controle da situação. Gostava do tom cortante de sua voz rouca. Gostava do olhar que ele tinha quando queria que as coisas fossem feitas do seu jeito, um olhar de não ouse me desafiar. E, quando eu olhava para a vida dele, via alguém que tinha feito as coisas direito.

Ele havia decidido o que queria e fora atrás. Eu sabia que poderia aprender com ele. Ele havia acabado de cruzar a porta que dava para as escadarias quando o alcancei.

- EI! - eu disse. - Não precisava ter feito isso.

- Sei que não. - Colocou os óculos escuros de novo. - Quanto pagou por aquele colchão de merda?

- Quatrocentos dólares.

- Pegue de volta. Por metade desse valor, alugo meu quarto de hóspedes para você por duas semanas. - Ele começou a caminhar na direção do estacionamento e eu o segui.

- Pagarei os quatrocentos. - Aceitar sua generosidade era uma coisa, mas eu queria fazer a minha parte. Meu orgulho exigia isso.

- Você não pode pagar tudo isso agora, Lou. Acredite em mim. Sei quanto custa um apartamento decente por aqui.

- Então devolverei o dinheiro um dia - argumentei, só um pouco desconcertado pelo fato de ele ter me chamado de Lou. Sugeria familiaridade, proximidade até. Gostei. Chegamos ao carro e entramos.

- Quanto você tem guardado? - ele perguntou.

- Uns três mil dólares.

Ele olhou para mim. Piscou.

- Precisamos arranjar um trabalho pra você.

- Claro. Era o que eu pretendia fazer.

- Você não disse isso quando perguntei antes se você tinha um
plano. - Sua testa franziu.

- Porque, se eu dissesse - admiti -, poderia não dar certo.

Ele pareceu ainda mais confuso e desconfiado.

- É uma crendice inglesa?

Quase sorri.

- Sim.

Suspirando, ele deu a partida.

- Correndo o risco de atrair azar para você ou algo assim, verei se posso ajudá-lo de alguma forma. Talvez, Gemma possa arranjar um trabalho para você no bar.

i choose you.Where stories live. Discover now