Capítulo 24

200 25 2
                                    

Maria Rita

Meu cérebro entrou em choque ao ouvir aquilo. Como ele poderia se apaixonar por mim, por isso aqui.

— Você só está confuso — falei me afastando, mas na verdade quem estava confusa era eu. — Você pode ter quem você quiser, André. Eu vejo como todas as mulheres olham para você. Todas desejam a sua atenção, desejam o que podem ser ao seu lado. Sei que você merece cada olhar que recebe, cada despertar de atenção.

— Não me importo com isso, desde que descidi me casar com você eu não estive com mais ninguém. — meus olhos se arregalaram. — Eu só queria uma pessoa e fiz meus votos diante de Deus em ser fiel a você. Nunca quebrei essa promessa.

— Você está mentindo... — ele não poderia ter sido fiel a uma casamento como o nosso. Isso nunca aconteceria. Por muito menos os homens buscavam amantes para saciar seus desejos.

— Pois acredite. Eu não sei o que você fez comigo. Nunca tive vontade de estar com mais ninguém. Eu sempre quis conscertar as coisas entre nós. Sempre desejei você.

— André... — eu voltava a chorar, como eu poderia ter perdido tanto tempo sem perceber que aquele homem era maravilhoso em todo seu corpo e alma.

— Maria — ele segurou minha cintura e me trouxe para mais perto dele — Eu só quero tentar uma única vez, nós nunca demos chance apra que esse casamento acontecesse de verdade e estou aqui de coração aberto te pedindo uma chance para deixar que ele aconteça, pois é isso que eu quero. Eu quero você em minha vida.

— Como pode querer ficar comigo? Com um passado como o meu, com o corpo todo desfigurado, com a alma quebrada. O que eu posso acrescentar na sua vida?

— Só seja você, como tem feito desde a viagem. Só me deixe entrar.

— André, eu praticamente matei meus pais, fugindo sem olhar para trás, sem conseguir chamar ninguém para ajudá-los. Eu sou...

— Você era uma criança, estava assustada e com dor, estava com medo, tenho certeza que era isso mesmo que eles queriam, que você sobrevivesse e fosse feliz. — ele me abraçou forte e me agarrei a ele chorando toda a dor que ainda existia em mim. — Mas agora eu estou aqui com você, eu cuidarei para que nada aconteça e te prometo que vamos atrás de quem fez isso com a sua família. — o encarei e vi seu olhar determinado.

— Não quero que vá atrás dele. Você não sabe do que ele é capaz, se ele me reconhecer...

— Ele vai saber que a garota que ele quis não morreu.

— Como sabe disso? —me afastei dele.

—Kate te reconheceu — levei minha mão a boca. — Ela não me disse como, só disse que se você fosse a menina que aquele velho queria, você corria perigo aqui. Já mandei uma mensagem para Antônio, ele está a caminho.

— André eu não quero que mexa com esse vespeiro, não diz respeito a você.

— Sim, diz sim, eu não vou deixar que ele saia impune depois de tudo que fez contra você e sua família.

— Já faz tanto tempo, só vamos embora. Começar a nossa vida de uma vez. Vamos embora, André. Vamos voltar para Antunes, por favor — segurei seu rosto bem próximo ao meu.

— Ele continuará te atormentando, porque você saberá que ele ficou impune. Que está livre, enquanto você se aprisiona em casa com medo de que ele apareça de surpresa. Você nunca será livre se esse homem não for preso, querida e não vou deixar que isso aconteça.

— Não importa.

— Eu me importo, amor, eu me importo — minha boca se abriu quando ele me chamou de amor e eu só conseguia ouvir essa pequena palavras várias e várias vezes em minha mente — Não vou deixá-lo destruir ainda mais as nossas vidas. A partir de agora tudo que aconteceu com você faz parte de mim, quero que confie em mim quando digo que vou resolver qualquer coisa que possa vir acontecer.

— Você não sabe...

— Não, eu não sei e nem você. Mas sabemos que não podemos deixar aquele homem impune e não estaremos fazendo bem apenas a você, mas também a toda cidade que não vive com medo dele.

— Kate te disse isso?

— Kate me disse que ninguém que nasce na cidade tem permissão para sair.

— Então vamos embora. — me afastei dele o maximo que pude para não me derreter de novo em seus braços.

— Só me deixe tentar.

— Uma vez que tentar ele começará a seguir seus passos, André. Você não entende? Ele é o demonio na terra.

— Eu acredito na justiça e que podemos concertar as coisas. Só precisa ter fé. — ele me cercou novamente. — Tenha fé em mim, Maria. Por favor?

— Eu tenho, eu só tenho medo dele te ferir e te tirar de mim também. Eu não suportaria.— coloquei minhas mãos no rosto me lembrando do pesadelo horrivel que ainda dominava minha mente.

— Ele não vai. Eu prometo!

Devagar ele ergueu meu rosto e analisou cada pedaço dele, sua boca desceu sobre a minha e selou meus lábios. Ele me beijava e sussurrava sem parar que prometia estar comigo em cada minuto para nunca mais eu me sentir sozinha e desprotegida. Ele prometia me salvar. E eu acreditei com todo o meu coração.

André era tudo que eu tinha e teria que dar a ele um voto de confiança, assim como ele me deu. Ele me amou quando mais ninguém o fez, me viu quando para todos eu não passava de um borrão. Ele era o homem que me tiraria do fundo do poço e me traria a luz. Era a pessoa a quem eu deveria honrar por tudo que vinha fazendo, pois antes de tudo ele me honrou e acreditou em mim. Se manteve fiel a um casamento falido e uma esposa amarga e me escutou quando eu só sabia chorar.

André com certeza era o homem mais puro que eu conhecia.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora