13. Confiança

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A fumaça saiu lentamente dos lábios de Krystal, batendo da mesma forma bruta contra o rosto de Kim, que começou a tossir e sacodir os bra risada baixa de Krystal ecoou pela sala, seu sorriso fechado parecia roubar todo o ar que estava ali. Kim abriu os olhos marejados, acordando de sua longa soneca da tarde com uma nuvem de fumaça mal cheirosa, o cão em seu colo correndo para longe do sofá. braços. A

- Dormiu bem?

- Qual é o seu problema, Krystal?

- Você.

- Então por que não se livra de mim? - Se me livrasse, a vida já não teria mais graça.

Trocaram um longo olhar repleto de neblina. Entre os lábios de Krystal ainda repousava delicadamente o cigarro que fumava aos poucos, até que os dedos de Kim pegaram no, levando à própria boca. Deu uma tragada suave, a outra mão já escorrendo ao rosto delicado de sua namorada, segurando-o entre os dedos. Deixou que a fumaça deslizasse de sua boca à dele, sem encostarem os lábios, sem desfazerem o olhar monótono.

Kim gostava de se apegar às pessoas erradas. A verdade é que havia tempos que ele e Krystal estavam juntos, e a garota parecia cada dia mais louca.

Desde que haviam se conhecido, ele já tinha completa noção de que a garota não era totalmente dentro dos padrões, era um pouco doidinha sim, mas parecia que ultimamente as

coisas vinham saindo do controle. Eles moravam juntos há um bom tempo, e desde quando começaram a viver na mesma casa, é que a garota mostrara sua obsessão pela escuridão, vivia mandando porque ela nunca pedia nada, sempre mandava - Kim apagar as luzes, e aquilo sempre deixava o garoto de cabelos escuros assustado.

Parecia que sua companheira sentia prazer em vê-lo tão vulnerável, com os olhos transbordando medo. Lembrava-se bem do dia em que a garota reclamara que ele dava mais atenção ao seu pequeno cão do que pra ela, exigindo que o namorado largasse o animal antes que o atirasse pela janela. Kim sabia que ela podia ver o medo em seus olhos, e tudo que ela fazia era... sorrir. Ele preferia acreditar que nesses momentos tudo não passasse de uma brincadeira da garota ruiva, porém, ainda sim tinha medo.

- Só queria que ela me matasse de uma vez... - Você realmente acha que é isso que ela quer?

- As vezes parece...

-Já pensou em terminar com ela?

- Isso sim seria me matar.

Kim sorriu e levou a caneca azul para mais perto dos lábios, assoprando levemente o café que soltava uma fumaça no ar. Colocou a caneca de volta sobre a mesa sem beber nada dela, olhou nos olhos do amigo e sorriu. Tae era tudo que ele tinha além de Krystal, nada mais havia restado em sua vida além de seu melhor amigo e sua namorada.

- Tenho que ir pra casa, Krys deve estar me esperando.

- Kim, largue ela...

- Nos vemos amanhã, mesmo lugar, mesmo horário? - Tae suspirou, derrotado.

- Nos vemos amanhã...

Suas pernas doíam. Nunca havia passado tanto tempo dançando, mal se aguentava de pé, porém, conseguiu ir pra casa mais cedo. Queria chegar em casa, se jogar em sua banheira de água morna e depois dormir. Respirou fundo, abrindo a porta. As luzes estavam todas apagas, mas aquilo nem era mais novidade para o garoto.

- Krystal?

Chamou antes de jogar as chaves sobre o sofá junto de sua mochila. Sentiu o corpo estremecer, vendo o fino fio de luz saindo da porta de seu quarto. Podia ouvir uma respiração pesada, junto de um gemido. Algo estava errado.

Kim deu passos lentos e assustados até a porta, pensando se deveria ou não abri-la. Com um passo lento, empurrou a madeira e pôde ver as costas de Krystal e as pernas de outra pessoa. Pôde ver as pernas de Krystal entrelaçadas na cintura deste outro.

Kim observava tudo em completo choque. Aproximou-se mais dos dois que beijavam-se sem nenhum pudor, podendo identificar o rosto de Tae. O homem que tomava sua Krystal era seu melhor amigo. Kim sentia as lágrimas caírem de seus olhos desesperadamente, era como se em seu peito houvesse uma faca atravessada, cortando cada vez mais seu interior. Pela primeira vez em muito tempo, preferia simplesmente morrer.

Kim não conseguia parar de observá-los, a raiva crescendo de maneira absurda em seu interior. Naquele momento, os dois separaram-se e sua namorada pareceu perceber sua presença, aquilo sendo comprovado assim que a garota se dirigiu à ele.

- Gosta do que vê?

A ruiva desceu do colo do amigo, andando até Kim com um sorriso no rosto. Deslizou uma das mãos até o pescoço do garoto que se recusava a se mexer, e o beijou. Tae estava sentado sobre a cama, seu rosto não monstrava nenhuma reação enquanto observava o beijo mórbido e singular. Kim encarava o amigo com frieza enquanto tinha seus lábios tomados pelos da namorada. Segurou o rosto da garota com força, fazendo os

olhares se encontrarem. Kim apertou com ainda mais força o rosto dela e sorriu. Empurrou-a contra o chão, sua cabeça atingindo o piso frio com força. Tae levantou no mesmo segundo, murmurando todos os tipos de pedidos de desculpas. Tentou se aproximar do melhor amigo, que bateu a mão contra o espelho em sua parede, despedaçando-o e cortando sua mão em várias partes, mas sem demonstrar qualquer dor.

Kim pegou um pedaço do vidro e colocou contra o próprio pescoço. Podia ver a boca de Tae se movendo como se estivesse a gritar para que não fizesse aquilo. Kim sorriu, dando um passo à frente e ficando bem perto de Tae. Sorriu ainda mais quando viu o corpo do melhor amigo cair no chão em um baque surdo, as mãos entre o próprio pescoço, como se tentasse parar o sangue que escorria do grande corte.

Quando percebeu que este já não se movia mais, virou-se para Krystal. Tão frágil, jogada no chão daquela maneira. Kim caminhou para perto dela, ajoelhando-se a sua frente, passando a mão ensanguentada pelo rosto branco da namorada.

- Finalmente...

Sorriu, as mãos indo em direção aos lados do pescoço de Krystal. Pressionava os dedos contra a garganta da garota, sentindo as unhas da mesma indo até seus ombros cobertos pela roupa que vestia e apertando a região, como se aquilo fosse fazer o Kim parar de estrangulá-la. Ele gostava de assistir a garota sofrer sem ar e apertava seu pescoço com ainda mais força. - Finalmente...

Murmurou novamente, assim que a namorada parou de lutar contra. Sorriu, tirando suas mãos do pescoço de sua Krystal. Encarou as mãos que tremiam, estampadas em sangue. Levantou-se lentamente, encarando os dois corpos mortos no quarto.

Abriu as portas do armário de casacos, seu cão dormindo dentro dele. Entrou no armário e se agachou, passando a mão suja de sangue no pelo do cão, que se mexeu levemente.

Sentou-se, ainda sorrindo, sentindo toda a escuridão dentro de si. Ali, Kim chegou à conclusão de que não se deve confiar em ninguém, muito menos em quem você mais ama.

- vikfrance_art

1182 palavras.

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