Capítulo 25

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Bárbara

O Padilha me mandou mensagem perguntando se eu ia pro baile. Não respondi, porque nem tinha decidido ainda e no fim das contas a minha intuição me falava que eu não deveria fazer isso... mas foda-se, estava extremamente irritada com o Canalha, mesmo sem poder exigir nada.

A gente havia combinado que seria uma relação sem cobrança, sem compromisso... não vou admitir em voz alta, mas não posso dizer que fiquei feliz em saber que, horas depois de eu ter arriscado a minha vida com ele no banheiro, o filho da mãe desenrolou outra pra comer o restante da noite.

De certa forma, eu já tinha visto como ele ficava quando eu falava do Padilha, e vou confessar que meio que eu estava querendo fazer por vingança e pirraça.

Claro que não seria nenhum esforço, eu também queria muito pegar ele, o cara era um gato... mas era arriscado pra caralho.

Com a falta de resposta, o Padilha me mandou uma nova mensagem, dizendo que tinha pego um camarote pra curtir o show do DJ no baile, e se eu quisesse, era só colar lá no camarote que ele me colocava pra dentro.

Mandei toda a pouca vergonha que eu tinha na minha cara embora, e fui me trajar toda linda e gostosa pra esse evento.

Torci pro Canalha estar lá, e chorar lágrimas quando eu passasse, e por isso caprichei um tiquinho mais na produção.

Odiava usar vestido em baile, não fazia muito o meu estilo, mas pra ocasião eu roubei um vestido de tubinho de alça, na cor roxa, da minha irmã.

Avisei aos meus pais que eu ia pro baile com a Beatrice, meu pai já ia encher o saco, e falar várias baboseiras no meu ouvido, mas ele estava todo atencioso com a minha mãe. Saquei que era só medo de que ela ficasse mal, afinal, tínhamos matado o doador de esperma dela. Mas a bonita tava se saindo bem, sem demonstrar nenhuma fraqueza ou arrependimento.

O morro estava um fervo, gente subindo e descendo pra todo lado. Pedi uma carona pro Luquinhas, mas ele aloprou pra caralho a minha cabeça dizendo que a gasolina tava cara, até aceitar e me buscar em casa.

A Beatrice estava com ele no carro, achei fofo, eles não costumavam curtir esse tipo de evento juntos porque até um dia atrás o relacionamento era um segredo, e também porque sempre acaba em briga, discussão e vacilo. O Lucas era porra louca e a Bea era ciumenta pra caralho. Eles me perguntaram se eu queria ficar junto com eles, e com os amigos deles. Mas eu imaginei que o Canalha pudesse estar junto, então no fim das contas recusei e fui procurar o tal camarote do Padilha.

Não tinha mandado mensagem nenhuma pra ele, queria pegar de surpresa, mas no fim das contas, quem ficou surpresa fui eu, ao ver a quantidade de gente que ele tinha enfiado dentro do espaço do camarote.

O Padilha era o gerente de boca mais novo do morro, e além de tudo era lindo e gostoso, as marias fuzil caiam em cima mesmo, dele e dos amiguinhos, mas principalmente dele. O cara não tinha fiel, não tinha filho, não tinha família e só subia no movimento, crescia o olho de qualquer uma delas.

Broxei completamente ao ver aquilo. Nem queria me prestar ao papel... então virei as costas, pronta pra ir embora, antes de ser reconhecida por alguém.

Mas antes que eu pudesse dar um passo pra longe do camarote, um dos vapores, o menino que devia ter uns quinze anos e fazia a segurança do camarote, puxou o meu braço.

Fiz cara feia pra ele, tirando a minha mão de seu aperto.

- Calma, moça. Chefe pediu pra esperar que tá descendo pra falar contém tu - ele falou, apontando pro radinho nas mãos.

Cruzei os braços e olhei por cima do ombro dele, vendo o Padilha descer as escadas do camarote com um sorrisão no rosto.

Padilha: Tu veio, pô.

Ele se aproximou, colocando a mão na minha cintura e me puxando pra perto, pra me dar um beijo no rosto. Senti um friozinho na barriga com o ato.

Bárbara: Vim.

Padilha: Nem me respondeu, devia ter falado que eu te pegava em casa.

Lembrei de casa e dei um passo pra trás, me afastando um pouco, antes que Zé povinho fizesse chegar nos ouvidos do meu pai que eu tava rendendo papo pra bandido no baile.

Bárbara: Vim de carona, nem esquenta - cocei a cabeça, olhando em volta. Nem vi quando o Vapor voltou pra posição de antes, se afastando da gente e ficando perto da escada - Ah, minha amiga tá me esperando. Vim só dar um oi.

O sorriso dele sumiu.

Padilha: Para, Babi. Que isso? Te convidei pra curtir o baile comigo.

Bárbara: Deixa pra próxima.

Padilha: Qual o B.O? - ele cruzou os braços.

Eu dei de ombros.

Bárbara: Nenhum.

Padilha: Fala, pô. Eu ajeito. Quero curtir com tu hoje.

Bárbara: Não é nada, Padilha. Tá tranquilo... eu só não curto muita muvuca, se ligou?

Ele assentiu lentamente, desviando o olhar do meu, pra encarar as minhas pernas.

Padilha: Tô ligado. Mas foda-se... já falei que quero curtir na tua presença - ele olhou pro menorzinho e fez sinal pro moleque se aproximar - Ae, meu parceiro, faz todo mundo sair. Não quero ninguém lá em cima. Manda ir arrumar outro pra bancar.

- Jaé, Chefe - ele concordou, e subiu as escadas, indo mandar todo mundo sair do camarote.

Eu neguei, olhando pro homem na minha frente.

Bárbara: Padilha, para com isso, pô. Eu tô de boa. Nem tô muito no clima pra curtir.

Ele puxou a minha mão, me colocando em frente ao seu corpo e me empurrando em direção a escada do camarote. As pessoas desciam, as mulheres me olhavam com raiva, algumas ainda tentavam falar com ele, mas eram completamente ignoradas.

Padilha: Tô falando que eu quero curtir contigo. Nós vai curtir com um camarote só pra nós dois, Babi. Na maior paz.

Saturno Where stories live. Discover now