Capítulo 3

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JANE SAVÓIA

O carro para na frente da fortaleza Ferrari, deixando meus músculos tensos, quando Mathias abre a porta do motorista e salta pra fora do veículo. Os seguranças da guarita rapidamente apontam suas snippers na nossa direção. Saio do carro, colocando minhas mãos pra cima, assim como meu pirmo e dando passos lentos em direção ao portão.

— Quem são vocês, viajantes? – o guarda pergunta, em um inglês arrastado. Por falta de uma resposta, mas alguns soldados aparecem com suas armas na nossa direção. – Não farei a mesma pergunta duas vezes, é melhor me dar uma resposta.

— Queremos falar com seu chefe, se for possível – Mathias, responde em um russo perfeito. – Ivan está?

Os homens se olham, não entendendo o que estamos fazendo aqui. Eles somem das nossas vistas, o frio está congelante e posso sentir meus ossos se tremendo pela baixa temperatura. Mathias não está muito diferente de mim, ainda de mãos levantadas, ele solta um ar pela boca, na tentativa de aquecer os lábios. Vinte e quatro minutos se passaram, quase tivemos uma hipotermia, quando liberaram a nossa entrada.

Mas tiraram tudo que tínhamos, armas, facas, adagas e até minha faca borboleta que está entre meus dedos. Fomos escoltados para dentro da enorme mansão, aqui era tudo muito medieval, não me surpreende já que os eventos de Ivan, são todos bailes. Eles têm um ar antigo, como se fizem da Rússia seu reino e não os julgo por isso.

Cada um tem a fantasia que deseja.

— Ora, ora, ora.. – adentramos em uma sala extensa, observando a decoração de madeira pela casa. Uma voz nos faz ficarmos alertas, no topo da escadas encontramos Ivan ao lado da sua esposa, que nos olha com atenção – Herdeiros Savóia, o que devo à honra de sua visita?

— Ivan Ferrari – Mathias fala, quando o russo já está no pé da escada nos olhando com atenção. Sua esposa ainda permanece no alto da escada, como se ele não confiasse sua segurança perto de nós. – Temos assuntos à tratar.

— Não sei o quão burro os italianos são, para entrar em meu território e vir até minha casa, afirmando que temos algo à tratar – debocha – Não existe nada para falar com vocês. Vão embora!

— Viemos em nome de meu tio – digo, atraindo a atenção de Mathias e Ivan.

— Salvatore os mandou? – pergunta, curioso – Não sabia que ele precisava de duas crianças para representá-lo. Patético.

Ivan é um cara melancólico, seus olhos esverdeados não deixam transparecer nada. Os cabelos loiros estão cortados de forma lisa, em um clássico corte militar da Rússia. O homem mais poderoso da Rússia é completamente diferente do que pensei, ele exibe uma áurea sombria, mas ele prende seus demônios dentro de si por algum motivo.

— Ivan – sua esposa o chama, fazendo ele mover-se em sua direção – Irina não demorará para voltar da aula de tiro ao alvo, se tiver algo para resolver, melhor que ela não esteja em casa.

E aí está o ponto fraco de Ivan Ferrari, sua esposa Isadora Ferrari. É nítido que a mulher exibe uma beleza indescritível, os olhos puxados na cor chocolate, focam no marido de forma suave. A pele gélida, clara como a neve, deixa nítido sua descendência Russa, mesmo nascendo na Irlanda. Nunca cheguei a conhecer Irina Ferrari, mas existe boatos que é tão bela quanto sua mãe.

— Proponho um jantar – Ivan se vira para nós – Hoje, aqui mesmo, um jantar de negócios.

— Não queremos um jantar, apenas uma conversa com você, Ivan. – respondo.

— Vocês estão em meu território, então seguiram minhas regras e jogaram comigo nos meus termos. – abre um sorriso melancólico – Ficaram hospedados em minha casa até o horário do jantar, depois disso, voltaram ao seu país e nunca mais colocaram os pés na Rússia.

— Por que confiarmos em você? – pergunto, olhando para Mathias e depois para Ivan.

— É a única opção. – responde, seco.

• • •

Recebemos roupas no quarto onde estamos, fomos colocados aqui por uma escolta de nove soldados. Não sei se ele teme que fossemos fazer algo, mas está nítido que ele não confia em nós. Estamos desarmados, em um território inimigo e estamos dançado com o próprio diabo. Sei que posso sair daqui quando desejar, mas jogar esse jogo parece mais interessante.

— Podemos matá-los no final disso – diz Mathias, saindo do banheiro arrumando o terno que lhe entregaram.

— Sim, podemos. – me viro em sua direção – Se quiser começar uma grande guerra.

— Eles não sobreviveram para que aconteça alguma guerra. – sorri debochado, ele se aproxima de mim, entregando-me sua gravata branca. Faço o nó rapidamente, ajeitando a gravata em seu corpo. Os olhos verdes de Mathias encontram os meus, sua boca avermelhada está tão próxima à minha, que posso sentir o cheiro do rum que bebeu. – Estou com saudades dos seus beijos doces, Jane.

— Se afaste. – respondo, em um fio de voz. Mathias sabe que mexe comigo, mas não de um jeito bom.

— Não negue sua vontade de me beijar, bambina. – sussura em italiano, me causando uma ansiedade sem igual.

— Chega! – o afasto, empurrando seu peitoral para longe. – Vamos acabar logo com isso, e você, nunca mais chegue perto de mim dessa forma.

— Vai fingir que nunca ficamos juntos? – debocha – Isso vai afetar meu ego, querida.

— Que vá você e seu ego pro inferno – caminho em direção ao enorme espelho, encontrando um vestido preto de alça única, longo. – Vamos acabar com isso, Mathias. Sebastian quer que retornamos o mais rápido possível, não iremos desapontá-lo.

— Claro que não. – passa por mim, encarando minha bunda – Melhor irmos.

A Inglesa - Nova Era 1 - ContoWhere stories live. Discover now