Capítulo 14

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Canalha

A noite mais feliz da minha vida, sem caô. Acordei antes dela, e fiquei olhando a Bárbara babando até criar vergonha na minha cara e sair do meu quarto, já todo trajado.

Minha mãe tirou o olhar da televisão pra me encarar, mas não disse nada. Eu sabia que ela tava pensando merda.

Canalha: Eu dormi na sala - já fui logo tratando de mentir.

Kelly: Sério? - debochou - Então acho melhor a gente ver o que aconteceu com a Babi, porque a tua cama não parava de bater na parede, noite passada.

Canalha: Ela deve ter tido um pesadelo - me sentei do lado da bonita, beijando seus cabelos - Melhor dia da minha vida.

Kelly: Cara, vocês não fizeram isso que eu tô pensando, né?

Eu dei de ombros.

Canalha: Ninguém me matou ainda. Achei que eles fossem ser mais rápidos.

Salvador: Quem fosse ser mais rápido?

Quase caí pra trás quando ouvi a voz do meu pai, entrando pela porta de casa, igual uma assombração. O Ret estava logo atrás dele, junto com a Alana, e eu engoli seco, sabendo que aquele era o meu fim.

Alana: Quem tá querendo te matar, Canalha? - ela perguntou, estranhando.

Engoli seco, perdendo a voz.

Minha mãe soltou uma risada e foi abraçar o meu pai, depois fez o mesmo, puxando o Ret e a Alana pra um abraço só.

Kelly: Caralho, vocês amassaram nesse, hein. Achei até que fossem demorar mais tempo pra voltar.

Ret: Helicóptero fretado de lá pra cá. Foi mole voltar com os malote.

Canalha: Onde vocês foram? Como foi o bagulho?

Salvador: Tu não viu a televisão ou internet hoje não?

Neguei com a cabeça.

A Alana se aproximou de mim, ligando a televisão, e sentando ao meu lado no sofá. Ela puxou o Ret também, e eu fiquei desconfortável pra porra, sem nem me mexer. Eles ali do meu lado, e a filha deles dormindo lá no meu quarto.

- Não se fala em outra coisa além da noite de terror que os moradores de Criciúma, na região Sul de Santa Catarina, enfrentaram na última madrugada. Por volta das duas horas da manhã, bandidos fortemente armados invadiram a cidade, saqueando lojas, alvejaram uma base militar no centro da cidade, e fizeram cerca de dez cidadãos de reféns - olhei pro meu pai, que sorria orgulhoso - O maior alvo foi o banco central da cidade, onde os bandidos passaram cerca de trinta minutos, e estimasse que conseguiram roubar cerca de oitenta milhões de reais do cofre bancário.

Canalha: Oitenta milhões? - eu praticamente gritei, olhando pra eles, sem nem acreditar - Porra, vocês estão zoando?

Salvador: Só pra gente se aposentar em grande estilo.

Canalha: Oitenta milhões é muita grana, porra. Como vocês conseguiram isso?

Ret: Nossa tropa é braba, mané. Qual foi?!

Alana: Estamos oficialmente com a aposentadoria garantida. E passando o cargo pra vocês - ela falou, me olhando.

Canalha: Amassaram demais, tá maluco! - fiquei de pé, abraçando o meu coroa, que comemorou pra caralho.

Soltei o meu pai, e olhei pra Alana e pro Ret, que tinham uma expressão indecifrável no rosto, e olhavam por cima do meu ombro. Me virei de costas pra ele, encontrando a Babi com a mesma roupa que ela vestia ontem, quando eu fui buscar ela em casa, e com a maior cara de sono do mundo.

Bárbara: Oi, gente. O que vocês estão fazendo aqui?

Ret: Que porra tu tá fazendo aqui? - ele já ficou de pé, gritando.

Kelly: Gente... calma! A Babi veio dormir aqui, porque eu pedi, entenderam? Só isso. A gente jantou, e depois assistimos um filme e ela foi dormir no quarto do Renan - o olhar do Filipe e do meu coroa caíram encima de mim na hora, e eu soei frio, implorando por pensamentos para que a minha mãe continuasse a falar o mais rápido possível - Ele dormiu comigo no quarto, fiquei de olho, fiquem tranquilos.

Canalha: Eu sou novo demais pra morrer.

A Babi se aproximou do pai, andando devagar até ele, e abraçando ele com um braço, e a Alana com o outro.

Bárbara: Não cria caso, por favor. A gente estava de boa aqui - ela murmurou - A Bibi foi dormir na Luiza, eu achei melhor vir dormir aqui e deixei a vó ir aproveitar a noite com as amigas.

Ret: Tu ficou de piadinha pra cima dela? - ele perguntou, olhando pra mim - Cara, eu já falei que te mato!

Bárbara: O Canalha não fez nada, ele ficou de boa - ela nem me deixou falar - Você não precisa surtar com isso.

Ret: Como que eu não vou surtar contigo dormindo debaixo de um teto com marmanjo?

Kelly: Eu estava aqui também e não aconteceu nada - ela falou - Vocês querem ficar aqui pra almoçar?

A Alana negou.

Alana: A gente vai pra casa descansar um pouco. A noite comemoramos a vitória.

Bárbara: Quero saber de tudo - ela pediu, ainda agarrada com o pescoço do Ret, que não tirava os olhos de mim.

Dei um sorrisinho maneiro pra ele.

Aquele mano não tinha nem um pinto. Era um pincel mermo, pra fazer obra prima sem nenhum defeito.

Ret: Em casa. Vamo bora.

Bárbara: Deixa eu pegar o meu celular - ela entrou correndo na direção do meu quarto de novo, e voltou com o celular nas mãos, indo direto abraçar a minha mãe - Obrigada, Kelly. Eu estava com saudade.

Minha mãe sorriu fraquinho.

Kelly: É só aparecer mais vezes, dona Babi.

Ela concordou com a cabeça, prometendo que viria. Eu fiquei na minha, e assim permaneci, porque não tava com muita moral pra fazer graça, e no meu cu não passava nem uma agulha.

A Babi abraçou o meu pai, também se despedindo, e saiu, me lançando um último olhar estranho, como se não entendesse a minha reação.

O Ret e a Alana também se despediram, e foram embora, prometendo que voltariam mais tarde, para comemorarmos.

Foi só a porta ser fechada que eu vi o seu Gabriel cruzando os braços.

Kelly: O que foi?

Salvador: Tu nem sabe mentir, pô - ele me encarou serinho e meteu um tapão na minha cabeça  - Tu tá de tiração com a minha cara, Renan? Que merda rolou aqui?

Saturno Where stories live. Discover now