Capítulo 37

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Filipe 🃏

Beleza descomunal, parada de outro mundo. E o mais doido é que ela nem precisava de muito. Eu tinha ganhado na loteria no dia em que essa mulher olhou pra mim, sem neurose.

Alana: Você precisa olhar pra frente - soltou uma risadinha, encarando o chão do carro.

Tirei meu olhar dela rapidamente, encarando a rua na minha frente. Quase tinha batido o carro pela terceira vez.

Ret: Tu dirige da próxima vez - ela me encarou - Tá virando pilota de fuga, né?

Alana: Acho que nasci pra isso.

Ret: Eu tava ligado que tu ia conseguir.

Alana ficou quieta o restante do caminho. Só ouvia ela batendo os pés no chão, ou as unhas no vidro do carro, ou no próprio celular. Ela estava impaciente pra caralho, o que me deixava nervoso e neurótico, com a pergunta que não saia da minha cabeça: Será que eu tava fazendo alguma merda?

Estacionei o carro em um local mais vazio, mesmo que ficasse um pouco longe do parque. Quanto mais tempo eu conseguisse do lado da Alana era melhor.

Ela encarou a roda gigante com um sorriso no rosto, quando desceu do banco do carona. Eu nem consegui não sorrir junto... mó criancinha.

Alana: Um parque de diversões - comentou, me encarando.

Eu dei de ombros.

Ret: Tu gosta?

Alana: Toda criança gosta.

Eu ri. Era a primeira vez que ela aceitava ser chamada assim. Tava com a maior saudade, pô.

Alana me olhou, com a mesma cara estranha de sempre, quando ouvia o som da minha risada, e desfez o sorriso no rosto, me encarando.

Eu cocei a nuca, sem nem saber como agir. A gente foi caminhando lado a lado até a entrada do parque e compramos várias fichas, mas não falamos nada, até a mulher da barraquinha entregar as fichas na minha mão.

Alana: Vagabunda - xingou baixinho, toda emburrada, de braços cruzados na altura do peito.

Fingi que não ouvi, mas na real eu me amarrava em ver ela cheia de ciúme pra cima de mim, pô.

A mulher tava dando mole, eu saquei a intenção, e assim que percebi não tirei os olhos da minha carteira, ou do chão, pra não render motivo pra acabar com a nossa noite.

Ret: Tu quer ir na roda gigante? - perguntei pra ela, guardando as fichas que sobraram no meu bolso - Tu escolhe.

Alana: Acho bonitinho você estar se esforçando pra fazer tudo igual em um filme adolescente. Mas a gente não é assim, né? - ela me segurou pela mão, e me puxou pra uma barraquinha de tiro ao alvo - Essa é a nossa parada.

Eu ri, esticando as fichas pra ela pegar na mão. Alana estendeu as fichas pro senhorzinho, que entregou a pistola na mão dela, e a outra na minha mão.

Ela atirou primeiro, e eu atirei depois, no alvo mais difícil. O senhor que cuidava da barraca elogiou a nossa mira, e a Alana gargalhou, vindo me abraçar. Foi espontâneo, ela nem tinha feito de propósito, mas quando se deu conta quis se afastar. Eu não deixei, e apertei mais ainda ela contra o meu peito.

Lado a LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora