Capítulo 62

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Filipe 🃏

Maior confusão na cabeça. Deixar ela fazer o que queria? Ou impedir? Sempre achei certo me meter nas coisas que a Alana fazia, mas dessa vez era diferente. Eu me sentia de mãos atadas. Sem saber o que fazer, sem saber se era o certo ou não.

Eu não podia perder ela, e todo mundo ficava falando que era muito arriscado fazer um aborto com esse tempo de gestação.

A Alana terminou de preencher a ficha médica, e sentou do meu lado, na salinha que tinha ali.

Minhas mãos estavam suando, e eu não conseguia parar quieto. Meus pés ficavam batendo no chão impacientes, causando um barulho chato.

Ela não me encostava, não me olhava. Eu só queria que ela me olhasse e dissesse que nada daquilo era real.

Ret: Criança - ela me encarou, com aqueles olhos que pediam socorro. Se eu estava perdido, ela estava três vezes mais - Desiste. Eu sei que a escolha é tua. Mas eu não posso te perder. Desiste, pô. A gente espera a criança nascer e depois coloca na adoção.

Alana: Nove meses.

A resposta veio rápida demais, e eu percebi que ela já estava cogitando essa opção.

Ret: Tu já passou do terceiro. Faltam seis - ela assentiu, pensando - Melhor esperar seis meses do que tu arriscar a tua vida.

Alana: A Malu morreu no parto. Tudo é arriscado! - ela apoiou o rosto no meu ombro, e eu abracei o seu corpo, beijando o topo da sua cabeça - Tem uma criança dentro de mim, cara.

Ret: A gente paga uma clínica mil grau pra tirar a criança, quando for a hora. E depois a gente toca a vida normal.

Alana: Como você acha que as pessoas vão reagir? O meu irmão, a sua mãe, o seu irmão, o Salvador? É isso que eu quero evitar. Não quero que se apaguem a uma coisinha que nem com a gente vai ficar.

Ret: Não posso te perder.

- Alana Soares? - uma mulher apareceu, chamando o nome dela.

A criança tirou o rosto do meu ombro, e ficou de pé, sem me olhar. Mas eu puxei a sua mão, antes que se afastasse.

Alana: Não torna isso mais difícil, Filipe.

Ret: Por favor. Não entra nessa sala.

Ela me encarou por um minuto, sem dizer nada. Eu sabia que estava tomando uma decisão, mas eu nem sabia qual decisão era.

- Alana? - a mulher chamou - Você ainda quer fazer?

Alana: Não. Me desculpa - vi ela engolir seco, enquanto encarava a mulher.

Eu suspirei e concordei com a cabeça.

Minha mulher me olhou novamente, e eu tentei sorrir pra ela, mas era tanto b.o na cabeça que provavelmente tinha saído uma careta.

Alana: Me leva pra casa - pediu.

Ret: Vem - abracei o pescoço dela, puxando a gente pra fora daquele lugar - Obrigada.

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