quatorze.

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LOUIS.

    EU ME AGACHEI, momentaneamente aturdido.

    Não sei quem estava respirando mais rápido, Harry ou eu.

    Oh, meu Deus.

    Não acredito no que acabou de acontecer. Olhei para ele, que me encarava como se nunca tivesse me visto antes.

   – Jesus – sussurrou.

   E então se foi. Acho que nem fechou o zíper das calças, apenas saiu.

    Pouco depois, ouvi passos na escada, seguidos por uma batida de
porta. Merda. Ele estava bravo? Com o quê? Eu não o havia forçado. Ele tinha me beijado. Talvez eu tivesse ido longe demais. Mas perguntei antes se podia tocá-lo, não? E ele não me mandou parar em nenhum momento, nunca me afastou, nunca demonstrou que não estivesse gostando. Na verdade, pareceu estar gostando muito. Quase tanto quanto eu.

   Eu me levantei e arrumei o cavalo da calça. Aparentemente, meu pau não havia recebido a mensagem de que havíamos terminado. Ainda estava duro, e pensar no que tinha acabado de acontecer só o fez
endurecer ainda mais.

   Eu ainda conseguia ouvir o gemido rouco do Harry, ainda sentia o cheiro dele no ar, o pau dele deslizando entre meus lábios.

     Eu ainda sentia o gosto dele.

   Respirando fundo, me escorei na bancada e fechei os olhos, tentando
acalmar meu corpo. Mas, Jesus, o jeito como ele perdeu o controle foi sexy pra caramba. Eu não esperava aquilo – não esperava nada, é claro. Nem deu tempo de pensar. Mas ele havia passado da imobilidade e da permissividade para a ação, agarrando meu pescoço e enfiando o pau até o fundo da minha garganta num instante, como se tivesse surtado.

   Aquilo foi uma surpresa. A rapidez com que aconteceu. A agressividade. A intensidade. Eu tinha adorado cada segundo.

   Não que tenha havido muitos. A coisa toda aconteceu tão rápido que minha cabeça ainda estava girando. Eu me virei e fiquei de costas para a bancada, olhando para a pia onde havíamos lavado a louça. Aquela proximidade quase havia me matado.

   Ele tinha ficado tão próximo que eu me perguntara se estava fazendo aquilo de propósito.

   Quando colocou a mão sobre a minha, fiquei ainda mais confuso – os caras héteros não tocavam uns nos outros daquele jeito, certo?

   E então ele disse aquelas palavras. Às vezes, não sei o que quero.

   Não tenho o melhor gaydar do mundo, mas àquela altura eu tive certeza de que ele estava me dizendo que sentia atração por mim. Aquilo me excitou e assustou – eu estava louco por ele, mas e se estivesse enganado? E se fizesse algo e ele se ofendesse? E se ele só estivesse sendo americano e desabafando sobre seus problemas pessoais e aquilo não tivesse nada a ver comigo? Como britânico, eu estava acostumado com as pessoas sendo indiretas, mas aquilo era mais que uma conversa casual. O risco era grande.

   Então, tirei minha mão. Se ele me quisesse, teria que demonstrar.

   E demonstrou. Quase tive um ataque cardíaco quando ele me agarrou pelos braços. A forma como ele me beijou, como se estivesse sufocando e eu fosse uma lufada de ar  fresco, não deixava dúvidas – ele também sentia que havia algo entre nós.

   Fosse ele gay ou hétero ou qualquer outra coisa, não importava, a atração estava lá e, meu Deus, era intensa.

   Mas então qual era o problema do Harry? O que o estaria deixando chateado? Seria culpa? Ele havia dito que Kendall não era sua namorada, mas mesmo assim devia se sentir mal por enganá-la, ficando comigo, ou algo do tipo. Harry era um cara tão legal que poderia mesmo ser isso.

    Eu não havia sentido nenhuma química entre eles naquela noite, mas talvez fosse porque eu não quisesse sentir.

   Também podia ser que Harry se sentisse mal porque eu era seu hóspede e ele já estava fazendo tanto por mim. Talvez achasse que eu me sentira pressionado a retribuir sua gentileza com sexo ou algo assim. Era ridículo, e eu esperava que fosse óbvio para ele o quanto eu desejara aquilo, mas podia imaginá-lo se sentindo mal por isso.

   Ou talvez tivesse ficado horrorizado com o que havíamos feito. Talvez tivesse nojo. Talvez estivesse lá em cima lavando e esfregando o corpo para eliminar as evidências e implorando perdão a Deus.

   Eu esperava que não, mas isso não importava. Estava claro que ele
não se sentia bem com o que havia acontecido. Aborrecido com aquele pensamento, apaguei todas as luzes e subi, olhando de relance para a porta fechada do quarto do Harry, mas indo
direto para o quarto de hóspedes, fazendo o mínimo barulho possível.

   Depois de me despir, fiquei deitado de costas sob as cobertas, com as mãos cruzadas atrás da cabeça, pensando em como seria o dia seguinte.

   O que ele diria. Como agiria.

   Em meu íntimo, eu sentia que seria melhor deixá-lo ditar as regras e então segui-las. Se ele quisesse fingir que nada havia acontecido, tudo bem.

   Não precisávamos falar sobre aquilo. Nada precisava mudar, e eu esperava que ele não me mandasse embora só porque as coisas haviam esquentado entre nós. Não era para tanto. Poderíamos voltar a fazer as coisas como fazíamos antes de ele ter me agarrado. Deixar para .

   Continuar amigos. Não era como se eu não estivesse acostumado a ocultar minha sexualidade, e eu não queria que nada de ruim acontecesse com Harry.

   Dito isso, eu faria tudo de novo sem pensar duas vezes.

    Faria ainda mais.

i choose you.Where stories live. Discover now