Filipe 🃏Maior confusão na cabeça. Deixar ela fazer o que queria? Ou impedir? Sempre achei certo me meter nas coisas que a Alana fazia, mas dessa vez era diferente. Eu me sentia de mãos atadas. Sem saber o que fazer, sem saber se era o certo ou não.
Eu não podia perder ela, e todo mundo ficava falando que era muito arriscado fazer um aborto com esse tempo de gestação.
A Alana terminou de preencher a ficha médica, e sentou do meu lado, na salinha que tinha ali.
Minhas mãos estavam suando, e eu não conseguia parar quieto. Meus pés ficavam batendo no chão impacientes, causando um barulho chato.
Ela não me encostava, não me olhava. Eu só queria que ela me olhasse e dissesse que nada daquilo era real.
Ret: Criança - ela me encarou, com aqueles olhos que pediam socorro. Se eu estava perdido, ela estava três vezes mais - Desiste. Eu sei que a escolha é tua. Mas eu não posso te perder. Desiste, pô. A gente espera a criança nascer e depois coloca na adoção.
Alana: Nove meses.
A resposta veio rápida demais, e eu percebi que ela já estava cogitando essa opção.
Ret: Tu já passou do terceiro. Faltam seis - ela assentiu, pensando - Melhor esperar seis meses do que tu arriscar a tua vida.
Alana: A Malu morreu no parto. Tudo é arriscado! - ela apoiou o rosto no meu ombro, e eu abracei o seu corpo, beijando o topo da sua cabeça - Tem uma criança dentro de mim, cara.
Ret: A gente paga uma clínica mil grau pra tirar a criança, quando for a hora. E depois a gente toca a vida normal.
Alana: Como você acha que as pessoas vão reagir? O meu irmão, a sua mãe, o seu irmão, o Salvador? É isso que eu quero evitar. Não quero que se apaguem a uma coisinha que nem com a gente vai ficar.
Ret: Não posso te perder.
- Alana Soares? - uma mulher apareceu, chamando o nome dela.
A criança tirou o rosto do meu ombro, e ficou de pé, sem me olhar. Mas eu puxei a sua mão, antes que se afastasse.
Alana: Não torna isso mais difícil, Filipe.
Ret: Por favor. Não entra nessa sala.
Ela me encarou por um minuto, sem dizer nada. Eu sabia que estava tomando uma decisão, mas eu nem sabia qual decisão era.
- Alana? - a mulher chamou - Você ainda quer fazer?
Alana: Não. Me desculpa - vi ela engolir seco, enquanto encarava a mulher.
Eu suspirei e concordei com a cabeça.
Minha mulher me olhou novamente, e eu tentei sorrir pra ela, mas era tanto b.o na cabeça que provavelmente tinha saído uma careta.
Alana: Me leva pra casa - pediu.
Ret: Vem - abracei o pescoço dela, puxando a gente pra fora daquele lugar - Obrigada.
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Lado a Lado
RomanceNão importa o quão insano você é. Sempre vai existir alguém para completar a sua insanidade.