Capítulo 2

230 16 0
                                    




André

Sai de casa no momento seguinte em que ela virou as costas, eu precisava de tempo para elaborar um plano que a levasse comigo para Colinas e já que Antônio era o pivô de toda esa revolução em minha vida, seria ele que me ajudaria a convencê-la.

Fui até a fábrica, pois sabia que nesse horário ele estaria lá. Era bem provável que sua cabeça estivesse em Rose e no problema que ele arranjou, porém eu sei que quando eu falasse o que precisava ele me daria atenção.

Subi as escadas de dois em dois degraus para acelerar, eu estava suando de tanto nervoso que eu sentia por nunca descobrir nada do que se passava na cabeça de minha mulher e de um tempo para cá a única pessoa que me fez ter vontade de descobrir algo foi Antônio, com seus jogos enigmáticos, dando a entender que sabia mais do que queria me contar.

— Ainda bem que está aqui! — abri a porta e percebi que Álvaro não estava lá, o que era melhor.

— Estou quase de saída, mas se puder te ajudar em algo. — meu irmão era o típico filho mais velho, sempre centrado esperando que todos precisassem de sua ajuda, mas eu nunca gostei de pedir. Sempre preferi me virar sozinho, dar uma jeito a minha própria maneira. Álvaro dizia que eu deveria aceitar, que Antônio queria que eu fosse mais próximo a ele.

— Você deve me ajudar, Antônio, já que fez toda essa revolução em minha vida, é dever seu me ajudar a concertar. — me joguei na cadeira a sua frente.

— Até onde eu saiba sua vida já era essa bagunça, você só se acostumou com ela. — ele sorriu faceiro. Era sempre assim, ele sempre sabia o que dizer.

— Não mude de assunto — falei tentando evitar o que eu já sabia.

— Diga do que precisa. — ele desencostou da cadeira colocando as duas mãos na mesa e me olhando de forma analítica.

— Ela surtou quando eu disse que iria para Colinas, preciso de ajuda para convencê-la. — soltei de uma vez. — Nem falei nada ainda sobre ela ir e uma guerra se instalou em minha casa.

— Já se sentou em uma conversa civilizada com sua esposa e apontou tudo que precisamos e que não será bom para vocês ficarem tanto tempo longe um do outro?

— Não tem papo com Lana. — bufei irritado.

— Tem que ter, ou vocês dois se conheceram brigando igual cão e gato e resolveram se casar. — me levantei irritado da cadeira. Eu nunca dei tempo para conhecê-la de verdade. O impulso de tê-la só para mim foi maior do que qualquer coisa.

— Sabe que não era assim — e não era. Quando vi Lana pela primeira vez, fiquei encantado. Ela era a menina mais linda que eu já tinha colocado meus olhos. Ela estava perto do convento em que morava e colhia flores com as outras meninas. Duas freiras brincavam com elas e ela sorria sem parar. Eu como indiscreto que sou, as cumprimentei e pedi um pouco de água para as freiras só para poder vê-la mais de perto e os olhos dela se voltaram para mim, tímidos.

Era impossível não pensar nela. Enquanto aguardava, me sentei a uma distância respeitosa dela e perguntei o que faziam.

— Estamos saindo para respirar um pouco, a dias estamos presas dentro do convento por causa da chuva. Estávamos mofando iguais as paredes — e seu riso foi o ponto final para eu ter certeza que queria aquela mulher em minha vida.

Você pretende se tornar freira? Quer dizer vocês? — olhei em volta para todas as outras, eu sabia que estava sendo indelicado, mas tato nunca foi meu forte.

Não, nós somos órfãs. As freiras cuidam de nós — ela deu de ombros e meu coração de eletrizou ainda mais por ela. Era como se eu quisesse que tudo se encaixasse perfeitamente.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoWhere stories live. Discover now