Capítulo 11

6.4K 563 96
                                    


Canalha

Beijei a Bárbara como se a minha vida fosse acabar, como se eu dependesse daquilo pra viver, como se estivesse realizando um sonho de moleque. Porra, de fato era o meu sonho de moleque. Desde menor com a ideia de que ela era a mulher mais linda do mundo, e que se um dia eu fosse ficar com alguém, seria com ela.

Sentir ela toda mole no meu abraço, enquanto retribuía o meu beijo era uma parada muito maluca, que só fazia com que eu me sentisse ainda mais apaixonado.

Foi ela que se afastou, querendo brincar um pouco com as armas, por mim, eu passava a noite toda beijando o amor da minha vida... mas ela não achava isso tão legal. Preferiu mil vezes mais quando eu dei uma pistola nas suas mãos, mostrando pra ela como era o jeito certo de fazer.

A Babi nasceu com o dom de ser bandida. Atirava bem pra caralho pra quem nunca tinha feito isso, e mesmo que ela não precisasse, eu me aproveitei da situação, e fiquei grudado nela igual um carrapato, segurando sua cintura e mantendo sua bunda o tempo inteiro roçando no meu pau. E ela só se fazendo de inocente, fingindo que nem tava ligada.

Eu tava olhando pra baixo, direto pra bunda dela, quando ouvi o barulho de mais um tiro sendo disparado e ela comemorou quando viu que conseguiu atingir o alvo, colocando a arma travada encima da mesa.

Bárbara: Você não vai atirar? - perguntou.

Neguei com a cabeça, fazendo com que ela virasse de frente pra mim. O sorriso que era uma raridade ver em seu rosto, não saia da sua boca por um minuto.

Canalha: Eu tô bem de boa aqui - franzi o cenho, respirando fundo.

Bárbara: Canalha! - ela me xingou, quando viu que eu estava olhando pros seus peitos.

Canalha: Pra mim é elogio, tá? - ela soltou uma risadinha e ficou na ponta dos pés mais uma vez, pra roubar um selinho. Nem deixei que se afastasse, e aprofundei o beijo, prendendo ela contra a bancada - Tô ligado que prometi pra minha mãe que eu iria te levar lá em casa, pô. Mas tá maneiro aqui, e se pá a gente ainda pode ir pra outro lugar. Não quero voltar pro morro.

Bárbara: A gente come e volta. Tia Kelly está esperando.

Mordi a orelha dela, vendo a danada se arrepiar.

Canalha: Ela pode esperar um pouco mais.

Bárbara: Anda, Renan - ela me empurrou com força, fazendo com que eu afastasse o meu corpo do dela, dando espaço para que passasse - Vem comer.

Canalha: Você? Agora, gata.

Bárbara: Você é incrível. A gente dá um dedo e tu quer o corpo inteiro! - reclamou, sentando na mesa.

Canalha: Porra, mas eu quero o teu corpo inteiro mermo. Nunca neguei isso, amor - me sentei na mesa, de frente pra ela, com o meu melhor sorriso cafajeste no rosto.

Ela bufou impaciente.

Bárbara: Aquieta o seu facho e vai comer, garoto. Eu hein, acha que a vida é só gracinha.

Canalha: Tu é mó rabugenta, né? - ela me encarou - Linda e gostosa.

Bárbara: Já me arrependi de ter saído de casa. Devia ter ficado dormindo.

Canalha: Eu vou ficar quieto - ela sorriu falsamente e começou a comer.

Fiz a mesma coisa, deixando o silêncio tomar conta do galpão por um tempo. Depois disso a gente ficou conversando sobre o trampo dela, e sobre o meu. Eu fiquei quietinho, não toquei no nome do Padilha mas tava doido pra perguntar alguma parada dele, porque ver os dois juntos hoje me incomodou de um jeito que não era pra ter incomodado. A Bárbara me falou como tava todo o corre, mas que na verdade, queria mesmo era estar junto comigo e com o Galego, assumindo o lugar dos nossos pais.

Depois de um tempo a gente voltou pro morro, era umas nove e pouco da noite. Estacionei direto na garagem de casa, e vi que a moto do meu pai ainda não tinha voltado.

A Bárbara desceu da moto, eu fiz a mesma coisa, e puxei a mão dela pra minha, mas suas unhas entraram na minha pele, fazendo com que eu me afastasse mais uma vez, e fiquei parado vendo ela entrar direto pra sala. Entrei um tempo depois, encontrando a minha mãe assistindo televisão.

Kelly: Ei, Babi - ela ficou de pé, abraçando a minha gata, cheia de sorrisinho no rosto - Que bom que você veio!

Bárbara: O Renan me convenceu - ela apontou pra mim, soltando a minha mãe.

Deixei um beijo na cabeça da minha mãe, e fui pro meu quarto, largar a chave da moto, minha carteira e a arma.

Quando voltei pra sala encontrei as duas sentadas no sofá, trocando altos papos. Minha mãe conversava com a Babi sobre a vida da minha gostosa, reclamando que fazia um tempo que elas não se viam.

Me sentei no tapete mesmo, colocando as costas no sofá, perto da perna da Bárbara e entrei no Instagram. Fiquei marolando por um tempo ali, curtindo algumas paradas, e ignorando todos os convites das gostosas.

Hoje o papai tava aposentado, só na atenção pra duas mulheres da minha vida, amanhã tudo voltaria ao normal.

Kelly: Você já comeu, Babi?

Bárbara: Já, madrinha. Você comeu? - perguntou.

Kelly: Nem consegui, sempre fico nervosa quando o Gabriel sai assim, sem falar nada.

Bárbara: Ele é macaco velho, sabe se cuidar muito bem.

Kelly: É, eu sei. Mas sempre dá um nervosinho - ela ficou de pé - Gente, vou tomar um banho e me deitar um pouco, tô morrendo de dor de cabeça.

Bloqueei o meu celular, guardando no bolso da calça.

Canalha: Qualquer coisa tu chama? Não vou sair.

Kelly: Chamo sim. Pode deixar - ela encarou a Bárbara - Dorme aqui. O Renan dorme na sala.

Bárbara: De boa, a gente se vira. Pode descansar!

Kelly: Na sala, Renan. Quero o meu filho vivo!

Fiz um joinha pra ela, e mandei beijo. A Babi riu, antes da minha mãe sair da sala, deixando nós dois sozinhos.

Saturno Where stories live. Discover now