Perdão filha! Obrigada pai!

873 95 101
                                    

Carlos Torres Pov's:

          É dito que pai mais carinhoso e atencioso responde melhor aos sinais e sentimentos de seus filhos e constroem uma boa base para os mesmos explorarem o mundo de maneira mais positiva.

           Entretanto, quem nasce na monarquia não tem muita opção de escolha. Sua criação, educação e atitudes seguem uma cartilha já elaborada e executada por gerações anteriores. E aquele que nasce com a responsabilidade de sucessão ao trono tem o dever ainda mais rigoroso, visto que cresce tendo que deixar seus sonhos, desejos e vontades em segundo ou terceiro plano, para colocar os interesses do seu povo e do seu país sempre á sua frente, sempre em primeiro lugar.

          Geralmente um soberano continua o legado do seu antecessor, cumprindo a risca as normas já estabelecidas no território. Demonstrando ser a referência, o espelho da nação, e portanto, tornando-se o exemplo de obediência e conduta a ser seguido.

        No entanto, quando se é preciso, o soberano tem autonomia absoluta para modificar as leis que regem seu país. Todavia, não é recomendado nem conveniente mudar o regulamento com frequência ao seu bel-prazer.

         Eu segui o legado do meu pai, modificando apenas as leis referentes à: sexualidade, orientação sexual e matrimônio. Isso foi preciso para que Calliope pudesse assumir o trono em meu lugar, em virtude dela ser minha única herdeira.

          E, da mesma forma como fui criado, a criei. A preparei por anos para seguir meu mesmo caminho.

         Mas, como todo jovem, nós monarcas também passamos por fases de rebeldia. A diferença entre eu e Calliope, é que a fase de rebeldia dela nunca finda, visto que seu poder e instinto de independência sempre se sobressai.

         Fui um jovem sonhador e inconsequente muitas vezes, como é hoje a minha filha. Também namorei e curti muito, inclusive estrangeiras. Até me apaixonei por uma brasileira. Na verdade ainda a amo até hoje. Porém, meu senso de responsabilidade falou mais alto e pensando ser para o nosso bem, rompi nosso romance. Consequentemente, seguimos caminhos distintos.

         Se me arrependo da escolha que fiz? Sim e não ao mesmo tempo. Mas a verdade é que tenho curiosidade até hoje de saber como eu estaria atualmente se tivesse tomado o rumo oposto. Contudo, sou realizado pelas grandes conquistas que alcancei durante três décadas de reinado.

         Casei-me conforme as tradições legais de meu país e me tornei rei ainda  bem jovem. Me propus a aprender a ser feliz da forma como me era permitido. E consegui viver bem com minha esposa mesmo sem amá-la, em virtude da nossa amizade nos proporcionar um bem-estar. Mas, reconheço hoje que eram outros tempos.

        Anos mais tarde, quando enviuvei, retornei ao Brasil embusca de viver aquele amor juvenil, visto que, eu já tinha cumprido com meu dever matrimonial de rei, que era: casar-me ao menos uma vez com uma nobre.

         E me sentindo livre fui atrás dela. Mas, como havia imaginado, a loira dos olhos azuis inocentes já estava casada e com filhos. Tinha me superado e seguido em frente. Então, restou-me a solidão carnal e o aconchego da minha nação.  A Bárbara Brooke, tinha se tornado Bárbara Robbins.

          A partir desse momento, a amargura e a solidão tomou conta do meu ser, me moldando e me transformando conforme os anos iam passando em um homem descrente dos sonhos baseados no afeto e nos sentimentos como um todo. Me fechei para o amor e dediquei-me em tempo integral a Calliope e na preparação dela como rainha. Incluindo "o convencê-la" a casar-se com a lady Penélope, a moça que eu acreditava na época ser a esposa perfeita para ela.  

Vendida para a misteriosa CallOnde histórias criam vida. Descubra agora