Capítulo 05

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Canallha

Nem preciso dizer que fui pelo caminho mais longo. A Bárbara atormentou a minha cabeça por causa disso, de certo achou que eu fosse sequestrar ela. Pô, nem era uma ideia tão ruim assim, afinal.

Quando eu estacionei a moto junto com a dos outros moleques ela já desceu de cara feia para as meninas que estavam ali.

Ciúme de mim, certeza.

Desci rindo da moto, e vi ela me encarar por um segundo, e depois ir andando na direção do Galego, que azarava uma novinha. Meu truta não perdia tempo, mas também não era tão sagaz quanto eu.

A Bárbara esperou ele se ligar na presença dela, e quando fez o meu parceiro ficou de pé, ou tentou, porque tava doidão. E foi abraçar a prima. Ela empurrou ele pra sentar na arquibancada, e sentou ao lado.

Tava rolando jogo de uns menor, mas nem era o do pessoal do corre. O nosso era sempre as quartas. Me sentei do lado deles, e fiquei assistindo o jogo rolar, enquanto a Babi conversava com o Lucas falando que não ia conseguir ir pra Angra no fim de semana.

Galego: Vou falar com o padrinho. Tu vai com nós sim!

Bárbara: Fala amanhã. Hoje você tá drogado. Usou o que? - perguntou.

Galego: Várias paradas - ele fungou o ar gastando, nem tinha cheirado. Só bebido pra caralho e fumado um pouco - Zoeira. Foi a cachaça mesmo.

Canalha: O coroa falou que vai rolar churrasco lá em casa no sábado. Nós pode piar pra Angra depois do baile.

Bárbara: Se for pra passar um dia só nem vale ir.

Eu pisquei pra ela.

Canalha: Qualquer segundo contigo vale, meu amor.

O Lucas gargalhou alto, atraindo atenção de geral.

A Babi ficou quietinha na dela, nem brigou comigo, nem xingou e foi aí que eu me liguei que tinha alguma parada de errado.

O Lucas disse que ia dar um rolê, e que voltava depois. Quase agradeci por ele dar um pouco de privacidade pra mim e pra minha gata, mas aí vi ele indo pra longe junto com a Gabriely e fiquei com dó do meu parceiro. Ela sentava fofo, nem valia o patrocínio. Peguei uma vez, depois peguei outra, só pra ter certeza de que não rolava mesmo... pô, não rolava mesmo!

Claro que eu não falei isso pra garota. Eu não era idiota e essa era a grande diferença entre eu e os parceiros. Meu pai sempre me ensinou como devia se tratar uma mina, mesmo que fosse só por uma noite, e era por isso que elas sempre caiam no papinho do Dom Ruan. Os caras ficavam putos, porque as bandidas sempre acabam querendo ficar comigo mais uma vez, diferente deles, que faziam merda e elas já queriam partir pro próximo. Segredo guardado a sete chaves. A parada era que nenhum deles tratava elas da forma que eu fazia. Mulher é obra prima de Deus, porra, esse papo de ignorar, tratar mal, e vários caô só pra ganhar não colava comigo.

Canalha: Tu tá olhando o que aí? - perguntei, vendo que ela olhava pra porta da quadrinha, no maior ódio.

Bárbara: Me empresta a sua arma.

Coloquei a mão na pistola, deixando ela presa na minha cintura.

Se a Bárbara me pedisse o mundo eu ia lutar pra dar. Mas me pedir uma arma assim do nada? Fiquei até sem reação.

Canalha: Pra que tu quer?

Bárbara: Porra, Canalha, me empresta e não faz pergunta difícil!

Ela estava tão focada no grupinho de pessoas conversando, que nem notou quando eu tirei a munição da pistola, e entreguei na mão dela. De cara, a Bárbara me lançou um olhar surpreso, mas levantou da arquibancada, na maior marra, e foi descendo as escadas, até parar de frente pro grupinho. Ou melhor, de frente pro Japa, filho do Grego.

Eu só acompanhei, igual o cachorro que eu era, e parei logo atrás dela.

Japa: E aí, Babi - ele cumprimentou, olhando nervosamente pra mão dela, que por enquanto se mantinha abaixada, segurando minha arma na mão - Na paz?

As meninas que antes cercavam o Japa, tinham sumido, se afastando pra qualquer outro canto. Elas foram tão rápido que eu mal vi.

Bárbara: Na paz, Japa? Na paz?! - ela levantou o braço um pouco, colocando o cano da arma na barriga do mano - Tu acha que a minha irmã é bagunça, porra?

Caralho, quase fiquei duro.

Gostosa da porra, colocando a maior moral, com postura de bandida. Bárbara nasceu pra essa vida, sem caô.

Só tava fazendo do jeito errado. Ameaçar o filho do dono do morro não era uma boa ideia.

Japa: Não fiz nada com a tua irmã. Só vim jogar o meu fut.

Bárbara: O seu fut? - ela riu, debochada e gostosa - O seu cu! Japa, para de enrolar a Bianca, se ligou? Eu vou te matar, parceiro. Sou bem maluca, se você não percebeu ainda. Eu bem vi o fut que você tava querendo jogar. Eu bem vi onde você queria meter o gol! Se você tá se achando porque a Bianca caiu no seu papinho, você se fodeu... Porque eu não caio e vou fazer questão de abrir os olhos dela!

O Ganso chegou correndo, puxando o irmão pela camiseta pra ficar atrás dele. A Bárbara levantou a arma mais ainda, colocando então no peito do Ganso. Vi ele sacando o oitão dele, e aí eu me meti na frente, porque o bagulho ia ficar sério.

Por mais parceiro que o Ganso fosse, inclusive da Bárbara, família é família. E da mesma forma que ela tava colocando a cara a tapa pela Bianca, ele ia colocar pelo Japa.

Tirei a glock da minha cintura. Essa tinha armamento, e puxei a Bárbara pra trás. Ela ainda tentou se manter no lugar, mas puxei com mais força, vendo ela cambalear de costas, até ficar do meu lado.

A arma que ia ser apontada pra ela, foi apontada pra mim. E a arma que antes estava na minha cintura, parou na testa do Ganso.

Geral olhando. Eu nem gostava desse bagulho. Babi só arrumava confusão pra eu resolver.

Canalha: Tá todo mundo nervosão aqui, bora baixar a arma e conversar na tranquilidade?

Saturno Where stories live. Discover now