Capítulo 08

20.1K 1.4K 230
                                    


Filipe 🃏

Depois que a Alana saiu pela porta, falando que estava fora do assalto, eu fechei a cara legal pro D2. Não que eu me importasse com ela, mas ele tava fazendo cena de graça, sem nem saber dos proceder.

Já tinha dado esse papo pra ele mais cedo, quando veio tirar satisfação. Mas o cara nem acreditou, pô.

Rato: Ah, porra. Tu é mó vacilão, D2!

Sai de perto do meu irmão e me sentei no sofá.

Salvador se afastou do Daniel também, e foi treinar a mira, pra descontar a raiva.

Salvador: Assunto de família tem que ser resolvido lá fora, irmão. Aqui dentro o bagulho é quente!

D2: Ela não vai ficar de fora, daqui a pouco volta atrás.

Eu encarei ele.

Ret: Tua irmã só vai sair quando eu decidir que tem que sair.

Salvador: Dá o tempo pra ela. Amanhã vocês resolvem esse caô.

Ret: Bora treinar. Ninguém tá com tempo pra brincar nessa porra.

Treininho de força com os aliados, foi foda. Ainda mais que todos nós estávamos cheios de ódio pra colocar pra fora. Foi só soco e chute. E no final ainda deu um tempo pra gente treinar a mira.

Piei pra casa quando era umas nove horas da noite. Tava cansadão, só queria tomar um banho e dormir.

Ainda tinha coisas da Fabiana pra tudo quando é lado, ia cuidar desse caô depois, pedir pra Malu pegar as tralha dela aqui e mandar pra piranha lá.

Pedi comida. Porque não tinha nada na geladeira, e quem sempre cuidava disso era a Fabiana. Enquanto o meu pedido não chegava eu joguei uma água no corpo e acendi um balão, pra dormir tranquilo e na paz.

Eu tava no quarto quando ouvi alguém batendo na porta do apartamento, e já achei que fosse a Fabiana. Me arrastei até ela, mas quando abri dei de cara com o D2 e com a mina dele. Nenhum dos dois estava com uma cara muito boa.

D2: Alana tá aqui? - perguntou.

Ret: Lá no quarto colocando a roupa - bufei - Tu tá de palhaçada comigo né?

D2: Eu tô falando sério, Ret - vi ele bater os pés no chão, impaciente.

Eu respirei fundo, tentando manter a calma. Mas já tava puto.

Ret: Eu nunca comi a tua irmã. Tô te falando pela última vez.

Laura: Viu? Eu te falei! - falou baixinho, perto do ouvido do marido.

Ret: O que que tá pegando? - perguntei direto pra garota.

Laura: Alana saiu de casa. Disse que ia passar a noite fora, e agora o Daniel tá enlouquecendo.

D2: Claro, pô. Como que eu vou ficar calmo com um bagulho desses?

Tá. Tudo bem que a maluca era toda criançona lá. Mas ele tava exagerando pra caralho. As vezes ela só tava na casa de alguma amiga, sei lá.

Ret: Falou com o Salvador? - perguntei, lembrando que aqueles dois estavam sempre grudados.

D2: Ele também não sabe onde ela tá - passou as mãos pelos cabelos, e começou a andar de um lado pro outro no corredor - Se acontecer alguma fita com ela...

Laura: Não vai acontecer nada, relaxa amor. A Alana é maluca mas ela sabe se virar.

Ret: Tu tá nervosão demais - apontei com a cabeça - Não tem porque desse bagulho.

Daniel olhou pro teto, depois pro chão, depois pra parede. Só pensando. E a gente só ficou encarando ele, esperando alguma reação.

D2: Minha mãe me ligou hoje mais cedo - falou, olhando pra mulher dele - O Denis saiu da cadeia.

Eu não tava nem entendendo caô nenhum. Não sabia quem era Denis e não sabia nem o porque eles estavam na minha porta ainda.

Minha onda tinha sido cortada completamente.

Laura: Por isso que você ficou nervoso assim! O que custava ter contado pra mim? Ou pra Alana?

D2: Alana nem se lembra mais dele. Não vai fazer diferença na vida dela.

Ret: Entra aí - abri a porta completamente, e o D2 entrou, mas pediu pra mulher ir pra casa deles, continuar tentando contato com a Alana. Eu peguei duas cervejas na geladeira, e joguei uma pra ele, que sentou no sofá e ficou encarando o chão - Da o teu papo ai.

D2: Leva a mal não, Ret. Eu to de boa contigo, mas esse bagulho pesou na minha mente hoje e eu já fui descontar nos outros.

Ret: Quem que é Denis? - eu perguntei. Daniel levantou o olhar, bolado, e negou com a cabeça.

D2: A bosta do meu pai.

Ret: Da tua irmã também? - ele concordou - Por que ele caiu?

D2: Era usuário. Dei meus pulo e fiz ele cair - eu tomei um gole da minha cerveja, dando tempo pra ele continuar a falar - Enchi minha casa de droga e eu mesmo denunciei, no horário que sabia que ele tava em casa sozinho. Foi associado ao tráfico e mais uma pá de coisa, aí pegou dez anos.

Ret: Porque tu denunciou o teu coroa?

Daniel riu. Mas não era uma risada de boa. Era uma risada nojenta, ele tava muito puto.

D2: Porque ele é um filho da puta.

Ret: Fala de uma vez, D2. Tô sem tempo.

D2: Ele é um filho da puta, Ret. Um filho da puta arrombado! - se encostou no sofá, olhando pro teto - Alana tinha nove anos, pô. Vi ele na maldade com ela, tu acredita num bagulho desses? O próprio pai!

Ret: Sem caô?

D2: No papo limpo. Não vi ele encostar nela. Mas ela tava dormindo, e o filho da puta tava lá.... - ele fechou os olhos. E eu consegui sentir toda a raiva. Bagulho mó nojentão, tio - Não consegui matar. Único jeito de deixar ele longe foi mandando pra cela.

Ret: Tu quer que eu mate ele? Faço com prazer.

D2: Quero, pô. Mas antes quero achar a minha irmã.

Eu levantei do sofá, tirando a cerveja da mão dele e coloquei as duas na pia, voltando pra sala um tempo depois.

Ret: Bora atrás da tua criança.

Ele riu e ficou de pé.

D2: Valeu, irmão.

Lado a LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora