Capítulo 13

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André

A água fria caia em meu corpo me despertando para um novo dia, tentando desnublar a noite em claro ouvindo seus suspiros e temores. A cada movimento que Lana dava na cama um novo som era emitido de sua boca. Sons de medo e sofrimento. Uma dor enorme que eu não poderia suportar em seu lugar.

Acordar com seu carinho e seus olhos me observando também foi algo novo que achei que nunca aconteceria e isso me deixava ainda mais intrigado em saber quem era a Maria Rita por debaixo da Lana. Talvez as coisas não estivessem 100% perdidas.

Me troquei no banheiro e a encontrei sentada na poltrona. O quarto já estava todo arrumado, uma coisa que ela não precisaria fazer aqui no hotel. Nossas malas estavam uma ao lado da outra sobre a cama perfeitamente organizadas.

Quando em fim coloquei meus olhos nela, eles se encontraram e eu perdi o folego com o pequeno sorriso que brotou em seus lábios. Parecia que eu tinha sido transportado a 5 anos atrás e estava vendo pela primeira vez a moça que roubou todos os meus sentidos.

— Não quer mesmo descançar mais um pouco? — ela me perguntou se levantando.

— Eu estou bem, dormi o suficiente — falei no automático, eu ainda não sabia como agir perto dela quando ela não estava no modo Lana de ser, me atacando e revidando tudo que eu fazia por ela.

— Ah sim — ela falou um pouco descepcionada com a minha reação.

— E você, tem certeza de que está bem? — fui em sua direção. Eu não queria que voltassemos a ser o casal discordia.

— Estou bem, dormi até demais, deveria ter me acordado. — ela sorriu de lado e voltou a erguer os olhos para me olhar. — Eu não quero mais atrasar a nossa viagem. Sinto muito por ontem, eu precisava desabafar para continuar. — Parei a dois passos dela, perto o suficiente para ouvir sua respiração — Sinto muito por todo o inconveniente. — sorri com suas declarações, Lana não diria isso. Talvez, bem lá no fundo do meu ser, uma chama de esperança tivesse acabado de acender.

Aqueles sorrisos e aquela demonstração de humildade eram coisas que eu tinha visto na moça que conheci no convento.

— Não se preocupe, quero que me conte tudo o que estiver te afetando de alguma forma, assim poderemos evitar que você sofra como ontem.

— Eu... eu agradeço por isso, André. Vou tentar ser mais clara com você, mesmo que ...

— Não precisa causar dor, querida — amparei seu rosto em minha mão direita. Sua pele era cedosa e quente. Eu estava ficando viciado em tocá-la o tempo todo. Ela deitou seu rosto sobre minha palma aproveitando o carinho que era tão incomum entre nós. — Me conte apenas o que sentir vontade.

— Eu quero que você saiba tudo, mas ainda não consigo falar, não dá... — ela suspirou pesadamente me fazendo ler cada traço de preocupação em seu rosto. Seus olhos agora estavam fechados evitando me encarar.

Não resisti a tentação e me aproximei ainda mais a abraçando e sentido seu corpo quente se encaixar no meu. Todas as reações que eu tinha eram novas, nada que qualquer pessoa pudesse despertar a não ser ela.

Maria Rita cabia perfeitamente em meus braços e um sentimento de posse se apoderou de mim. Mesmo com todos os nossos problemas, eu faria qualquer coisa por ela. Eu me arriscaria a passar por tudo que a atormentava somente para vê-la sorrindo e tranquila. Aquela mulher em meus braços continuava sendo o que eu quis desde o primeiro momento que a vi.

— André.. — ela sussurrou — Promete ficar comigo pelo tempo que conseguir? — processei o pedido tentando entender o que ele queria dizer e não cheguei a qualquer conclusão.

— Eu...

— Só prometa que vai tentar me entender quando a hora chegar — seus enigmas ainda me matariam de curiosidade. Eu não sabia como responder aquele pedido e apenas aceitei deixando que o tempo se encarregasse do que quer que ele significasse.

— Prometo, Maria Rita. Eu prometo ficar com você enquanto você precisar de mim — seu abraço ficou ainda mais forte envolta de meu corpo.

Senti um necessidade gigantesca de beijá-la, mas nós ainda não tinhamos tal intimidade, assim o único local que pude pousar meus lábios foi em sua testa.

— Eu vou estar aqui, Maria, vou estar, eu prometo que só vou embora quando você disser que não quer mais minha presença. — e isso era verdade, eu só sairia dali quando ela dissesse que não me queria mais.

— Não minta para mim, André. — sua voz era suplicante.

— Não estou mentindo — segurei seu rosto com ambas as minhas mãos — Eu não consigo me afastar de você desde a primeira vez que te vi.

— Sinto tanto por não ser o que você esperava — sua voz estava embargada — Sinto tanto por ser tão quebrada a ponto de te quebrar.

— Não vamos pensar sobre isso agora. Vamos apenas tomar nosso café da manha e continuar a viagem. Ainda temos dois dias e meio pela frente. — ela concordou a contra gosto.

Eu não queria me afastar dela, mas o fiz, estendendo meu braço para que ela o laçasse e saimos do quarto como um verdadeiro casal pela primeira vez em nosso relacionamento.

A recepção estava movimentada e Joaquim já nos aguardava.

— Bom dia, senhores — ele disse assim que nos viu. — Posso buscar as malas para colocar no carro?

— Sim, pode sim. — Falei entregando a ele a chave do quarto.

— Já tomou café, Joaquim? — Maria perguntou e olhei para meu motorista que ficou um pouco desconsertado com sua nova amabilidade.

— Já sim, senhora.

— Então vamos tomar para continuarmos — falei agradecendo a Joaquim que me olhava sem entender nada.

Lana nunca foi de falar muito, suas meias palavras eram o suficiente para todos saberem que ela não queria a aproximação de ninguém. Vê-la mais receptiva iria assustar a muita gente, e me dava uma satisfação muito maior do que eu imaginava.

Nos sentamos no café um garçom veio nos atender. Maria quis apenas um café preto e uma fatia de pão caseiro com manteiga. Eu me conteitei apenas com o café.

Admirei a mulher a minha frente enquanto ela observava todo o ambiente, era a primeira vez que ela se permitia ser ela mesma, sem julgamentos e poder acompanhar essa evolução me transformava no homem que eu costumava ser.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoWhere stories live. Discover now