Capítulo 49

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Filipe 🃏

Sai do corredor arrastando a Ravena pelos cabelos, e ouvi os caras vindo atrás de mim. Qualquer pessoa que apareceu na nossa frente tinha quatro armas apontada pra cabeça, e fazia questão de sair no sapatinho, quase correndo.

Cheguei no escritório, colocando o terror e mandando todo mundo vazar daquele cacete. Eu tinha um plano, e não tinha como dar errado. Não podia dar errado.

Era foda, a Alana só tinha que aguentar por um tempo. Só mais um tempo. Até a gente conseguir virar o jogo.

Quando todo mundo saiu da sala de computação do hospital, eu empurrei a Ravena pra sentar em uma das cadeiras, e o D2 já foi direto amarrando a garota na cadeira, com cordas e fitas. Eu me sentei também, porque tava todo costurado e fodido.

Ret: Faz a tua mágica - falei, encarando o meu irmão.

Ele sentou na cadeira ao meu lado, ficando bem de frente pro computador.

Rato: Do que tu precisa?

Ret: Preciso que todo mundo me veja, na internet.

Rato: Ao vivo?

Eu concordei.

Tirei a minha camisa, cheia de sangue, e prendi no meu rosto, deixando somente os meus olhos de fora.

Encarei a Ravena.

Ret: Se tu falar alguma merda, eu te passo no ao vivo mermo. Eu sou bem maluco, Ravena, tu não vai querer me testar.

Ravena: Eu não falo nada. Mas por favor, deixa eu me explicar. Eu só falei, só contei pra eles que suspeitava quem tinha sido porque estavam acusando a minha mãe, só por isso. Eles iam prender ela! - ela olhou pro Salvador - Você sabe que ela é tudo o que eu tenho. Nunca poderia deixar que isso acontecesse.

Ret: O problema não é meu, parceira - segurei o rosto dela, forçando-a a olhar pra minha cara - Antes a tua mãe na mira do que a minha mulher.

Ravena: Mas foi a Alana! Foram vocês!

Ret: E tu tava lá pra saber se foi a Alana? - eu respirei fundo - Não tem perdão. Tu colocou a Alana na mira dos verme, Ravena. Se Deus descer do céu hoje e me pedir pra não te matar, nem assim eu te deixaria viver!

Salvador: X9 morre cedo, caralho. Nem parece que tu se criou em quebrada.

Ravena: É a minha família, Gabriel. Você queria que eu deixasse a minha mãe ser presa pela minha própria família?

Salvador: Que família, porra? Esse bosta do governador que traiu a mulher com a empregada e a tua mãe engravidou? Esse é o teu pai? Essa é a desgraça da tua família? Ele nunca te assumiu, nunca deixou que ninguém soubesse que tu é filha dele, pô. Até pros outros filhos dele tu é só a filha da empregada, sempre foi. É isso que tu chama de pai, parceira? O teu super pai ia prender a tua mãe por uma parada que ela nem fez, sem prova nenhuma, e aí tu resolve jogar nossos nomes na mídia. Tu tá certinha, Ravena. A razão é tua - ele se aproximou dela, abaixando um pouco, pra ficar na altura da garota - Tu me fez prometer que eu ia cuidar da Alana, e eu te prometi, não foi?

Ravena: Gabriel...

Salvador: Tu não devia ter se metido no nosso caminho.

Ravena: Sério? Você vai preferir defender a Alana? Cara, a gente tava ficando!

Salvador: Não é defender. É o certo pelo certo, e nessa parada tu tá errada. Traição não tem perdão, o papo é reto!

Vi o olho da garota se encher em lágrimas, e ela começar a chorar baixinho, mas eu nem dei bola.

Rato me disse que tinha conseguido hackear o Instagram do Governador, e que por conta do ID do aparelho, quando a gente terminasse a transmissão, precisaríamos correr pra fora daquele hospital.

Ele disse que enquanto eu faria o vídeo cuidaria pra apagar todas as imagens das câmeras de segurança, e impedir que ninguém derrubasse a transmissão.

Quando eu li na tela "sua transmissão começa em segundos", me preparei, puxando a cadeira da Ravena pra mais perto. Na câmera nem dava pra ver que ela estava amarrada, mas era perceptível que chorava.

Ret: Vocês queriam os nomes, não queriam? - perguntei, assim que a transmissão começou - Ret, Rato, D2, Salvador... e Alana. Mas o nome dela o senhor governador deve saber bem, certo?

Eu encarei a Ravena, que se tremia inteirinha do meu lado, sem tirar os olhos de mim.

Ret: E Ravena, o senhor conhece? A tua filha de dezenove anos com a empregada que cuida da tua casa até hoje, pô. Lembra dela? A menina fruto de uma traição, enquanto a tua mulher tava grávida da Rita, tu estava sendo pai de outra criança. Da filha de outra mulher. Tão lindo, né? - debochei - O senhor assumiu, seu governador? Sua esposa sabe disso? Os seus filhos sabem disso? Ou você preferiu esconder esse segredo embaixo do tapete, junto com tantos outros crimes?

Rato fez sinal pra mim, de que a gente deveria agilizar.

Ret: A população tá sempre fodida, o governo nunca tem dinheiro pra nada, mas pra polícia invadir a favela atrás de uma mulher não foi poupado grana, né? - eu me aproximei mais do celular, deixando com que somente a minha cara aparecesse - A Alana foi levada a horas atrás, e até agora não apareceu em nenhuma cadeia, nenhum hospital, nenhuma unidade penitenciária, em lugar nenhum! Vocês tem uma hora pra devolver a Alana sem nenhum arranhão, de onde pegaram, ou então a Ravena morre!

Meu celular vibrou no bolso da calça, e eu vi ser uma mensagem do Grego, com um vídeo de uma garota amarrada, chorando pra caralho e se esperneando.

Nem consegui esconder o sorriso.

Mostrei a tela do celular no vídeo.

Xeque-mate.

Ret: E se o senhor não se preocupar tanto assim com a Ravena, a gente pode negociar uma troca justa com a Ritinha.

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Achei esse capítulo meio sei lá. O que acharam? O que querem ver? Sejam sinceras, por favorzinho. ❤️

Lado a LadoWhere stories live. Discover now