vinte e quatro.

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LOUIS.

     TERMINEI DE ESCREVER em meu caderno, coloquei-o de volta na gaveta e apaguei o abajur.

    Não tinha escrito muita coisa, só algumas impressões, mas não queria jamais esquecer o quanto fora bom. E, se acordasse no dia seguinte e nada daquilo fosse verdade, pelo menos
teria um registro do que sonhei. Olhei de relance para a porta, que eu deixara entreaberta em uma espécie de convite indireto.

    Porque, embora fosse adorar dormir ao lado dele – na verdade, o que gostaria mesmo era que ficássemos acordados conversando e nos beijando e tocando um ao outro a noite toda, algo que eu jamais fizera nem quisera –, voltar para a cama dele pareceria muita presunção minha.

    Se ele me quisesse lá, viria me buscar, mas, se não viesse, também não tinha problema. Eu entendia que havia alguns limites que ele não queria cruzar. Não ainda, pelo menos.

     Depois de alguns minutos de silêncio, soube que ele fora para a cama e me ajeitei sob as cobertas. No escuro, nem precisava fechar os olhos para relembrar os meus momentos favoritos daquela noite. O olhar dele enquanto tinha meu pau na boca. A forma como se movera dentro de mim, devagar no início, depois com toda a paixão avassaladora de uma tempestade de verão.

   Sua voz, rouca e macia. Eu estaria mentindo se dissesse que poderia abrir mão do que temos. Com certeza, tinha sido o boquete mais gostoso que eu já recebera, o melhor sexo que já tivera e jamais esqueceria a expressão do Harry ao perder o controle dentro de mim. Ele havia se entregado completamente, de forma tão apaixonada.

    Mas era de suas palavras que eu mais gostava. Ou talvez de sua sinceridade. Sua vontade de tentar ficar comigo. Ele havia percorrido um longo caminho em poucos dias.

   Nenhum de nós sabia onde aquilo ia dar, mas ali era a Califórnia. Tudo era possível, certo?

   Sorrindo, virei de barriga para baixo e me estiquei. Eu não procurara nada daquilo. Mas estava muito feliz de ter encontrado.

(...)

 
    NA MANHÃ SEGUINTE, tomei banho, me vesti e desci a escada, e então tive uma surpresa – Harry estava à mesa, tomando café e usando seu laptop. Seu cabelo estava um pouco úmido, e ele vestia jeans e camisa casual. Estava descalço. Pode ter sido minha imaginação, mas ele me parecia muito mais relaxado do que nos últimos três dias. Nada de testa franzida, lábios comprimidos, tensão no pescoço.

    – Bom dia – eu disse, incapaz de tirar o sorriso do rosto. – Achei que estivesse no escritório.

   Ele pousou sua xícara de café.

   – Eu não tinha nada de importante programado, então reorganizei minha agenda para poder tirar o dia de folga. Nem lembro mais a última vez que fiz isso.

   – O que fará em seu dia de folga?

   – Tenho algumas coisas a fazer, mas pensei se você não gostaria de fazer compras. Na verdade, comprei umas roupas para você no sábado, mas não sei se elas vão servir nem se você as quer. – Ele deu de ombros como se não fosse grande coisa. – Eu pretendia deixá-las no seu quarto ontem, mas foi um dia agitado e acabei esquecendo.

   – Você comprou roupas para mim no sábado? – Não sei por que fiquei tão surpreso. Era bem a cara do Harry fazer algo tão gentil. – Não precisava ter feito isso.

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⏰ Last updated: Mar 24, 2022 ⏰

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