Capítulo 40

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Último capítulo

Três anos depois

Bárbara

Terminei de me vestir e desci as escadas da minha casa aos pulos, ao ouvir o choro esganiçado da minha filha preencher o cômodo do andar de baixo.

É, isso mesmo. Minha filha.

A uns meses atrás, eu comecei a desconfiar da minha gravidez, e mesmo tomando muito cuidado pra que não acontecesse, foi constatado através de um exame de palitinhos feito às escondidas no quarto do meu namorado, que nós seríamos pais.

No começo foi um choque pra mim, porque o Renan deu pulos de alegria e jurou me amar pra sempre, a vida inteira, e disse que nada nunca ia poder nos separar.

Bom, eu tinha noção de que nada podia nos separar, porque eu era capaz de separar a cabeça de qualquer pessoa que se metesse no nosso caminho, tentando estragar a nossa relação. Mas a verdade é que eu quase estraguei tudo, pela segunda vez, quando contei pra ele que eu não queria levar a gravidez adiante, porque não conseguia me sentir mãe.

O Renan ficou bem maluco, ficamos separamos por uma semana e se pá foi a mais triste da minha vida. Aquele homem era insuportável de grudento, mas eu sentia tanta falta quando ficava longe dele.

Só depois de conversar com a minha mãe, e ela me contar como foi a minha gravidez, que eu resolvi levar tudo isso a diante e ter a minha princesinha.

Me apaixonei no momento em que eu segurei ela nos meus braços. A Estrela chegou ao mundo trazendo cor pra minha vida, pra da minha família, e completando o nosso time com chave de ouro.

Eu nem sabia dizer qual dos dois avôs babava mais nela. Era uma grande loucura quando todo mundo se juntava e era uma disputa pra pegar a Tetê no colinho.

Ela era a minha bonequinha, o amor da minha vida todinha.

Bárbara: O que você falou, pra ela começar a chorar? - perguntei pro meu namorado, tirando a nossa filha do colo dele, mas a Estrela chorou mais ainda, porque era grudenta igual ao pai - Chatinha.

Canalha: Falei que ela é minha - resmungou, pegando ela no colo de novo - Né, papai? Quem é do papai pra sempre? A vida toda? Eternamente?

Meu pai começou a gargalhar.

Nós tínhamos feito uma festinha, pra comemorar o meu aniversário, e toda a nossa família já estava presente, em volta da Estrela, é claro.

Meu pai e minha mãe estavam em pé, próximos ao Renan, igual o Salvador e a Kelly. Já o D2 e a Laura estavam sentados, ao lado do Rato e da Dani, enquanto conversavam sobre algum assunto paralelo.

Ret: Eu quero que tu passe por tudo o que eu passei, meu chapa - ele falou, esticando os braços pra pegar a minha filha, do colo do Renan - Isso te assusta ou te conforta?

O meu namorado me olhou e coçou a nuca. Sorri maliciosamente pra ele, sabendo que aquilo o assustava muito.

Salvador: Vai passar por nada disso não, vovô não vai deixar, né minha gatona?! - ele falou com ela, dando um beijo nas bochechas gordinhas e a danada riu.

O Renan abraçou a minha cintura, me dando um cheiro no pescoço, e a gente ficou na maior diversão, assistindo aquele povo todo brigando.

Ret: Quando é teu filho com a filha dos outros pode, Salvador?

Alana: Aí, Filipe, para de ser chato. Olha pra Tetê, se o Renan não fosse corajoso o suficiente pra te enfrentar, ela nem estaria aqui com a gente.

Ret: Cala essa boca, criança - resmungou, apertando ainda mais a minha filha nos braços, protetoramente.

A minha mãe se aproximou deles, e ficou brincando com a neta que começou a rir e fazer a maior festa com os avós.

O Renan me arrastou devagarinho para o lado de fora da casa, e no caminho eu vi a Bianca agarrada com o Ganso e a Lu junto com o Japa. Eles bebiam e fumavam narguilé na maior paz.

Foi uma supresa pra todo mundo quando a minha irmã começou a se envolver com o Ganso, que tinha assumido o comando do morro a pouco tempo. Eles estavam juntos a alguns meses, mas revelaram que o lance já rolava a mais de um ano, mas nem um dos dois tinha coragem de assumir o que sentia antes. Fiquei feliz pra caramba por ela, a Bianca realmente merecia alguém que desse todo o amor e carinho que ela precisava, e o Ganso parecia ser o cara disposto a mover montanhas só pra deixar ela feliz.

Nem demorou muito tempo pro Japa se assumir com a Luiza, e aí a relação já não foi muito boa. O D2 queria matar o Japa, e foi uma grande luta até que todo mundo entendesse que o garoto não era os pais que tinha, e que na verdade, tinha muito mais do pai que o criou e o criava até hoje, mesmo após saber que o "filho" foi fruto de uma traição.

O Grego era um anjo de verdade. Ele me apoiou muito na minha decisão de me tornar oficialmente uma bandida, em todos os sentidos... e deu a maior força até que o meu pai finalmente aceitasse me treinar e eu entrasse pro mundo do crime, me especializando na mira. Exatamente igual ao meu pai. O cara ficou muito grato a mim, quando eu revelei toda a verdade sobre a Fabiana pra ele. Grego matou a vagabunda sem dó, e ficou de exemplo, pra ninguém agir na trairagem com ele, porque não seria perdoado. Eu lembro que o Japa e o Ganso ficaram muito tristes com a morte da "mãe", mas eles sabiam mais do que ninguém que o certo era o certo, e que no morro existiam leis como em qualquer outro lugar, e aos poucos eles foram se acostumando com a ausência dela, e firmando cada vez mais a relação com o pai.

O fim do Grego? Se eu contar, ninguém acredita.

Dona Viviane, vulgo minha vovozinha, e ele estavam tirando férias mas Maldivas e vivendo uma grande história de amor e muita loucura... que obviamente deixava o rabugento do meu pai muito feliz. Fazia uns dois meses que eles tinham começado a viagem maluca deles, que planejava dar uma volta ao mundo, conhecendo todas as praias e lugares paradisíacos.

Canalha: O que tu tá rindo? - ele perguntou no meu ouvido, e eu neguei com a cabeça - Fala, amor.

Bárbara: Da minha avó e do Grego. Eu acho que nunca vou me acostumar, acho muito engraçado e maluco.

Ele riu, concordando.

Canalha: Eu acho que nada nessa história foi muito certo.

Bárbara: Verdade.

Me estiquei na ponta dos pés, roubando um selinho dele. O Canalha me colocou de costas para o seu corpo, e apontou para as estrelas. Lembrei que foi exatamente dessa forma que escolhemos o nome da nossa filha. Então automaticamente um sorriso brotou no meu rosto.

Canalha: Te amo até lá.

Bárbara: Até o céu? - perguntei, encarando os olhos escuros dele.

Meu gato me deu um sorrisinho e eu fiquei toda boba, perdendo a minha postura de bandida.

Canalha: Até Saturno!

Saturno Where stories live. Discover now