Capítulo 20

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Maria Rita

Andei de um lado para o outro no quarto sem saber como fazer André mudar de idea de querer me levar para conhecer mais a cidade.

Eu não precisava disso, não queria nada daquilo. Já que estava ali queria poder ficar em casa e me sentir segura de que nada aconteceria até irmos embora. Seriam longos 6 meses, mas com sorte ninguém se lembraria de mim.

Me sentei na cama e tirei meus sapatos para massagear meus pés que estavam me matando depois de tantos dias na estrada. Fiz movimentos circulares na planta indo em direção aos dedos.

— Podemos conversar? — me assustei com a entrada repentina de André no quarto. Ele não bateu, apenas entrou pela porta compartilhada. Confirmei com a cabeça e continuei apertando meus pés como se sua presença não mexesse comigo. — Está com dor? — ele analisou os movimentos que eu fazia.

— Um pouco, acho que essa quantidade de dias viajando e usando o mesmo calçado acabaram me afetando. — Ele se sentou de frente para mim e puxou meus pés para seu colo.

— Deixa que eu faço isso — me surpreendi mais uma vez com ele e não questionei sua fala por não saber o que responder.

Suas mãos logo começaram a fazer um trabalho divino por meu pé direito e apoiei minhas mãos para trás do corpo, para me sustentar.

A massagem que ele fazia estava começando a aquecer todo o meu corpo e isso era novo para mim.

— O que queria conversar? — acabei soltando um gemido de satisfação e levei minha mão a boca. — Me desculpe! — ele sorriu convencido — Você sabe bem o que está fazendo.

— Sempre fiz massagem nos pés da minha mãe. Ela sentia muita dor por causa dos eventos que tinha que acompanhar meu pai. — concordei com a cabeça fechando os olhos e apreciando ainda mais o que ele fazia.

— Mas ainda não me disse o que queria falar comigo.

— Podemos deixar isso para depois — sua voz estava mais baixa do que antes e preferi me manter de olhos fechado para não sucumbir ao olhar de desejo que eu tinha certeza que ele estaria me lançando agora.

Suas mãos subiram para o meu tornozelo e depois para minha panturrilha. Novamente acabei gemendo de satisfação.

— Maria... — ele sussurrou e abri meus olhos lentamente para encará-lo. O fogo estava estampado em seus olhos e o desejo envolvia todo o quarto. Eu estava afetada pelo que ele sentia e me senti corar. — eu... — ele me queria, e eu o queria, mas eu não podia deixar que ele chegasse tão perto, era perigoso. Perigoso para meu coração que já estava completamente envolvido e apaixonado por ele como nunca esteve nos últimos 5 anos.

— André... — minha voz saiu tão carregada e desejosa quanto a dele e ele não resistiu, se afastou de meus pés e veio em minha direção tomando minha boca da forma que desejei desde a primeira vez que nossos lábios se tocaram no dia do nosso casamento.

Ele estava desesperado, como se o fogo fosse consumi-lo por inteiro. Uma de suas mãos estava em minha nuca me apoiando e me impedindo de fugir a outra sustentava seu corpo sobre a cama.

Eu queria explorar cada espaço que eu podia, minhas mãos se grudaram em sua camisa para trazê-lo ainda mais para mim. Mesmo com medo, eu me apriximei, eu precisava de cada pedaço da sua constancia. Precisava ter certeza que ele estava aqui, precisa dele agora, mais do que nunca.

Aos poucos ele foi me deitando na cama e se acomodando sobre mim, sem tirar sua boca da minha. Nossas linguas dançavam em um ritmo acelerado e desesperado. Meu corpo se arrepiava inteiro a cada toque. O cheiro dele dominava tudo ao meu redor e eu não conseguia pensar em mais nada, exceto em sua presença marcante. Eu queria aquele homem mais do que queria o ar para sobreviver.

Uma de suas mãos desceu por minha perna e se infiltrou por baixo do meu vestido subindo devagar por ela.

— André — chamei sua atenção quando ele tentava afastar a gola alta do meu vestido. Ele parou no mesmo momento para me encarar e se afastou.

— Me desculpe — em seu olhar eu pude ver que ele não estava arrependido e isso fez com que meu coração batesse mais forte. — Eu não consegui aguentar.

— Só vamos devagar — falei baixo sem o encarar. Tudo era novo para mim, inclusive a vontade de ficar com ele e isso me assustava, porque eu queria, mas não sabia como mostrar todas as minhas imperfeições para a pessoa mais perfeita que eu conhecia.

— Claro, novamente, me perdoe por ser tão impulsivo — ele se levantou da cama — Vou para o meu quarto, amanha conversamos. — ele saiu praticamente correndo e eu quis rir da situação, mas não o fiz, porque na verdade o que eu queria era ir atrás dele.

Fui até o banheiro e joguei um pouco de água em meu rosto para tentar acalmar minhas emoções que estavam a flor da pele. O vermelhão em meu rosto mostrava que eu tinha gostado do que tinha acontecido. Minha boca estava inchada e o sorriso não me abandonava.

Isso era estar apaixonada?

Meu coração palpitou mais forte com a pergunta que se instalou em minha cabeça e um frio na barriga me tomou. Tudo tão novo que eu poderia viver assim para sempre sem reclamar. Uma pena que a vida era tão ingrata com algumas pessoas.

Voltei para o meu quarto e fui até o guarda roupas pegar minha camisola, até ela tinha mangas longas,apenas a gola não era alta. Assim que a coloquei fui até a penteadeira para soltar os cabelos.

Tudo parecia diferente naquele momento. A mulher no espelho não parecia tão ranzinza e amargurada. A pele estava radiante e corada. O olhar parecia mais leve e de alguma forma, ela estava mais feliz.

Infelizmente cicatriz que começava na base do meu pescoço e descia por meu colo estava evidente me lembrando que ficar com André seria apenas um sonho.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoWhere stories live. Discover now