Capítulo 7

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André

Eu não sei o que mais poderia fazer para tirá-la do fundo caótico em que ela entrou. Desde que ela confirmou que iria para Colinas comigo, ela não saiu do quarto nenhum dia e era aterrorizante. No final da noite eu entrava de fininho no quarto dela e a observava dormir, esperando que a qualquer momento ela acordasse e me visse ali espantando qualquer sonho ruim que pudesse perturbar o seu sono.

A viagem seria na manha seguinte e nossa casa já estava toda coberta de lençóis para evitar a poeira dos próximos 6 meses.

— Acho que já está tudo em ordem, senhor — Dona Ana se aproximou mostrando todo o serviço que tinha feito — Vou sentir falta do senhor — ela falou afável. Eu a considerava uma avó para mim. — Espero que se resolvam nessa viagem e que tenha uma vida feliz.

—Acredito que será assim, Dona Ana. Ou encontramos a paz ou nos deixamos de vez.

— Ela não é mulher para o senhor — ela sussurrou mas ouvi bem o que disse.

— Eu é que tenho que achar isso. Não a senhora — falei seco e por mais que eu soubesse que ela só queria meu bem, o que eu vi de dor e desespero em Lana me fazia questionar seus reais motivos para tudo. Eu não a julgaria mais, não enquanto eu não soubesse de toda a história.

— Me desculpe senhor, é só que ...

— Obrigada por seus serviços, continue cuidando da casa enquanto estivermos fora. — falei saindo em direção ao quarto de Lana. Bati na porta devagar, mas novamente ela não respondeu. A abri com cuidado e a achei sentada na poltrona olhando pela janela mais uma vez. — Já terminou de arrumar as malas?

Ela me olhou confirmando com a cabeça e voltando a olhar para a janela.

— Lana, se for assim que será nossa viagem ... — entrei em seu quarto irritado, eu precisava de mais do que isso. Parei atrás dela e freei a vontade de tocá-la.

— Eu só estou tentando assimilar, André. Eu preciso de tempo. — suspirou.

— Já se passaram 15 dias desde que tivemos essa conversa. — era frustrante.

— Não é o suficiente.

— Claro que é, 15 dias Lana. Se quiser desistir ainda está em tempo — me virei de costas tentando ignorar a raiva que se alastrava feito fogo por minhas veias.

Era irritante saber como ela tinha o controle de todas as minhas emoçôes. Achei que depois daquele dia as coisas melhorariam entre nós, mas o que aconteceu foi o inverso, ela se afastou ainda mais e sempre que a questionava, ela dizia que precisava de tempo. Mas tempo para que?

— Eu vou com você e não há o que me faça desistir agora, só preciso de espaço. É muita coisa para desafogar dentro de mim. — ela se virou e seu semblante continuava triste como nos últimos dia. A cada dia ela parecia mais abatida e frágil e tudo dentro de mim só queria pegá-la no colo e fugir.

Nem eu mesmo conseguia entender o sentimento de proteção que cresceu dentro de mim.

— Me deixe te ajudar. Eu já te disse isso mais de uma vez. Me deixe fazer parte de sua vida.

— André, a partir de amanhã tudo virá a tona. Você ficará tão soterrado que nunca mais irá olhar para mim. — cheguei mais perto encanrando de perto seus olhos tristes.

— Você e seus enigmas — sussurrei — Olhe para mim — pedi.

— Não tem medo? — ela falou e precebi que novamente sua boca estava cortada.

— Medo? — perguntei olhando fixamente para ela.

— Medo do que vai descobrir — sua voz estava embargada.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora