27. 66 Dias Num Hospício

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66 dias na mesma cama de hospital. Precisava sair de lá sem que aquele médico reparasse-me. Estavam tentando me matar aos poucos, e a cada dia, vivenciava uma nova ilusão, como faziam com a Alice e seu pacato País das Maravilhas.

Na minha primeira semana, prenderam-me e fizeram-me respirar por tubos de oxigenação para que pudesse aprender o certo. Trocaram minha face, cortaram minhas bochechas perfeitas. Na segunda semana, já os obedecia, já havia aprendido como segui-los pelas sombras, mas ainda não tinham cortado a língua cheia de angústia.

Horas atrás, ouvi meus amigos das selas ao lado cochichando. Estavam agitados e balbuciando inúmeras coisas que não pude ouvir. Alguma novidade estava por vir, porém não me atentei em perguntar o que ocorria. As enfermeiras corriam pelos corredores, desesperadas, eu as via pela abertura da porta. Era um incêndio. O prédio ao lado, em chamas e eu numa sela. As paredes começaram a desmoronar, e mesmo assim, eu estava calma, afinal um dia todos nós iremos morrer, não é mesmo?

Mas de que diabo adianta se divertir beira ao abismo da morte se tem um herói da história. A porta estralou e então, se abriu, quase não enxergando pela fumaça, abraçou-me e levou-me para fora do prédio. Acordei na rua.

_ Fique aqui! A ambulância já vai chegar! – E correu amuo e desesperado em direção ao prédio em busca de dar aos loucos do hospício a tal da liberdade que os normais falam tanto em não ter.

Eu me absteria pelos socorros. Nunca me adimpliram – Levantei-me daquele chão de terra e fugi.

Corri pelos becos daquela cidade tão cinzenta que faz até mesmo os normais se sentirem loucos e deprimidos, fui até não ver mais aquela escuridão hospitalar e adentrar na escuridão da rotina estúpida, onde carros ecoam em nossos ouvidos, pessoas gritam e correm desesperadas para alimentarem uma máquina que as mantém como reféns.

E nesse meio de caminho, eu acabei tropeçando e cai num canteiro de grama baixa, mas como um morador de rua qualquer, ninguém notou a minha presença naquele lugar. Desmaiei ao longo de minha caminhada em busca da paz.

E embora a tenha finalmente conquistado, ficara absconsos durante todo esse tempo, ditos, num mar vermelho de sangue derramado por minha vontade de me expor ao digno amor abstrato, ela me fez guardar letras no coração e depois, levaram-me, finalmente, a incendiá-lo por completo, tornando minha liberdade em realidade.

Mas nem sequer incendiar este lugar, me fez ver a luz. Eu morri ali mesmo, e levei comigo minha escuridão, naquela rua que assemelhava-se com os corredores do hospício, cheia de prédios que pareciam celas e repleta de irracionais pra lá e para cá.

477 palavras

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