Capítulo 7

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VICENZO COLLALTO

- Está é a sua casa? - Jane questiona, quando o carro para em frente à minha mansão em Veneza.

- Sim, essa mesmo. - respondo, por simples. Abro a porta do carro, saindo rapidamente e observando minha esposa fazer o mesmo movimento e me acompanhar com passos rápidos. - Comprei assim que saí da iniciação, não foi um período fácil, então decidi ter algo meu.

- Nenhuma iniciação é fácil - respondo autônoma, o que me faz olhá-la surpreso - O que foi? Tenho primos, vi como eles voltaram de suas iniciações, tenho noção do que acontece e como eles destroem você.

- Sabe demais para sua própria proteção, senhora Collalto. - debocha, abrindo a enorme porta dupla de madeira, encontrando uma sala de entrada agitada.

- Eu sei o que é necessário. - responde, passando por mim e encarando a extensa sala. Jane usa uma calça pantalona branca com estampas de flores azuis, uma regata no mesmo tom das flores e óculos no rosto - Sua casa é linda.

- Pensou que só os Savóia podiam exibir luxo, esposa? - ela me olha supresa pela forma que te chamo.

Nos casamos há nove horas atrás, depois do ocorrido na casa doa chefes, foi retirado o corpo da menina e logo foram todos para a festa. Ficamos uma hora só, já que pegamos o jatinho de volta para a Veneza. Jane passou o voo dormindo, certamente não teve uma boa noite de sono e nem descanso durante a festa de casamento.

Aproveitando seu sono pesado, fiz algumas ligações para os sócios que queriam marcar reuniões comigo, respondi e-mails atrasados e revisei a minha agenda, que minha secretária fez pra mim. Quando eu decidi dormir, parei para analisar minha nova esposa. O tom de seu cabelo é um loiro mais fechado, diferente do restante das pessoas daquela família. Os olhos verdes intensos, os lábios avermelhados e prontos para serem beijados.

Tentação. Ela é uma tentação.

É isso que minha mente gritava, berrada dentro da minha cabeça. Consegui me recompor e tirar um leve cochilo de vinte minutos, mas sendo acordado por uma ligação do meu irmão. Sua voz estava nervosa, algo tinha acontecido, mas nem prestei atenção pelo meu sono. Após concordar com tudo que ele havia dito, desliguei o celular e fui tomar um banho, já que íamos pousar.

- Jamais. - disse, dando passos para dentro da casa, avaliando tudo. - A associazione italiana é a mais rica do mundo, não me surpreende o poder que você têm. - se vira pra mim, colocando as mãos na cintura. - Onde é meu quarto.

- Já vou mostrá-la. Mas antes, quero que conheça alguém. - passei por ela, sendo acompanhado até o interior da mansão. Passando por alguns corredores, cheguei até a cozinha e lá estava ela. - Jane, essa é Verônica, a governanta da casa e quase uma segunda mãe pra mim.

- Oh! Já voltou, querido. - Verônica não exita em vir até mim, dando-me um abraço e fingindo inexistência da minha esposa, que já se mostra entendida. - É bom vê-lo em casa. Na sua verdadeira casa.

- Verônica. - chamo sua atenção - Essa é minha esposa, Jane Collalto. - Verônica abriu um leve sorriso, sem mostrar os dentes e minha esposa apenas balançou a cabeça. - Agora essa casa têm uma senhora e espero que vocês possam se dar bem.

- Claro que vamos, não é querida?

- Jane - Verônica fica confusa - Meu nome é Jane, não querida. Se quiser, me chame de senhora, mas não gosto de intimidades. - ela me olha, mostrando que não gostou de Verônica - Esperarei na entrada, até me mostrar onde é meu quarto.

Dito isso, ela sai como se não estivesse feito um show ridículo. Verônica exibe lágrimas nos olhos e está visualmente abalada pela forma que foi tratada. Decido ir atrás da minha esposa, que saiu mais rápido do que eu imaginava. Quando chego na sala, encontro Jane sentada em um dos sofás espalhados pela sala, ela mantém as duas mãos unidas e seu olhar focado nelas.

— Você tem algum problema? – pergunto, quando já estou parado na sua frente. Ganho sua atenção, quando ela se levanta e me encara seriamente.

— Do que está falando?

— Do seu show ridículo naquela cozinha – aponto, afirmando o que eu disse – Verônica é como uma mãe pra mim, não irei permitir que a trate como desejar.

— Não gostou? – pergunta, se aproximando com um passo – Pede o divórcio.

E sai, me deixando feito idiota no meio da sala. Observo quando seu corpo moldado sobe as escadas de madeira, até o segundo andar da casa. Ainda permaneço imóvel pelo ocorrido, sem acreditar no o que acabou de acontecer aqui.

A Inglesa - Nova Era 1 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora